EM AMERICANA

Presidente de clube de tiro é preso por suspeita de vender armas para facção

Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou possível desvio de armamento para o CV; defesa alega que transação possui nota fiscal e foi autorizada pelo Exército

Alenita Ramirez/alenitarac@gmail.com
15/05/2025 às 15:16.
Atualizado em 15/05/2025 às 15:16

Operação Contenção foi deflagrada em quatro estados brasileiros; ao menos dez criminosos foram presos e 240 armas apreendidas (Divulgação PCERJ)

O presidente de um clube de tiro de Americana, Eduardo Bazzana, de 68 anos, foi preso durante a Operação Contenção, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, deflagrada anteontem para desarticular uma quadrilha responsável pelo fornecimento de armas e drogas para o Comando Vermelho (CV). As incursões foram feitas no Rio de Janeiro e em outros três estados. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio, Bazzana mantinha um comércio de armas de aparência lícita, mas há a suspeita de que os itens eram desviados para serem vendidos à facção criminosa carioca. O espaço onde Bazzana comercializava armas, no Jardim Santa Sofia, foi alvo de mandado de busca e apreensão.

A investigação é do 60˚ Distrito Policial (DP) Campos Elíseos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A operação foi conjunta com o Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ao menos dez criminosos foram presos e 240 armas apreendidas – 60 delas de longo alcance. Paralelo a isso, a polícia pediu também o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões em bens e valores de pessoas físicas e jurídicas que seriam ligadas ao grupo.

A prisão de Bazzana é temporária e foi realizada por policiais civis da 2ª Divisão de Investigações sobre Furtos, Roubos e Receptações de Veículos e Cargas (Divecar), ligada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (DeicSP), que cumpriram mandados de busca e apreensão e de prisão nos endereços relacionados ao clube, na loja e em locais ligados à residência do comerciante. 

Foi expedido apenas um mandado para a residência do suspeito, no Condomínio Rivera Tramborlin, mas, durante o cumprimento da ordem judicial, os policiais civis descobriram que havia outro apartamento no mesmo edifício que era de propriedade de Bazzana, onde ele guardava o que foi classificado pelos agentes como “paiol” de armas e munições. Apesar do grande número de armamento, a polícia constatou que era tudo documentado e autorizado pelo Exército e não foi dada ordem de flagrante, apenas a prisão temporária.

Em nota, a SSP-SP confirmou a operação em Americana e acrescentou que também foram cumpridos mandados na capital paulista e em Araras. No caso de Americana, foram apreendidas armas, um veículo, celular e outros dispositivos eletrônicos. Segundo a investigação, o comerciante teria recebido transferência por Pix de um investigado da Polícia Civil carioca.

O advogado de Bazzana, Rogério Augusto Dini Duarte, negou as acusações contra seu cliente, mas afirmou que houve, sim, venda de armas para um cliente no RJ, mas que foi mediante transação autorizada pelo Exército e com nota fiscal. “O que acontece é que a polícia do Rio de Janeiro, com a Polícia Judiciária, começou em 2023 uma operação contra o crime organizado daquele Estado. E como é de conhecimento de todos, o crime organizado é fomentado basicamente por drogas e armas, principalmente no Rio de Janeiro. Havia um suposto membro, não se sabe se é membro mesmo ou não, que vinha para o estado de São Paulo, totalmente legalizado, com Certificado de Registro (CR), comprar armamento e munições. Tudo era autorizado pelo Exército do Rio. Ele pegava essas armas aqui e levava para o Estado do Rio de Janeiro”, argumentou a defesa.

Segundo o advogado, a loja comprava as armas da empresa fabricante após autorização do Exército. “O Exército dava o 'ok' para negociação. Era uma negociação corriqueira em que a pessoa vinha, pegava a arma e ia embora. Depois disso a loja não tem como saber qual era a finalidade dessas armas ou dessas munições. Não tem como fazer o rastreamento dessas armas e munições. Quem teria que fazer esse rastreamento era o Exército”, comentou.

O advogado declarou ainda que, assim que tiver acesso ao inquérito, poderá esclarecer as motivações do pedido de prisão preventiva.

Segundo o governo do Estado do Rio de Janeiro, a ação da polícia carioca teve como objetivo coibir a expansão da facção no Rio e em outros estados. Ainda conforme o governo, a investigação revelou que o armamento seria usado no fortalecimento e em expansões territoriais da facção no Rio, inclusive na Zona Oeste da capital, e em outros estados. Também foram arrecadadas 43 mil munições e US$ 24 mil (R$ 135.048,00) em espécie. Até ontem de manhã, contando com etapas anteriores, já foi solicitado o bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em bens e valores da facção criminosa.

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