CAIU A MÁSCARA

Polícia prende falsa médica que cobrava R$ 350 por consulta

Policiais deram ordem de prisão no momento em que ela prestava consulta domiciliar a um idoso

Alenita Ramirez/ [email protected]
24/05/2023 às 09:10.
Atualizado em 24/05/2023 às 09:10
Presa em flagrante, a falsa médica Simone Martins Ferreira é levada para a Delegacia de Investigações Gerais (Reprodução/ Redes Sociais)

Presa em flagrante, a falsa médica Simone Martins Ferreira é levada para a Delegacia de Investigações Gerais (Reprodução/ Redes Sociais)

A Polícia Civil de Campinas prendeu na noite de segunda-feira (22) uma farmacêutica de 44 anos que se passava por clínica geral, atendendo especialmente pacientes idosos na rede privada. Simone Martins Ferreira usava o nome e o registro (CRM) da professora universitária e dermatologista do Rio de Janeiro, Simone Abreu Salles. Ela foi presa em flagrante por policiais civis da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) enquanto atendia um idoso na casa dele, na região do distrito do Campo Grande. A delegacia especializada investigava a falsa médica, após a dermatologista carioca registrar um boletim de ocorrência. Segundo o delegado titular da DIG, Antônio Dota Júnior, a suspeita é alvo de uma série de denúncias e processos de estelionato.

Simone Martins Ferreira residia no bairro Cambuí e utilizava as redes sociais para divulgar seu trabalho e agendar atendimentos. De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Luiz Fernando Dias de Oliveira, a falsa médica utilizava, há pelo menos dois anos, os dados da dermatologista carioca, que possui cerca de 40 anos de experiência e atua somente no Rio de Janeiro.

Em agosto de 2022, a farmacêutica chegou a ser presa por falsidade ideológica em Campinas, mas pagou fiança e passou a responder pelo crime em liberdade. Antes de ser presa, Simone Martins Ferreira atendia em consultórios, mas após a prisão, passou a fazer atendimento domiciliar, inclusive prescrevendo exames e medicamentos. Ela cobrava, em média, R$ 350 por consulta.

Além de prestar atendimento domiciliar, a farmacêutica também possuia uma suposta empresa de home care (cuidado em casa, na tradução do inglês), na qual terceirizava alguns serviços e repassava o valor recebido aos profissionais. Ela também era contratada por empresas. Os agentes apreenderam uma credencial da Federação Paulista de Futebol (FPF), que será investigada para verificar se é falsa. "Por ser formada em farmácia, ela possuía conhecimentos médicos, mas deveria ter se limitado à sua formação", comentou Oliveira.

Durante a prisão, os agentes apreenderam receituários de controle especial, carimbos, equipamentos médicos, insumos e seringas, além da credencial.

INVESTIGAÇÃO

Segundo Dota Júnior, a investigação pela delegacia especializada de Campinas iniciou-se após um ofício do diretor de Polícia Judiciária de São Paulo 2 (Deinter-2), Fernando Manoel Bardi, que solicitou ao delegado da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic), José Carlos Fernandes, a apuração sobre uma falsa médica que estaria atuando em Campinas, inclusive realizando consultas pela internet. "Iniciamos essa investigação porque a médica verdadeira clinicava na cidade do Rio de Janeiro e afirmou que nunca esteve em Campinas. A médica, inclusive, estava respondendo procedimentos administrativos devido a essa falsa médica. Portanto, as diligências começaram na DIG com a finalidade de localizar essa médica", comentou Dota Júnior.

Conforme mencionado por Oliveira, a falsa médica alterava constantemente seu endereço para despistar a polícia. A localização da suspeita só foi possível quando uma funcionária da unidade precisou de atendimento domiciliar para seu pai e, ao buscar um médico home care na internet, coincidentemente contratou os serviços de Simone, sem saber que ela estava sendo investigada pela DIG, conforme relatado pelos delegados.

Ao mencionar o atendimento domiciliar, a funcionária mencionou o caso a uma policial da delegacia especializada, que foi chamada para acompanhar o atendimento. Foi então que a policial descobriu a verdadeira identidade da suspeita e acionou uma equipe para o local. Os agentes conseguiram deter a falsa médica, ocorrendo o flagrante enquanto ela assinava e carimbava uma receita.

"Ela se apresentou como médica, exibiu suas credenciais, realizou prescrições, aferiu a pressão e acabou carimbando e assinando uma receita. Todos os elementos do exercício ilegal da medicina caracterizaram o flagrante", relatou Oliveira. Agora, a polícia irá investigar se as pessoas que recebiam atendimento dela sabiam que ela era uma falsa médica.

"É importante que as pessoas interessadas em receber esse tipo de serviço verifiquem melhor a documentação do prestador de serviço. Verifiquem a procedência dessas pessoas que oferecem esses serviços. Solicitem identificação e a carteira do Conselho Regional de Medicina para não se tornarem alvo de um tratamento realizado por alguém sem qualificação ou capacidade técnica", orientaram os delegados.

A suspeita foi indiciada pelos crimes de falsidade ideológica, estelionato tentado e exercício ilegal da medicina. Na terça-feira (23) à tarde, ela passaria por uma audiência de custódia, mas até o fechamento desta reportagem, às 16h30, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) ainda não havia fornecido informações sobre o resultado.

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