EM PAULÍNIA

Polícia prende sobrinho que matou o tio por R$ 500,00

Além do assassino, mais dois comparsas foram detidos por envolvimento neste crime bárbaro

Alenita Ramirez/ [email protected]
27/10/2023 às 14:23.
Atualizado em 27/10/2023 às 14:23
Após confessar o crime, o sobrinho assassino indicou aos policiais o local onde o corpo do tio foi desovado (Divulgação)

Após confessar o crime, o sobrinho assassino indicou aos policiais o local onde o corpo do tio foi desovado (Divulgação)

A Polícia Civil de Paulínia prendeu na manhã de quinta-feira (26) o sobrinho e mais dois amigos, todos suspeitos de envolvimento no roubo, assassinato e ocultação do corpo do aposentado José Humberto da Silva, conhecido na cidade como "Beto do Chapéu". O idoso, de 61 anos, estava desaparecido desde o dia 12 de agosto.

O grupo confessou o crime, revelando que a motivação para o assassinato foi a disputa por uma quantia de R$ 500, que pretendiam gastar com algumas garotas. O sobrinho, que havia morado com Beto do Chapéu, foi expulso há alguns anos devido a comportamentos inadequados em casa. Além de admitirem o homicídio, os suspeitos revelaram ter incendiado o corpo na tentativa de dificultar sua localização.

Os três suspeitos, com idades entre 19 e 20 anos, foram detidos no Jardim Flamboyant após o juiz da 1ª Vara Criminal da cidade expedir mandado de prisão temporária. A descoberta do local onde o corpo foi ocultado ocorreu porque um dos suspeitos admitiu o crime, fornecendo informações sobre o paradeiro da vítima. Os policiais foram ao endereço indicado e encontraram a ossada, juntamente com o relógio que o idoso havia ganhado de suas filhas.

A identificação do grupo criminoso foi resultado de uma investigação de inteligência, contando com a colaboração da Guarda Municipal (GM). Essa parceria permitiu a identificação de dois veículos que foram vistos nas proximidades da residência de Beto do Chapéu na noite de seu desaparecimento.

De acordo com o delegado Roney de Carvalho Barbosa Lima, a investigação foi conduzida com base nas imagens de uma câmera de segurança que flagrou o amigo de Beto, proprietário de um veículo Meriva, estacionado em frente à casa da vítima. Naquele dia, Beto desceu do carro, entrou na residência e nunca mais foi visto, desencadeando buscas infrutíferas por parte de sua família.

Cinco dias após o desaparecimento, um irmão da vítima registrou o boletim de ocorrência, desencadeando a investigação por parte dos policiais civis. O delegado Lima destacou que, ao analisar as imagens, notou não apenas o carro do amigo, mas também a presença de outro veículo na via, que parou um pouco mais à frente. Posteriormente, esse carro realizou um retorno e estacionou em frente à casa, onde alguém mexeu no porta-malas.

Com base nessas imagens, a Guarda Municipal (GM) conduziu uma pesquisa sobre modelos, cores e detalhes, identificando um Ford Fiesta pertencente a um dos amigos do sobrinho da vítima. Na ocasião, todos foram ouvidos em depoimento, negando qualquer envolvimento no crime. Contudo, tanto o veículo do jovem quanto o Meriva passaram por perícia utilizando a técnica de "luminol", revelando vestígios de sangue no porta-malas do Fiesta.

Em decorrência do laudo pericial, a Justiça determinou a prisão temporária dos três suspeitos, que foi efetivada na manhã seguinte com o apoio de policiais dos 7º e 10º Distritos Policiais de Campinas. Durante a operação, o delegado Lima orientou um dos suspeitos acerca da legislação de confissão, que oferece benefícios a quem colabora com a investigação.

Diante disso, o suspeito confessou o crime, fornecendo detalhes sobre o ocorrido. "Ele disse que no dia os três saíram, beberam muito e conheceram umas garotas. Como não tinham dinheiro, o sobrinho os chamou para ir na casa do Beto, pois sabia que ele tinha dinheiro. Acharam que a vítima não estava em casa, mas a encontraram. O sobrinho deu uma 'gravata' e mataram o idoso. Depois colocaram no portamalas e levaram para uma área de mata", contou o delegado.

A vítima foi desovada em um terreno público na região do bairro Vida Nova, em Paulínia. O delegado Lima explicou que os criminosos afirmaram ter lançado o corpo em um barranco, dirigiram-se a um posto de combustível, compraram álcool e retornaram ao local para atear fogo. Em uma reviravolta macabra, o trio voltou alguns dias depois, deslocou o cadáver para outro local e novamente o incendiou. O sobrinho confessou ter iniciado o fogo pelo menos três vezes, mas, segundo os policiais, devido à natureza óssea, o material não se desfez. A intenção dele era eliminar qualquer vestígio para não deixar pistas.

O delegado encaminhou a filha e a irmã do aposentado ao Instituto Médico Legal (IML) de Campinas para a coleta de material genético, a fim de comparar com os restos mortais, confirmando assim se pertenciam realmente a Beto. Contudo, o delegado adiantou que o relógio presenteado pelas filhas foi localizado entre os restos mortais.

Nos dias que antecederam o crime, Beto havia se aposentado e estava prestes a receber cerca de R$ 17 mil do benefício, mas o dinheiro ainda estava bloqueado. Constatou-se, através de apuração da reportagem, que o sobrinho era usuário de drogas e, quando morava com o tio, consumia substâncias ilícitas no imóvel com amigos, levando à decisão da vítima de expulsá-lo de casa. Beto vivia sozinho na residência.

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