Polícia Civil desmonta ‘paiol’ de armas de grosso calibre

A Polícia Civil desarticulou um esquema de "paiol" - termo utilizado para designar um local onde se guarda armas de grosso calibre utilizado pelo crime organizado em ataques a bancos. Uma assistente administrativa de 25 anos foi presa em flagrante, passou por audiência de custódia e teve a prisão convertida em preventiva. No apartamento dela, na Vila Padre Manoel de Nóbrega, a quase 1 km da 2ª Delegacia Seccional de Campinas, foram apreendidos dois fuzis AR-15 556, uma submetralhadora americana e uma pistola turca, ambas de calibre 9mm e 137 munições intactas. A descoberta foi feita por policiais da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), de Americana. Segundo os agentes, os fuzis serão periciados para verificar se eles foram usados em um duplo homicídio em um bar, em janeiro deste ano, em Campinas.

A prisão da mulher aconteceu depois de uma informação apurada pelos policiais civis, que combatem o crime também nas cidades de Hortolândia e Sumaré, que dava conta de que havia uma mulher em um veículo Chevrolet Ônix vermelho que estaria ligada a uma organização criminosa que age dentro e fora dos presídios e que estaria distribuindo drogas e armas na região da "tríplice fronteira" ou "triângulo mineiro", que fica na região da Vila Padre Anchieta, limite das cidades de Sumaré, Hortolândia e Campinas.

As investigações começaram há cerca de dez dias. De posse dos dados, os agentes passaram a monitorar aquela região e descobriram o veículo. Através dos dados do automóvel, os policiais chegaram ao endereço, ao nome da motorista e também o local em que ela trabalhava.

A jovem, descrita como bonita, de boa aparência, festeira e bem relacionada com diversas pessoas, inclusive do crime, não tinha passagem criminal, mora sozinha em um apartamento do Condomínio Parque dos Eucaliptos e trabalhava em uma clínica voltada para exames específicos para pilotos, na região central de Campinas. "Tivemos a informação de que ela faria o transporte das armas para outra localidade, pois seriam usadas no crime. Então montamos a operação 'paiol' com o objetivo de não perder essas armas para o crime, ou seja, evitar que fossem usadas em alguma ação", disse o agente policial Emerson Siqueira.

As armas foram localizadas dentro do guarda-roupa da auxiliar administrativa. Além do armamento, os policiais ainda apreenderam o celular dela e o carro usado no transporte das armas, que é da jovem. Segundo Siqueira, o delegado titular da Dise, Marco Antônio Passeti, solicitaria na terça-feira (25) para a Justiça a quebra de sigilo do celular da suspeita para fazer a extração dos contatos dela. "Ela usava o celular dela para se comunicar com o PCC", contou o agente.

Durante as apurações, os policiais descobriram que as armas que seriam transportadas pertencem a dois homens identificados pelos apelidos de Beiço e Madruga. "Pelo menos um dos fuzis foi usado no duplo homicídio. Pelas imagens registradas no dia do crime, dá para ver que são parecidas, mas só será confirmado com a perícia. Elas serão periciadas pelo IC (Instituto de Criminalística), que fará a comparação balística", explicou Siqueira.

A assistente administrativa disse que recebia R$ 1 mil por mês para esconder as armas. Relatou ainda que fazia a guarda desde janeiro deste ano quando ficou desempregada e decidiu fazer o serviço para pagar o aluguel. Segundo a polícia, os pais dela e um irmão moram em outro edifício no mesmo condomínio.

As investigações seguem para descobrir o direcionamento das armas, quem são os donos e a escala que ela e os suspeitos ocupam na hierarquia da estrutura criminal que eles fazem parte.