Programa voltado às escolas estaduais visa a prevenir o uso e abuso de drogas
O mascote do programa, o leão Dare, é recebido com carinho e festa pelos alunos do período vespertino da Escola Estadual Bernardo Caro (Rodrigo Zanotto)
O Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência (Proerd) atingiu este ano 43 das 168 escola da rede estadual em Campinas e a expectativa da Secretaria Estadual de Educação é a de atender 5.075 alunos de 9 a 12 anos, quase 14% a mais do que do que o resultado registrado no ano passado (5.075). O Proerd visa a prevenir o uso e abuso de drogas e foi desenvolvido pela Polícia Militar (PM). A implantação do programa no Estado de São Paulo teve início nos primeiros anos da década de 1990. Em 2002 ele foi institucionalizado e ampliado para todo o Brasil. Em Campinas, o programa começou a ser introduzido na rede estadual no ano de 2005.
Em 18 anos do programa na cidade, centenas de alunos foram orientados e instruídos a ficar longe de entorpecentes e da violência. a iniciativa inserida nas unidades escolares com apoio das diretorias de ensino, que convidam as diretorias das escolas e estas discutem a implantação com os pais.
No começo do ano letivo, a escola interessada em receber o Proerd reúne os pais e apresenta o programa, seus objetivos e como ele funciona. São os pais que vão decidir se querem ou não que seus filhos participem, porque a aula não tem peso no currículo escolar do estudante. Na rede, o programa é para alunos do 3º ao 5º ano.
“É um trabalho que pede o engajamento dos pais para que haja resultado. por isso, é importante saber se os pais aceitam ou não. É opcional. É muito raro algum responsável recusar a participação do aluno, mas quando isso acontece, o filho fica na sala de aula fazendo outras atividades escolares. A professora regente acompanha o policial na aula”, explica o dirigente Nivaldo Vicente, responsável pela Diretoria Campinas Leste.
O curso é de dez semanas, com uma aula por semana, com duração de 45 minutos. O programa prevê atividades lúdicas, práticas, cartazes e até técnica de relaxamento.
Além de orientações sobre as drogas, o policial instrutor também aborda as questões sobre bulying e depressão. Temas como cigarro, bebidas alcoólicas, pressão de colegas e amigos também são debatidos. No final do curso,os participantes realizam um juramento para ficar longe dos vícios e comemoram uma espécie de formatura e tem até premiação.
“As crianças gostam muito, sem contar que é um programa que ajuda a comunidade e a aproxima da polícia. Como existe a ronda escolar, por vezes, a criança vê uma viatura da polícia na escola e não entende o motivo. Com o Proerd, ela passa a compreender a nossa função e também a envolver seus pais ao repassar aquilo que aprendem. Isso abre caminho para um relacionamento mais respeitoso e amigável entre a comunidade e a corporação”, defende Vicente, que está à frente da Diretoria desde 2008.
Ele ressalta que os alunos que passam pelo programa se tornam mais obedientes. “Eles percebem que é preciso ter regras, ouvir os dois lados para que haja democracia e empatia. Também aprendem a ter amor próprio e, com isso, fortalecem a sua personalidade e autonomia”, destacou o dirigente.
De acordo com Vicente, o Proerd abriu as portas para o trabalho da Justiça Restaurativa e também da comunicação não violenta. “Ele é muito importante na formação de pessoas”, frisou.
Em 2021, a estudante Patrycia, de 12 anos, participou do Proerd, na Escola Estadual Bernardo Caro, da Vila Olímpica, na região do San Martín, em Campinas. A irmã mais velha também participou do treinamento dois anos antes. “Aprendi que não devemos roubar, matar e nunca usar drogas. Temos que ficar longe de tudo isso. O curso nos ensina a evitar, a qualquer custo, entrar no mundo das drogas e também nos alerta sobre tudo o que envolve a violência”, contou, acompanhada da mãe, a dona de casa Camila, de 39 anos.
Segundo o cabo da PM Michel Cavalcante Siqueira, da 3ª Companhia do 8º Batalhão de Policiamento Militar Interior-2 (BPM/I), no curso são apresentadas situações que levam o estudante a refletir sobre um problema e de que maneira ele deve dizer não àquilo. “É um trabalho gratificante. O pouco que se faz para essas crianças têm um enorme reflexo. Se de uma sala com 35 alunos conseguirmos resgatar um, é uma vitória”, acredita Siqueira, um dos instrutores do Proerd.
O programa tem um mascote que é usado em eventos: o leão Dare. Na última segunda-feira, Siqueira se fantasiou do personagem para receber os alunos do período vespertino da Escola Estadual Bernardo Caro, na volta às aulas. A unidade aderiu ao programa em 2015 e, desde então, todo ano faz questão de se inscrever para as edições do ano letivo. Como os alunos já conhecem o mascote, chegavam na unidade e, de longe, acenavam para o “amigo”.