Segundo registros da SSP, foram 14 casos no mês retrasado e 21, no passado, no município
Os ataques mais comuns nos últimos tempos são contra carros de pequeno porte, como vans e furgões, geralmente em vias públicas (Kamá Ribeiro)
Os casos de roubo de carga em Campinas no mês de novembro aumentaram em 50% na comparação com o período anterior, outubro, segundo estatística divulgada na segunda-feira (26) pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). De acordo com os dados, em outubro foram registradas 14 ocorrências dessa modalidade de crime, enquanto no mês passado subiu para 21 em toda a cidade.
Os crimes de roubos e furtos de veículos também registraram alta expressiva no mesmo período – 19,5% e 17% respectivamente. A Polícia Civil credita o crescimento de casos de roubos, em especial de cargas, à proximidade do fim de ano, quando os marginais “costumam atacar mais para ganhar dinheiro e gastar nas festas da virada do ano”.
“Não houve grandes assaltos a cargas (volume expressivo com ação cinematográfica), mas roubos de carga em geral. Quando flagramos um veículo de transporte de produtos, mesmo que a quantidade seja pequena, o caso é registrado como roubo de carga. Graças a Deus, os ataques a grandes cargas de eletrônicos, como acontecia antes, não têm acontecido. No entanto, percebemos o aumento de roubos de cargas de cigarros e de alimentos”, comentou o investigador chefe da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) em Campinas, Marcelo Hayashi.
De acordo com o investigador chefe, o crime é dinâmico e muda conforme a maior ou menor facilidade. Os ataques mais comuns nos últimos tempos são contra carros de pequeno porte, como vans, fiorinos e furgões, geralmente em vias públicas de bairros. Os motoristas são levados a cativeiros em áreas de mata e, o veículo, para locais onde são realizados os transbordos de carga. “A carga mais visada sempre será aquela que apresenta mais facilidade de negociação. E, hoje em dia, o cigarro é o produto que mais facilmente se repassa, especialmente em pequenos comércios da periferia”, observou Hayashi.
Além do mês de novembro, março também foi um período com muitos casos de roubos de cargas, com um total de 17 denúncias. Em abril, houve uma queda significativa nos registros, que quase zeraram - apenas um caso. Nos demais meses, os registros oscilaram entre seis e 14.
De acordo com o investigador chefe, a apuração dos casos de roubos de cargas em Campinas e região apontou neste ano que a maior parte dos crimes teve a participação do motorista - modalidade denominada de "entrega chaves", quando motoristas que estão envolvidos com quadrilhas entregam o veículo aos bandidos e depois registram boletim de ocorrência narrando um crime fictício.
“Nesses casos, é difícil investigar esses motoristas, porque são declarados vítimas. Algumas empresas, por conta de redução nos custos, acabam terceirizando os fretes e contratam motoristas sem qualquer idoneidade. E isso já basta para serem roubados ou furtados pelas quadrilhas especializadas que agem na região”, explicou o investigador
Essa modalidade criminosa foi constatada em investigações recentes da DIG, que confirmaram a participação de ex-entregadores de carga de cigarro nos assaltos. Em duas ocorrências, a delegacia verificou que as transportadoras terceirizaram o frete e tiveram a carga roubada. Ambos motoristas narraram histórias duvidosas.
Além do roubo de carga, duas outras modalidades que apresentaram aumento expressivo nos registros em novembro foram as de roubo e furto de veículos. No total, 181 vítimas registraram queixa de roubo de carro - quando o criminoso chega armado e exige o veículo e, em alguns casos, até mesmo leva o motorista como refém para forçar transferências bancárias. A região do 2º Distrito Policial (DP), no São Bernardo, 9º, no Jd. Aeroporto, e 11º DP (Jd. Ipaussurama) foram os que mais concentraram esse tipo de crime em novembro: 24, 29 e 25, respectivamente O furto de veículo se dá quando o bandido pega o veículo sem a presença do proprietário, por meio de arrombamento. Foram 311 registros na cidade no mês passado. As regiões dos distritos 3º, 4º, 1º e 9º registraram respectivamente 51, 50, 38 e 29. “A 1ª DIG vem realizando ações de combate a esses crimes - como fiscalizações em estabelecimentos comerciais conhecidos como desmanches. Mas essa ação precisa ser cada vez mais reforçada pelas ações conjuntas, envolvendo o Detran, Prefeitura e demais órgãos fiscalizadores”, disse Hayashi.
De acordo com o investigador, assim como houve o aumento de roubos e furtos, também a taxa de recuperação de veículos também cresceu, aproximadamente 19% a mais na comparação entre outubro e novembro: respectivamente, foram localizados 96 veículos e, no período seguinte, 114. “O mais difícil está sendo combater os golpes contra as seguradoras, que vêm registrando alta nos índices. Pessoas maldosas contratam o serviço de seguro e depois entregam o veículo aos desmanches. Em seguida, anunciam o furto ou roubo”, comentou Hayashi.
A falsa denúncia desse tipo de crimes foi constatada pelos policiais nas investigações de roubos, com as últimas prisões e apreensão de veículos em desmanches clandestinos e outros locais.