Preso um dos mentores de esquema de tráfico de cocaína

Um suspeito de 38 anos foi capturado na manhã de quinta-feira (3) em Santa Bárbara d’Oeste por envolvimento com o tráfico de drogas e organização criminosa. Wesley de Matos foi detido por agentes do 10º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep), por meio da “Operação Ás de Ouro”, deflagrada pela Polícia Federal (PF) de Piracicaba. 

Durante a ação, os policiais apreenderam dez celulares, 16 relógios de luxo, um medalhão de ouro, uma pistola 9mm, com 54 munições, uma carteira de motorista falsa e dois veículos: um Volkswagen Nivus e uma caminhonete Fiat Strada. 

A prisão do acusado integra parte do desdobramento da “Operação Trinca de Ases”, de 2015, que capturou traficantes considerados “patrões da cocaína” no Sul. Na época, ao menos 17 pessoas foram detidas. De acordo com a investigação, o grupo traficava cocaína entre o Mato Grosso do Sul e o Sul do Brasil. Em 2017, Matos foi condenado a 15 anos, dois meses e 15 dias em regime fechado. Até então, ele era considerado foragido.

Na ação de quinta-feira (3), foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um de prisão nas cidades de Limeira, Americana e Santa Bárbara d'Oeste.

A prisão de Matos ocorreu em uma residência, no Jardim Adélia. O suspeito foi apontado como um dos mentores do grupo criminoso. Segundo as investigações, ele era o elo entre lideranças do tráfico de entorpecentes que se passavam por empresários da construção civil em Santa Catarina. Depoimentos de policiais federais à Justiça apontaram a relação de Matos com um dos maiores traficantes do mundo, o brasileiro Jarvis Ximenes Pavão, conhecido como o “Barão da Droga”, um dos maiores fornecedores de cocaína para o Brasil.

O envolvimento do suspeito no tráfico começou a ser constatado em 2015, a partir da apreensão de cerca de 70 quilos de cocaína em duas operações no Sul do país. A droga, segundo a PF, seria de Matos, que atuava como comprador e distribuidor do entorpecente. 

Mediante interceptações telefônicas e outras diligências, os policiais federais monitoraram conversas nas quais o suspeito negociava a comercialização de cocaína com alto grau de pureza e a um valor que poderia chegar a R$ 13 mil o quilo. Pelo esquema, os traficantes adquiriam o entorpecente no Mato Grosso do Sul, na região de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, e depois enviavam o a substância para ser distribuída a traficantes menores nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Matos era conhecido como “Churrasquinho” e “não colocava a mão na droga”, segundo a PF. O suspeito tinha ligação com outros três grupos criminosos que distribuíam o entorpecente nos dois estados. “Os líderes relacionavam-se entre si e contavam com o auxílio de outros envolvidos ainda não identificados. Eles (líderes), por exemplo, não transportavam o entorpecente. Também não o vendiam no varejo. Apenas comandavam e dirigiam a atividade dos demais. Existia, assim, uma verdadeira teia de ramificações especializadas, na qual cada indivíduo cumpria uma função bastante específica”, diz texto da sentença da Justiça catarinense, de abril de 2017.

Na época da operação, o que chamou a atenção da polícia foi o fato de os investigados disporem de bens com valores altos, sem explicação sobre a origem do dinheiro, já que não tinham empregos lícitos. Matos, por exemplo, era proprietário de um apartamento em Balneário Camboriú (SC), avaliado em R$ 1,2 milhão, e uma Toyota Hilux.