Quando uma ocorrência é reportada, um alarme é acionado na central, desencadeando uma resposta imediata da Polícia Militar e Guarda Municipal
A Avenida Amoreiras, que atravessa o Bairro São Bernardo, é uma das vias de intenso fluxo de veículos que são produtos de atividades criminosas, como furtos e roubos; São Bernardo liderou o ranking com 69 acionamentos no ano passado (Alessandro Torres)
O Sistema Inteligente de Monitoramento Veicular de Campinas (SIMVECAMP) opera como uma ferramenta de vigilância proativa - nos moldes de um "Big Brother - voltada para o combate ao crime, especialmente o roubo e furto de veículos. Com uma rede de câmeras abrangendo 300 pontos em toda a cidade, o SIMVECAMP, vinculado à Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp), realiza a vigilância das placas de veículos automotores e comerciais. Quando uma ocorrência é reportada, um alarme sonoro é acionado na central, desencadeando uma resposta imediata da Polícia Militar e da Guarda Municipal. Somente no ano de 2023, foram registradas 553 ocorrências desse gênero, com alguns veículos identificados em múltiplos locais monitorados.
Os bairros São Bernardo, Centro, Jardim Ipaussurama, Jardim Aurélia e Chácara Campos dos Amarais são as áreas que apresentaram o maior índice de veículos roubados e furtados circulando. De acordo com as estatísticas, a Cimcamp registrou um total de 553 alarmes acionados em toda a cidade, o que representa uma média de 1,52 alarmes por dia relacionados a veículos transitando em vias desses bairros. São Bernardo liderou o ranking com 69 acionamentos, seguido pelo Centro com 46, Jardim Ipaussurama com 44, Jardim Aurélia com 28 e Chácara Campos dos Amarais com 17.
Atualmente, a cidade dispõe de 300 pontos de vigilância, cobrindo um total de 546 faixas monitoradas. O sistema da Cimcamp não só auxilia na localização de veículos roubados ou furtados, mas também ajuda a determinar se foram utilizados em outras atividades criminosas. Inicialmente implantado em meados de novembro de 2014, o sistema passou por um processo de modernização a partir de julho de 2022, resultando em registros mais eficazes.
Entre julho e dezembro de 2022, foram registrados 309 alarmes, enquanto em todo o ano de 2023 houve 553 alarmes, totalizando 862 ocorrências nos dois períodos. No mesmo período de 2022, os cinco bairros com maior registro de circulação de veículos roubados e furtados foram Jardim do Trevo (54 ocorrências), Centro (39 ocorrências), Jardim Conceição (24 ocorrências), Bonfim (18 ocorrências) e São Bernardo (11 ocorrências).
Segundo o secretário de Segurança Pública Municipal, Christiano Biggi Dias, os bairros com maior número de acionamentos são aqueles com intenso fluxo de veículos, principalmente por serem áreas de acesso às rodovias. Um exemplo disso é São Bernardo, atravessado pela Avenida Amoreiras e adjacente ao Jardim do Trevo, cortado pela Avenida Prestes Maia, que concede acesso às rodovias Anhanguera, Santos Dumont e Lix da Cunha (antiga Estrada Velha Indaiatuba). Ambos os bairros lideraram o ranking em 2023 e 2022, respectivamente.
Os bairros Jardim Ipaussurama e Aurélia são atravessados pelas avenidas John Boyd Dunlop e também contam com vias que conectam outros bairros nos distritos de Campo Grande e Ouro Verde. Por sua vez, Chácara Campos dos Amarais está localizado em uma região servida pelas rodovias Dom Pedro e Zeferino Vaz, além da Avenida Comendador Aladino Selmi.
"Observamos uma maior incidência de veículos de interesse criminal, os chamados veículos furtados ou roubados, nestes bairros primeiramente devido à proximidade do Jardim do Trevo com a Rodovia Anhanguera e por ser uma das principais entradas da cidade, a Avenida Prestes Maia, que registra intenso fluxo de veículos. Portanto, é uma via de acesso crucial que conecta diversos bairros", explicou Biggi.
O secretário ressalta que, embora o fácil acesso possa ser um indicador significativo dessa alta incidência, não é conclusivo afirmar que esses bairros são os mais propensos a registrar crimes de furto e roubo de veículos. Isso se deve à necessidade de um mapeamento detalhado das ocorrências criminais, uma vez que a natureza do crime é dinâmica e sua incidência pode variar conforme o direcionamento das patrulhas policiais.
"O crime não acaba; ele apenas migra. É improvável que uma ação policial ou da guarda ponha fim a uma prática criminosa. Assim, ela tende a migrar para outros bairros, outras cidades e além. Por isso, este sistema é algo que temos promovido não apenas em nossa cidade, mas sua integração tem contribuído significativamente para a construção da 'Muralha Paulista'. Entendemos que deve ser uma ferramenta de gestão e inteligência preventiva em um contexto muito mais amplo do que apenas o município", explicou.
Segundo Biggi, ainda este ano, está prevista a instalação de aproximadamente mais 100 câmeras na cidade para fortalecer o sistema de fiscalização eletrônica. O projeto está atualmente em fase de instalação dos equipamentos. "A aquisição de novas câmeras é uma prioridade constante da secretaria, pois elas são cruciais tanto para elucidar crimes quanto para preveni-los", justificou o secretário municipal de segurança.
Esses novos equipamentos integrarão outras funcionalidades, como o reconhecimento facial, que posteriormente poderão ser utilizados com softwares analíticos para diversas outras finalidades.
Um exemplo recente desse monitoramento por câmeras que resultou na identificação e detenção de um suspeito de furto de veículos ocorreu no início deste mês. A Guarda Municipal (GM) foi alertada sobre um carro furtado na região do Jardim Florence, que havia sido visto circulando em Hortolândia pela manhã. Mais tarde, no mesmo dia, o sistema de vigilância identificou o veículo na Avenida Ruy Rodrigues, com uma parada em uma borracharia no Jardim Yeda. Uma equipe foi enviada ao local e constatou que o condutor do veículo era o filho do proprietário, que planejava trocar o veículo por drogas em um ponto de tráfico. O indivíduo estava negociando o pneu sobressalente.
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