CONTROLANDO OS RISCOS

Shoppings devem incrementar a segurança, dizem especialistas

Segundo eles, a organização criminosa no país está tão bem aparelhada que os bandidos estão mais ousados

Alenita Ramirez/ [email protected]
29/06/2022 às 08:12.
Atualizado em 29/06/2022 às 08:12
Fachada de uma das joalherias do Parque D. Pedro Shopping que foram assaltadas no sábado: empreendimento informou que reforçou a segurança (Gustavo Tilio)

Fachada de uma das joalherias do Parque D. Pedro Shopping que foram assaltadas no sábado: empreendimento informou que reforçou a segurança (Gustavo Tilio)

Embora os shoppings centers sejam considerados locais relativamente seguros para se frequentar, nos últimos anos até mesmo eles se tornaram redutos frágeis frente a ousadia da criminalidade. Para especialistas em Segurança Pública ouvidos pelo Correio Popular nesta segunda reportagem sobre segurança e criminalidade em shoppings, apesar de a segurança patrimonial nesses centros comerciais ser boa, ela não é suficiente para intimidar ou inibir a ação de criminosos. Tanto especialistas como frequentadores defendem que esses empreendimentos devem investir em projetos e planos estratégicos em segurança que minimizem os riscos.

“Na verdade, não existe local totalmente seguro. O que existem são locais com índices de minimização de riscos maiores ou menores e, com certeza, os shoppings, comparados a outros ambientes comerciais, ainda têm a seu favor a minimização desses riscos em níveis razoavelmente aceitáveis”, comentou o especialista em segurança, Adalberto Santos. 

“As pessoas confundem sentimento de segurança com a efetiva segurança. Muitos podem estar em um local extremamente inseguro e se sentirem seguras, assim como a ordem inversa também é verdadeira”, acrescentou. 

Campinas, com mais de 1,2 milhão de habitantes, conta com seis grandes shoppings centers, que recebem frequentadores, em sua grande maioria, da Região Metropolitana de Campinas (RMC). 

Apesar de não entrar em detalhes sobre o planejamento de segurança, esses empreendimentos garantem que a segurança é ponto primordial e as equipes são constantemente treinadas para qualquer tipo de situação. 

O outro lado

Em nota, o Iguatemi Campinas e o Galleria Shopping ‘informam que segurança é prioridade de todos os nossos empreendimentos. As equipes são constantemente treinadas e os procedimentos reforçados, a fim de proporcionar o bem-estar de todos os clientes, lojistas, colaboradores e parceiros”.

Já o Parque D. Pedro Shopping informou “que continua com a segurança reforçada e ainda em fase de levantamento das imagens para colaborar com as investigações” sobre o roubo que ocorreu no último sábado.

Organização bem estrutura

Para o coronel Elias Miler, presidente do Conselho Deliberativo da Associação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo (Defenda-PM) e diretor legislativo da Federação Nacional das Entidades de Oficiais Militares Estaduais (Feneme), apesar de os shoppings contarem com equipes de segurança patrimonial, ainda assim não é suficiente para uma boa segurança. “A organização criminosa no Brasil está tão bem estruturada que os bandidos estão muito atrevidos. Isso se deve, em boa parte, ao armamento que eles dispõem e também à fragilidade nas leis. Eles têm tanta certeza da impunidade que ousam”, afirmou. 

“Os criminosos estão migrando para esses centros de compras porque eles subjugam os vigilantes. Eles já chegam se colocando como superiores. Enquanto vigilantes estão com revólveres, os assaltantes chegam com fuzis”, ressaltou.

Todo lugar está arriscado

Frequentadora de shoppings, a dona de casa, Fabiana Francelino da Silva, de 40 anos, moradora em Nova Odessa, garante que o assalto no Parque D. Pedro Shopping não a intimidou. Para ela, o espaço é público e está sujeito a crimes como qualquer outro. 

“Bancos, casas lotéricas e mercados são alvos de criminosos e temos que ir neles. Então, não vejo motivo para deixar de ir ao shopping. Entretanto, acho que esses locais têm de investir mais em segurança”, comentou.

As amigas Brenda Cristina Silva de Jesus e Fátima Letícia, ambas de 18 anos e estudantes, contaram que ficaram com medo, mas, ainda assim, acreditam que o assalto foi pontual e que não pretendem deixar de ir em shoppings. 

Suspeito detido

Policiais da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG), ligada à Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), de Campinas, já está analisando o celular de um jovem, de 24 anos, que foi detido pela Polícia Militar (PM), na noite de anteontem. 

Ele é suspeito de participação no assalto a duas joalherias no Parque D. Pedro Shopping, no sábado, e foi detido depois de ser reconhecido por uma vítima de um roubo a veículos, em outra situação, um dia depois do assalto no centro comercial.

A detenção do acusado se deu no bairro Núcleo Residencial Nossa Senhora Aparecida. Um informante teria levado os agentes ao suspeito. Segundo a PM, o jovem tentou fugir, mas foi abordado e confessou ter participado do assalto no shopping. No entanto, não deu detalhes de sua participação no crime. 

Além do assalto nas lojas do shopping, ele confessou ter roubado um carro modelo Hyundai Santa Fé na noite do domingo, no bairro Cambuí. O veículo estava em uma garagem e, após ser apreendido, foi reconhecido como autor do crime, sendo levado à 2ª Delegacia Seccional, onde foi indiciado pela Polícia Civil pelo roubo. 

Os policiais da DIG também estão com os celulares de outros quatro criminosos envolvidos na ação criminosa, sendo que três deles foram presos em flagrante. Um morreu depois de ser baleado durante o confronto com os seguranças do shopping. Todo o material recolhido, como veículos, armas e celulares estão sendo periciados.

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