COMBATE AO CRIME

Policiais rodoviários terão acesso ao ‘Muralha Paulista’ em sede recém-inaugurada

O 4˚ Batalhão de Campinas é um dos seis que fazem parte do Comando de Policiamento Rodoviário, recém-inaugurado na Rodovia Castello Branco, em Barueri

Alenita Ramirez/[email protected]
06/04/2025 às 09:00.
Atualizado em 06/04/2025 às 09:00
Os seis batalhões que integram o Comando de Policiamento Rodoviário contam com 3,2 mil homens e mulheres e 900 viaturas; Polícia Militar Rodoviária foi responsável por mais da metade da apreensão de drogas em todo o Estado de São Paulo em 2024 (Rodrigo Zanotto)

Os seis batalhões que integram o Comando de Policiamento Rodoviário contam com 3,2 mil homens e mulheres e 900 viaturas; Polícia Militar Rodoviária foi responsável por mais da metade da apreensão de drogas em todo o Estado de São Paulo em 2024 (Rodrigo Zanotto)

A Polícia Militar Rodoviária (PMR) do Estado de São Paulo inaugurou na última semana a sua primeira sede própria que, estrategicamente, ficará situada na cidade de Barueri, a 91 km de Campinas, e interligará todas os seis batalhões da corporação, inclusive o 4º Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) de Campinas. Outras novidades foram divulgadas na inauguração, entre as quais o acesso de todos os policiais rodoviários, inclusive os que ficam sediados em Campinas, ao aplicativo “Muralha Paulista”, que ajuda a identificar veículos envolvidos em crimes e criminosos procurados da Justiça, entre outros dados.

Até então, o Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv), fundado em 1979, dividia o mesmo prédio com o Departamento de Estradas de Rodagens (DER), localizado na Avenida do Estado, na Zona Sul da capital.

Com o novo local, na Rodovia Castello Branco, os policiais rodoviários passaram a estar localizados de forma estratégica para terem acesso rápido às rodovias estaduais, batalhões da PM e ao Comando Geral da Polícia Militar. “A malha rodoviária cresceu muito e precisávamos de um quartel proporcional ao que entregamos para os cidadãos. Com esta sede vamos conseguir coordenar, comandar e controlar todas as rodovias estaduais do Estado de São Paulo”, disse durante inauguração o comandante do CPRv, coronel Hugo Araújo Santos.

Para o comando, a sede própria em uma rodovia, desvinculada do prédio de outro órgão, facilita o trabalho de resposta às ações e também une esforços dos batalhões e companhias. A malha viária paulista tem 24,5 mil quilômetros, sendo a mais complexa e movimentada da América Latina. Segundo o coronel, também é um modelo para os demais estados da federação. Juntos, os seis batalhões contam com mais de 3,2 mil homens e mulheres e 900 viaturas.

Os batalhões são comandados por tenentes-coronéis. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) e cidades da macrorregião, seguindo também até Santa Rita do Passo a Quatro, Pirassununga, Águas da Prata, Aguaí e Casa Branca, integram o 4º BPRv.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), em 2024 a PMR foi responsável por mais da metade da apreensão de drogas em todo o Estado. Das 208,7 toneladas apreendidas, a corporação recolheu 105,7 toneladas de entorpecentes, o equivalente a 50,7% do total. 

Os dados deste ano não foram divulgados, mas no último dia 2 a corporação apreendeu 304,5 quilos de maconha, em Quatá, no interior. A droga estava escondida no porta-malas e no assoalho, em frente aos bancos de um carro abandonado na Rodovia Prefeito Homero Severo Lins. O motorista abandonou o veículo após perseguição efetuada por agentes que desconfiaram do excesso de peso no carro. 

As drogas também são apreendidas em ações de agentes rodoviários em ônibus interestaduais. Além disso, o grupo especializado da PM prendeu no ano passado, segundo a SSP, 2,5 mil pessoas em flagrante, capturou 890 foragidos da Justiça, retirou 163 armas de fogo ilegais de circulação e recuperou mais de mil veículos. Também recolheu mais de 7,6 milhões de maços de cigarros. “Entre 2023 e fevereiro de 2025, esses homens e mulheres que estão aqui perfilados foram responsáveis pela apreensão de mais de 250 toneladas de droga no Estado de São Paulo. É asfixia financeira na organização criminosa para retirar o poder deles. E mais do que isso, graças ao nosso governador Tarcísio de Freitas, agora, com o decreto da recuperação da lavagem de dinheiro do crime organizado, isso está sendo revertido para as forças policiais do Estado de São Paulo”, discursou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante a cerimônia de inauguração. 

MURALHA PAULISTA 

A sede oficial vai contar com uma central de monitoramento única de comando e controle rodoviário, onde terá acesso às câmeras que integram o programa “Muralha Paulista”, da Secretaria Estadual da Segurança Pública de São Paulo. O projeto já está em fase de implantação. 

O programa vai reunir todos os bancos de dados de câmeras estatais que existem no estado, tanto em rodovias como na área urbana, e contará com informações voltadas para a questão da segurança. A proposta é que ainda neste primeiro semestre todo o efetivo da PMR esteja cadastrado no aplicativo para obter informação e consultas das operações. Somado a isso, o projeto terá o privilégio de câmera que algumas autoridades têm também. 

CURSOS 

Durante o evento, também foi anunciado um convênio com a Universidade de São Paulo (USP) da criação de um curso de pós-graduação de engenharia de tráfego rodoviário, a ser ministrado no gabinete de treinamento do CPRv. Também será feita a troca de uniformes dos policiais rodoviários, que serão “mais modernos e operacionais”. 

HISTÓRIA 

Em se tratando de policiamento rodoviário existem dois tipos de instituição: A Polícia Militar Rodoviária Estadual, responsável policiamento em rodovias do estado, no caso de São Paulo, as chamadas SPs e as vicinais, e a Polícia Rodoviária Federal, que cuida as estradas que cortam outros estados brasileiros, as chamadas BRs. 

ORIGEM 

A Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo nasceu em 1948 e 46 anos depois foi fundado o Comando de Policiamento Rodoviário. A PMR foi criada após a construção da Rodovia Anchieta, a SP-150, que faz a ligação entre a capital paulista, São Paulo e a Baixada Santista. Na época havia 60 homens, alguns deles ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial, comandados pelo então tenente José de Pina Figueiredo, que foram designados para garantir a segurança nas rodovias paulistas que estavam sendo construídas. 

Nos anos 70 o policiamento rodoviário foi ampliado para uma companhia da antiga Força Pública e, com a expansão das radiais nos anos 1970, tornou-se Comando de Policiamento Rodoviário com a fundação de mais dois batalhões de Polícia Rodoviária. O vigilante rodoviário Carlos Miranda, que chegou a tenente-coronel e morreu em fevereiro deste ano aos 91 anos, eternizou o lado heroico da corporação na TV brasileira.

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