171 MILIONÁRIO

Polícia lusitana prende pai e filha envolvidos em estelionato

Eles são suspeitos de terem aplicado golpes com locação de carros em diversas cidades da região

Alenita Ramirez/ [email protected]
17/04/2024 às 10:36.
Atualizado em 17/04/2024 às 10:36
Local onde funcionava a locadora de veículos em Hortolândia, fechada pelos golpistas logo após o esquema de piramide começar a falhar (Rodrigo Zanotto)

Local onde funcionava a locadora de veículos em Hortolândia, fechada pelos golpistas logo após o esquema de piramide começar a falhar (Rodrigo Zanotto)

Um ex-empresário de 50 anos, natural de Hortolândia, e sua filha, de 29 anos, foram localizados e detidos pela Polícia Judiciária Portuguesa, na cidade do Porto em Portugal. Eles são suspeitos de terem aplicado pelo menos 797 golpes relacionados à locação de veículos em diversas cidades do Estado de São Paulo, incluindo a Região Metropolitana de Campinas (RMC), bem como em outros estados brasileiros, resultando em um prejuízo estimado em R$ 43 milhões.

Claudio Roberto da Costa Reis e Thalita Mayara Gonçalves Reis estavam foragidos desde abril de 2022 e foram presos no último dia 12, após a Justiça brasileira solicitar a inclusão de seus nomes na lista de detenções da Interpol.

Além de Claudio e Thalita, o filho do ex-empresário, cujo nome não foi divulgado, também é procurado pelas autoridades por envolvimento nos crimes de associação criminosa e estelionato. Até o momento, o filho ainda não foi localizado. Segundo informações das autoridades, a família residia em Hortolândia e possuía lojas de locação de veículos na cidade e em Sumaré. Eles fugiram para Dubai em 2022 e desde então estavam em local desconhecido. Em março deste ano, a Justiça solicitou a inclusão da família na lista vermelha da Interpol.

De acordo com relatos fornecidos à polícia portuguesa por Claudio e Thalita, o ex-empresário afirmou estar trabalhando em uma oficina mecânica, enquanto Thalita declarou ser funcionária de uma loja de celulares. A forma como foram localizados não foi divulgada.

Segundo Diego Bove Fernandez Alonso, advogado de defesa de Claudio, o exempresário foi libertado após uma audiência de custódia, porém está obrigado a se apresentar em um posto policial três vezes por semana para garantir que permaneça no país. Já Thalita permanece sob prisão preventiva.

Os crimes teriam ocorrido entre março de 2019 e junho de 2022, mediante um esquema de pirâmide. Estima-se que pelo menos 200 pessoas tenham sido vítimas do ex-empresário apenas na macrorregião de Campinas, e a família enfrenta cerca de 400 processos no total.

Segundo a advogada Kethiley Fioravante, representante de aproximadamente 50 vítimas, os suspeitos envolvidos neste esquema criminoso prometiam um "cashback" de 100% do valor do contrato ao alugarem carros.

Carros avaliados em R$ 60 mil eram alugados por cerca de R$ 35 mil, uma oferta atrativa à primeira vista. O pagamento do aluguel era realizado à vista, acompanhado de um "benefício" ilusório. Os contratos firmados tinham duração de 18 meses, com a opção de renovação no final do período. Nessa renovação, os clientes podiam escolher entre receber um novo veículo ou continuar com o mesmo, sem custo adicional. Os carros alugados eram obtidos por meio de locações de concessionárias em São Paulo e outras cidades brasileiras.

Kethiley explicou que o dinheiro recebido dos clientes era investido em criptomoedas, gerando retornos financeiros. Com os lucros obtidos, os suspeitos pagavam o aluguel dos carros alugados em sua loja.

Além do ramo de locação de veículos, a família também operava outras empresas, incluindo uma dedicada a investimentos.

Entretanto, a partir de 2022, com a desvalorização das criptomoedas, a família empresarial começou a acumular perdas e deixou de honrar os pagamentos dos carros alugados. Diante da inadimplência, as locadoras solicitaram a busca e apreensão dos veículos, deixando as pessoas que haviam alugado carros com a família Reis em sérios prejuízos.

Assim que o negócio começou a ruir, a família fechou suas lojas e deixou o Brasil. As reclamações foram registradas em delegacias locais, porém a investigação foi centralizada na 2ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Crimes de Intervenção Estratégica, pertencente ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). O processo criminal está em tramitação na 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.

"Muitas pessoas foram lesionadas e nossa expectativa com a localização e prisão deles é que haja um acordo para ressarcir as vítimas. Com a prisão deles será possível descobrir onde foi aplicado o dinheiro dessas vítimas e localizar onde estão esses bens", disse Kethiley.

O advogado do ex empresário disse que o Brasil precisa formalizar o pedido de extradição, considerando que, em Portugal, não existe nenhuma irregularidade em relação ao homem e a mulher. "Estou trabalhando para que ele não seja extraditado", disse.

Segundo Kethiley, a polícia tem até dia 27 para pedir a extradição do pai e filha. A reportagem não conseguiu até a tarde de terça-feira (16) confirmar se o pedido já foi feito.

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