CRIME MACABRO

Segundo envolvido na morte brutal de mãe e filho é preso

Aristides Moranza Neto admitiu à polícia ter auxiliado o autor dos assassinatos a esquartejar corpos A Polícia Civil de Hortolândia

Alenita Ramirez/ [email protected]
19/10/2023 às 09:46.
Atualizado em 19/10/2023 às 09:46
Aristides Moranza Neto ajudou o primo a se desfazer dos corpos no canavial (Redes Sociais)

Aristides Moranza Neto ajudou o primo a se desfazer dos corpos no canavial (Redes Sociais)

O caso "mãe e filho" de Hortolândia, que comoveu a cidade após o brutal assassinato ocorrido no dia 3 de outubro de 2023, teve mais um desdobramento na terça-feira (17). Na ocasião, agentes do 2º Distrito Policial (DP), situado no Jardim Amanda, efetuaram a prisão de mais uma pessoa sob suspeita de envolvimento no homicídio da corretora de imóveis Fernanda Silva Bim, de 44 anos, e de seu filho, o arquiteto Maurício Silva Ferreira, de 24 anos. O indivíduo detido foi identificado como Aristides Moranza Neto, 39 anos, primo de César Francisco Moranza Júnior, 53 anos.

Conforme relato dos policiais, Neto nega qualquer participação na morte das vítimas, embora tenha admitido ter sido convocado pelo autor do crime para se desfazer dos corpos. Adicionalmente, as autoridades informaram que o suspeito teria auxiliado o autor no macabro ato de esquartejar os corpos. Na semana anterior, César havia negado a acusação de desmembramento, alegando ter apenas disparado uma arma de fogo contra mãe e filho.

Os depoimentos do autor do crime e do primo apresentam contradições significativas, com versões conflitantes. Na terça-feira à tarde, o delegado encarregado do caso, Yan Loui Adania de Queiroz, e os investigadores planejavam interrogar a mãe das vítimas, a aposentada Delma Aparecida da Silva Bim, 67 anos, que teria recebido alta médica.

A identificação dos suspeitos foi possível graças às imagens das câmeras de segurança que registraram as vítimas adentrando a residência de César no dia do desaparecimento. Após a primeira vistoria no local, os agentes não encontraram vestígios relevantes, mas retornaram posteriormente com equipamentos avançados que permitiram localizar o estojo da bala de uma pistola, supostamente utilizada no crime. Além disso, foram identificados vestígios de sangue na casa.

Mãe e filho foram brutalmente executados no jardim da residência de César, onde a grama foi meticulosamente cortada para eliminar quaisquer vestígios de sangue. Além disso, traços de sangue foram identificados tanto no veículo das vítimas quanto no carro de César, uma EcoSport. A polícia suspeita que ambos os automóveis foram utilizados para transportar os corpos, e a execução de Fernanda e Maurício teria durado menos de sete minutos, conforme indicam as imagens do momento em que César entrou e saiu da propriedade.

Em seu depoimento na semana passada, César inicialmente negou ter desmembrado as vítimas, alegando posteriormente que uma pessoa, cuja identidade não revelaria, teria realizado tal ato. Seu primo, por sua vez, optou por não fornecer detalhes sobre o crime e encontra-se detido mediante mandado de prisão preventiva. Vale ressaltar que Neto possui antecedentes criminais por envolvimento com tráfico de drogas na Bahia.

CONTRADIÇÕES

Apesar da prisão dos dois suspeitos, o desenrolar do caso continua sendo alvo de investigação devido às versões conflitantes apresentadas pelos envolvidos. Na semana passada, de acordo com Queiroz, César confessou inicialmente ter assassinado as vítimas em decorrência de uma dívida de R$ 17 mil, afirmando que as executou com disparos de arma de fogo. Os corpos, esquartejados e em avançado estado de decomposição, foram encontrados em um canavial em Santa Bárbara d'Oeste em dias distintos. Notavelmente, membros como pernas e braços não foram recuperados.

Apesar de negar seu envolvimento no ato de esquartejar, o suspeito está sob escrutínio da Polícia Técnico-Científica, que realizou coletas de material genético. A análise visa determinar se a ausência de membros pode ser atribuída à ação de animais ou se resultou de ações violentas, como uma possível sessão de tortura. A espera pelo laudo é uma etapa crucial para esclarecer essa questão.

Até o momento, apenas o corpo de Maurício foi liberado para o sepultamento, enquanto a família aguarda a liberação do corpo de Fernanda. Este processo está condicionado à emissão de um laudo de DNA, que será determinante para confirmar a identidade da vítima. A família anseia por poder realizar o sepultamento conjunto da mãe e do filho tão logo todos os trâmites forenses sejam concluídos.

DÍVIDA

César justifica os assassinatos alegando uma dívida de R$ 17 mil. No entanto, Queiroz duvida da veracidade desse valor, pois há indícios de que a cifra ultrapassaria os R$ 100 mil, conforme conversas reveladas durante a investigação. A apuração indicou uma significativa movimentação financeira tanto na conta do suspeito quanto na de Fernanda, embora César tenha se esquivado de esclarecer esse volume às autoridades. O delegado não descarta a possibilidade de envolvimento do autor com agiotagem. 

CRIME

Fernanda e seu filho desapareceram no dia 3 de um local próximo ao zoológico de Sumaré, onde se encontraram com César, residente na região. O corpo de Maurício foi descoberto em 6 por um transeunte em um carreador de um canavial, situado na área rural entre Americana e Santa Bárbara d'Oeste. O jovem estava sem as pernas e exibia sinais de tortura, em estágio avançado de decomposição. A confirmação de sua identidade ocorreu em 10, por meio de exame de DNA e papiloscopia.

O corpo de Fernanda foi localizado no mesmo dia da confirmação da identidade de Maurício, poucos metros distante. A revelação detalhada do crime por parte de César orientou a polícia até o cadáver. Para confirmar a identidade de Fernanda, material genético foi enviado a São Paulo para análise. O corpo dela, assim como o de Maurício, estava desprovido dos membros inferiores, braços e arcada dentária. Em decorrência disso, a família aguarda a identificação formal de Fernanda antes de proceder com o sepultamento conjunto dos corpos.

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