COMBATE AO CRIME

Sediado em Campinas, 1º Baep completa dez anos

Aniversário do Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar de São Paulo foi no dia 6 de janeiro

Alenita Ramirez/ [email protected]
14/01/2024 às 10:14.
Atualizado em 14/01/2024 às 10:14
Batalhão conta com Canil formado por 11 cachorros da raça Pastor-belga-malinois; eles são acionados para atuar em patrulhamento de área, na fiscalização de bagagens no Aeroporto Internacional de Viracopos e em operações da Polícia Militar Rodoviária realizadas em ônibus e veículos (Divulgação)

Batalhão conta com Canil formado por 11 cachorros da raça Pastor-belga-malinois; eles são acionados para atuar em patrulhamento de área, na fiscalização de bagagens no Aeroporto Internacional de Viracopos e em operações da Polícia Militar Rodoviária realizadas em ônibus e veículos (Divulgação)

O 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep) de São Paulo, sediado em Campinas, completou dez anos, no último dia 6, com um histórico que mescla experiência, sucesso em ações de “guerra”, avanço em aquisição de equipamentos e especialização de seus policiais. Foi com o nome de "Tropa de Choque" que ele nasceu, no dia 11 de março de 2013, como experimento do Comando da PM. A missão: combater o crime organizado. A escolha de Campinas para receber o projeto-piloto se deu pelas características da região, que é composta por um dos maiores entroncamentos de malha viária do Brasil, o maior aeroporto internacional de cargas da América Latina, além de abrigar grandes empresas, universidades e uma densidade populacional muito grande. 

A primeira tropa especial foi constituída com a centralização das companhias de Força Tática dos três batalhões de policiamento de área de Campinas, que são o 8º Batalhão de Policiamento Militar do Interior (BPMI), o 35º BPMI e o 47º BPMI, do Canil, da Cavalaria e Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas). Na época foi necessário extinguir tanto a Força Tática como a Rocam para alocar seus homens na nova unidade, mas há aproximadamente três anos elas voltaram, com novas equipes, a funcionar dentro de cada batalhão.

 A transformação de Tropa de Choque para Baep se deu por decreto no dia 6 de janeiro de 2014. Depois disso, a exemplo da unidade campineira, que tem sede na Avenida do Ipiranga, no bairro Ponte Preta, outros 14 batalhões especiais foram implantados em outras regiões do estado.

"Graças à especialização dos nossos policiais, do sucesso da nossa atuação, seja em eventos futebolísticos, manifestações públicas, na desarticulação do crime organizado, no apoio aos outros órgãos, conseguimos diminuir o número de crimes e também viabilizar que outros policiais permaneçam no policiamento regular, rotineiro. Ou seja, hoje a gente consegue fazer os mesmos eventos com uma quantidade menor, mas com um policial mais especializado", justificou o subcomandante interino do 1º Baep, capitão da PM Raphael Antunes Ribeiro.

 O 1º Baep atua em 38 municípios que integram o Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI-2), que abrange a região de Campinas, Jundiaí, Bragança Paulista e Mogi Mirim.

Quando começou como projeto-piloto, logo nos primeiros meses, a Tropa de Choque foi colocada à prova em diversas ações de manutenção da Ordem Pública. Uma delas foi a manifestação no dia 20 de julho de 2013, em frente à Prefeitura de Campinas, que terminou com pelo menos 15 feridos e reuniu aproximadamente 35 mil pessoas. A tropa precisou usar gás e bomba para controlar os ânimos de manifestantes que atiravam pedras contra o Paço Municipal.

Dezoito dias depois, a tropa teve que retirar cerca de 100 manifestantes que invadiram a Câmara Municipal em protesto que pedia a tarifa zero nos ônibus. Eles tomaram o local por cerca de 5h. Teve confusão, pichação e quebraquebra. "Essa foi uma atuação extremamente delicada, porque eram estudantes que se recusavam a sair. Tivemos que fazer a retirada sem o uso da força moderada", lembrou o capitão Raphael.

Após o reconhecimento das ações da tropa, e já como Baep, o grupo especial atuou em ações de destaque, como a desarticulação de uma quadrilha que estava a caminho de atacar agências bancárias em Joanópolis, em março de 2018. O bando foi descoberto durante investigações do setor de inteligência da PM e os agentes montaram um cerco na estrada que liga Joaquim Egídio a Valinhos. Eles ficaram no aguardo do grupo. Houve uma intensa troca de tiros e sete criminosos foram mortos. Nenhum policial foi ferido. A ação culminou na apreensão de um arsenal com bombas, armas de calibre 12, pistolas, metralhadoras, fuzil e munições.

