Eles têm entre 13 e 15 anos e são os mesmos que sequestraram repórter e uma mulher em março
Rua Padre Almeida no Cambuí, onde uma mulher foi sequestrada pela quadrilha de menores do Campo Belo (Alessandro Torres)
Agentes do 13º Distrito Policial (DP) de Campinas descobriram que os dois adolescentes que assaltaram e sequestraram um repórter esportivo da Federação Paulista de Futebol, no bairro Cambuí, no último sábado, integram uma quadrilha formada por ao menos quatro adolescentes entre 13 e 15 anos, moradores na região do Campo Belo. A constatação se deu depois que os policiais civis identificaram uma designer gráfico, de 40 anos, que também foi vítima do mesmo grupo, no final do mês de março, também no Cambuí. Dois dos integrantes seguem foragidos. Um deles já foi identificado. Segundo relatos das vítimas, um garoto aparentando 13 anos era o mais agressivo. Nesta semana, dois meninos aparentando 10 e 13 anos invadiram, vandalizaram e furtaram uma creche no Monte Cristo.
Com a identificação de mais uma vítima e de mais um suspeito, o delegado André Schmutzler Moreira vai encaminhar o inquérito para a Delegacia da Infância e Juventude (Diju) e para a Vara da Infância, como ato infracional análogo a associação criminosa e roubo a mão armada. A polícia acredita que outras pessoas estejam envolvidos no crime e busca por mais vítimas.
Segundo o investigador Fernando Carneiro, as duas abordagens feitas pelo grupo aconteceram no Cambuí e os suspeitos agiram da mesma forma, no momento de entrada ou saída das vítimas do veículo. Após render os alvos, os suspeitos colocam a vítima no banco traseiro e a obriga a entregar celular e cartões bancários com as senhas.
Durante a retenção, o grupo força a vítima a fazer transferências bancárias por PIX, sob ameaça de morte. Os suspeitos usam uma pistola preta, que ainda não foi localizada. As vítimas são mantidas no veículo e levadas para a região do Campo Belo.
A designer foi rendida no estacionamento, quando chegava em uma academia, por volta das 19h do dia 28 de março. Ela foi colocada no banco traseiro do veículo dela e obrigada a fazer transferências bancárias. A vítima não tinha dinheiro na conta bancária e teve que fazer empréstimo de R$ 5 mil, em quatro saques, no cartão de crédito para entregar para os criminosos. "Ela contou que o mais jovem falava que era para matála caso não entregasse dinheiro. Com o terror que fizeram, ela abriu o aplicativo do cartão de crédito e fez os saques", contou Carneiro. A vítima ficou em poder do grupo por 40 minutos e foi libertada com o carro dela, na região do Campo Belo. Ela buscou ajuda da polícia e fez boletim de ocorrência.
Por sua vez, o repórter esportivo foi rendido quando deixava o apartamento de familiares no Cambuí e mantido refém no carro dele, um Honda HRV, também por cerca de 40 minutos, por quatro adolescentes. Ele também foi obrigado a fazer PIX e até um empréstimo, cujo valor não foi informado. Ele foi libertado por uma equipe da Guarda Municipal (GM) que teve informações sobre o roubo e localizou o veículo no bairro São Domingos, na região do Campo Belo. Houve perseguição e o grupo parou após quebrar o carro ao descer em um barranco. Dois deles foram apreendidos. Um dos detidos foi reconhecido pela designer. "O outro suspeito que está foragido e foi identificado, estava ao lado da vítima e transferiu os valores para uma conta no nome dele", contou Carneiro. Os policiais pediram à Justiça a apreensão do menor e trabalham para identificar o quarto menor que participou das ações.
Vandalismo
Na tarde do último domingo, dois menores de idade invadiram, vandalizaram e furtaram a creche Associação Douglas Andreani (ADA), no bairro Monte Cristo, na região do Oziel. A descoberta da dupla se deu através de imagens do sistema de monitoramento do prédio. A creche atende 530 crianças de um ano e seis meses a cinco anos e 11 meses. Eles entraram na unidade, por volta das 13h do domingo e ficaram três horas no local. A dupla quebrou a janela de uma das salas de aula, jogaram tintas no chão, espalharam brinquedos e objetos de uso das crianças, rasgaram os trabalhos que estavam nas pastas dos alunos, e levaram 13 caixas de som portátil, brinquedos (maioria são bolas),papel sulfite e tintas entre outros objetos de uso das crianças. As imagens foram entregues para a Polícia Civil.