Na confusão, os dois foram baleados por um homem que perdeu a cabeça por motivos passionais
O crime ocorreu no final da manhã de anteontem em um mercado no Jardim Itaguaçu, região do Campo Belo, em Campinas (Alenita Ramirez)
"Será que ele vai atirar em mim?" Essa angustiante pergunta reverberou na mente de uma operadora de caixa de 24 anos, ao se deparar com uma arma apontada diretamente para seu peito. O agressor, impulsionado por uma ira desenfreada, tinha como alvo o detento Danilo Moises da Silva, de 35 anos, em "saidinha" de fim de ano, motivado pelo alegado envolvimento deste com a companheira do agressor. Diante da iminente ameaça de morte, Silva, em um ato instintivo, utilizou a jovem funcionária do mercado como escudo humano, embora ela não tivesse qualquer relação com a confusão.
O agressor apertou o gatilho quatro vezes, contudo, a arma falhou em todas as tentativas. Na quinta vez, ele baixou a arma, direcionando-a agora ao detento que havia soltado a operadora, e estava caído no chão. Nesse instante, a arma finalmente disparou, atingindo a perna direita do alvo. O projétil atravessou, atingindo a panturrilha e alcançando o joelho do jovem. O atirador fugiu da cena do crime. O homem, gravemente ferido, recebeu socorro, enquanto a jovem, após ser medicada, está se recuperando em casa. "Foi Deus na vida dela", resumiu a irmã da operadora, cujo nome foi preservado.
O caso ocorreu no final da manhã de quarta-feira (3) em um mercado no Jardim Itaguaçu, região do Campo Belo, em Campinas. A jovem, que estava sozinha, havia acabado de assumir o caixa após uma limpeza no estabelecimento. Nesse momento, Silva adentrou o local e solicitou uma fita para selar um documento que precisaria apresentar ao retornar ao presídio, pois estava em "saidinha" de fim de ano e tinha a obrigação de voltar à unidade prisional ainda naquele mesmo dia. "Estava de costas para o rapaz, quando escutei um estalo. Achei que era alguém soltando bombinha, mas quando me virei vi um homem de boné com uma arma apontada para o cliente, que já estava baleado no braço", relatou a operadora de caixa.
Diante da ameaça iminente e temendo pelo pior, a jovem decidiu abandonar seu posto atrás do balcão e procurar refúgio em outro local. Contudo, ao dirigir-se para o vão entre o caixa e a parede do mercado, que dá acesso ao salão do estabelecimento, ela foi bloqueada pelo cliente em busca de proteção. "Ele me segurou, colocou-me de frente para o homem armado e agachou-se atrás de mim. O agressor, sem proferir palavra alguma, apontou a arma na direção do meu peito e puxou o gatilho quatro vezes, mas só ouvi ruídos. Então, enfurecido, ele bateu a arma contra a própria perna para verificar se ela estava funcionando", detalhou a vítima.
Com Silva já ferido e sangrando, ele se encontrava caído no chão, deitado atrás da vítima. O atirador, em seguida, apontou a arma em sua direção e acionou o gatilho mais uma vez. Nesse momento, um novo disparo ocorreu, atingindo a perna da operadora logo abaixo do joelho, atravessando e atingindo Silva. "Aproveitei que ele (Silva) tinha me soltado, pulei o balcão e corri para a calçada. Foi aí que percebi o sangue escorrendo pela perna", relatou a operadora, que escutou outros quatro tiros.
O atirador fugiu, enquanto Silva, mesmo baleado, tentou correr em direção à sua residência, localizada a cerca de 300 metros do mercado. No entanto, ele caiu na rua e foi socorrido por seu irmão, que estava próximo e prontamente solicitou ajuda. A operadora de caixa recebeu socorro de um comerciante da mesma quadra, que a viu ferida. "Depois de tudo, percebo que foi um livramento. Meia hora antes, minhas filhas estavam comigo, mas um tio paterno delas as buscou", contou a jovem, mãe de duas crianças, uma de 8 e outra de 3 anos.
Para os familiares, a operadora de caixa escapou por um verdadeiro milagre de Deus. Ela foi socorrida e encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José, onde o ferimento foi tratado e recebeu alta. Por outro lado, Silva foi conduzido em estado grave ao Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, onde permanece internado. A reportagem apurou que o crime teria sido motivado por um ajuste de contas, devido a Silva ter se envolvido com a mulher do atirador quando esteve no bairro durante a saidinha anterior. O caso será investigado pelos agentes do 9º Distrito Policial (DP), no Jardim Aeroporto. Até a tarde de quinta-feira (4), o atirador ainda não havia sido localizado.
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