O Batalhão também apoiou e participou das buscas por criminosos que assaltaram o Aeroporto Internacional de Viracopos em outubro de 2019. Recentemente, os policiais participaram da investigação e ação com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), contra o tráfico de drogas. A ação começou em Jaguariúna e teve desfecho em Campinas, onde foi descoberto um esquema atípico dos traficantes. Eles usavam a tubulação de água pluvial e também uma cooperativa de transporte urbano para lavagem de dinheiro.

Ao longo da primeira década, a atuação do 1º Baep foi reconhecida não somente pela corporação, mas também pelo Gaeco e pela Polícia Federal (PF), que passaram a solicitar apoio em diversas investigações e operações.

"Com o sucesso das missões que nos foram desempenhadas no início, houve uma evolução nas atribuições, na nossa capacidade operativa. Ou seja, com o resultado de prisão de marginais, de apreensão de armas, de drogas, outros órgãos passaram a reconhecer nossa capacidade e passaram a pedir o nosso apoio, visando à prisão e à desarticulação de criminosos de alta patente no crime organizado", enfatizou o subcomandante interino.

O Ministério Público (MPSP) é um dos exemplos de instituição que tem no Baep o braço operacional para o desenvolvimento de operações voltadas à prisão de criminosos de facções e na desarticulação de pontos de tráfico.

Além de homens bem treinados e capacitados, o batalhão conta com a Cavalaria, com plantel de 18 cavalos – dois deles em processo de aposentadoria - que fazem o patrulhamento na região central de Campinas e, se necessário, em outras cidades. Esses animais vivem em baias dentro do quartel e são cuidados por agentes especializados que fazem desde o trabalho de podologia até o treinamento deles. “A Cavalaria é muito usada no combate ao crime e ela existe há muito anos na PM”, disse o cabo da PM Cleiton Gonçalves, que está há oito anos na Cavalaria do Baep.

Também há no quartel o Canil, com 11 cachorros da raça Pastor-belga-malinois que são usados em patrulhamento de área, na fiscalização de bagagens no Aeroporto Internacional de Viracopos e em operações, realizadas em ônibus e veículos, da Polícia Militar Rodoviária. Os animais recebem treinamento com os policiais e contam com os cuidados de um policial médico veterinário. “Nós treinos usando experiências que os policiais encontram nas ocorrências, com a criação de um cenário semelhante ao deparado nas ruas. Os cães são treinados para atender a qualquer tipo de ocorrência”, frisou o cabo cinotécnico Paulo Rogério Matias.

Além das missões no combate a criminosos, o 1º Baep também promove eventos que insere a comunidade em suas atividades, como as visitas de escolas e de entidades de apoio às crianças carentes nas unidades de Canil e Cavalaria. As visitas são agendadas pelo setor de Relações Públicas do Batalhão. Na atividade, além da visita aos animais nas baias, apresentações são realizadas.

Desde a formação do 1º Baep, estiveram à frente do batalhão campineiro os comandantes, tenente-coronel Nelson Vicente Coelho, o primeiro que ficou desde o projeto-piloto até 6 de janeiro de 2017. Marci Elber Maciel Rezende da Silva, de 6 de março de 2017 a 6 de junho de 2018; Fagner Alexandre Pompiani, de 5 de junho de 2019 a 3 de julho de 2021; Robinson Pomilio, que ficou de 26 de agosto a 27 de agosto de 2022 e André Luiz Pacheco Pereira, que comandou o Baep de 28 de agosto de 2022 a 19 de outubro de 2023. Todos eles se aposentaram na corporação. Para o tenente-coronel aposentado, André Luiz Pacheco Pereira, comandar uma unidade da Polícia Militar é sempre um desafio e uma grande satisfação, mas comandar o 1º Baep foi um aprendizado fantástico para ele, já que teve a honra de estar à frente de uma unidade aguerrida e composta por policiais comprometidos que têm muito orgulho de pertencer ao Batalhão.

“Ver o Baep completar dez anos de existência é um grande orgulho, pois tive a oportunidade de fazer parte desta história, construída com muito sacrifício e muito empenho pelos policiais do passado, que hoje é mantida e aprimorada pelos atuais componentes com paixão e lealdade”, disse Pereira.

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