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Polícia descobre esquema vip de venda de maconha em lata

Droga do tipo "colombinha", de alta qualidade, era comercializada a R$ 100 cada embalagem

Alenita Ramirez/ [email protected]
09/11/2023 às 09:46.
Atualizado em 09/11/2023 às 09:46
Policial mostra embalagem parecida com uma lata de atum contendo maconha importada do Paraguai (Policia Militar)

Policial mostra embalagem parecida com uma lata de atum contendo maconha importada do Paraguai (Policia Militar)

Uma operação contra o tráfico de drogas conduzida pela Polícia Militar (PM), com o suporte do Canil da Guarda Municipal (GM) de Campinas, no final da tarde de terça-feira (7), no Parque Brasília, região do Taquaral, desvendou uma nova estratégia adotada por traficantes para contornar a vigilância e alcançar usuários e dependentes químicos. Durante uma busca por entorpecentes na Rua Carlos Drumond de Andrade, os policiais depararam-se com cinco latas contendo maconha em seu interior. Cada embalagem, semelhante a uma lata de atum, apresentava rótulo, "tabela nutricional" e alerta sobre os efeitos colaterais causados pela substância no "consumidor". Apesar da semelhança com latas de atum, estas eram mais altas e comercializadas por aproximadamente R$ 100 cada.

Além das latas, os policiais apreenderam crack, maconha sintética e prensada. Dois indivíduos, de 23 e 28 anos, foram detidos por tráfico. Segundo o sargento da Força Tática da 3ª companhia do 8º Batalhão de Policiamento Militar do Interior-2 (BPMI), Alexandre Amorim, presente na ocorrência, a via já é conhecida pela prática desse tipo de tráfico. De acordo com o policial, ficou evidente que os traficantes criaram segmentos específicos para atender a cada público-alvo na localidade.

Conforme o esquema identificado, os traficantes comercializam quatro tipos de maconha, abrangendo desde consumidores de baixa renda até os de alto padrão, como engenheiros, médicos e outros usuários mais abastados. As variedades incluem a versão gourmet, enlatada; a dry; a dark e a prensada. A versão dark é vendida em um kit que inclui um isqueiro. "Os traficantes estão constantemente inovando", afirmou Amorim.

Com as constantes inovações, conforme relatado pelo sargento, o tráfico de drogas passou a oferecer, nos últimos anos, uma diversidade de entorpecentes muitas vezes desconhecida pela maioria dos usuários. Até a manhã de quarta-feira (8), os policiais ainda não tinham informações sobre o tipo específico da maconha gourmet. Contudo, a equipe do Correio Popular entrou em contato com policiais civis especializados em diversas variantes da maconha, os quais esclareceram tratarse da "colombinha", proveniente do Paraguai e que começou a ser apreendida pelas forças de segurança da cidade e região a partir do final do primeiro semestre deste ano.

Em julho, a Guarda Municipal de Limeira descobriu uma plantação de maconha em uma mata e identificou a presença de pés da colombinha entre as plantas. Na mesma época, policiais civis de Pedreira apreenderam a mesma droga, mas já em formato de tijolos. A Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Campinas também registrou apreensões dessa variante.

Segundo informações dos policiais, essa versão apresenta um teor de pureza de até 100%, o que eleva seu valor e a diferencia das demais variantes. O preço de um quilo dessa droga pode chegar a R$ 12 mil.

Os efeitos da colombinha, conforme descritos no "rótulo", incluem secura na boca e/ou coceira nos olhos, podendo levar a alucinações. "Essa droga já chega embalada e lacrada, e, segundo informações, é importada do Paraguai dessa forma", afirmou Amorim.

Os agentes da Força Tática descobriram a presença da droga durante um patrulhamento de rotina no bairro, ao avistarem dois indivíduos em atitude suspeita. Embora nada tenha sido encontrado com eles durante a abordagem, a área sendo conhecida como ponto de tráfico e apresentando movimentação suspeita, os policiais solicitaram apoio do Canil da Guarda Municipal. "Enquanto revistávamos os dois suspeitos, recebemos uma denúncia pelo 190, fornecendo detalhes sobre suas características, vestimentas e onde estavam escondendo as drogas. Realizamos as buscas e encontramos", relatou o sargento.

Os policiais constataram que, visando evitar conflitos entre traficantes, estabeleceram um acordo pelo qual cada um comercializa um ou mais tipos de drogas, sem concorrência direta. Em outras palavras, quando um traficante vende a versão gourmet, por exemplo, outro não pode oferecer a mesma variedade. As substâncias ilícitas são cuidadosamente ocultas em pequenas quantidades, sendo escondidas em troncos de árvores, pedras, tijolos e diversos outros objetos.

No que diz respeito ao consórcio, em 2 de novembro, feriado de Finados, a Dise de Campinas apreendeu 4.160 tabletes, correspondentes a 3.646,200 kg de maconha, em uma oficina mecânica no bairro Parque Santa Bárbara. Essa droga foi importada do Paraguai por meio terrestre, utilizando um sistema de consórcio entre traficantes de Campinas e região, visando reduzir custos de frete e contornar a fiscalização na fronteira entre os dois países e nas rodovias.

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