“Homens-aranha” usaram rapel para furtar uma joalheria no 17º andar de um prédio no Cambuí
Buraco na janela do 17º andar feito pelo bando de “homens-aranha” (Divulgação)
A Polícia Civil de Campinas desarticulou uma quadrilha especializada em roubos a joalherias localizadas em edifícios altos, conhecida como "quadrilha aranha". O grupo atua nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, utilizando escadas para escalar e rapel para descer dos locais alvo. A identificação dessa associação criminosa ocorreu graças aos esforços dos policiais da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG), após o furto ocorrido em uma joalheria situada no 17º andar de um prédio no bairro Cambuí, na madrugada do último dia 29. Quatro criminosos, incluindo uma mulher, foram identificados, e dois deles foram presos em flagrante. Parte das joias furtadas foi recuperada.
Segundo o delegado responsável pela investigação, Elton Costa, os criminosos viajaram de Colombo, região metropolitana de Curitiba, no estado do Paraná, que fica a 470 km de Campinas, com o objetivo de furtar duas joalherias localizadas em um prédio de 17 andares. As lojas foram selecionadas através da rede social Instagram e estão em andares diferentes.
Para invadir as lojas, os criminosos alugaram uma casa em Sumaré no mês passado, adquiriram dois equipamentos para rapel e uma escada com gancho, e estudaram o funcionamento do prédio e das lojas. A mulher desempenhava a função de "olheira". Dias antes do furto, ela visitou os dois estabelecimentos alvo, apresentando-se como moradora do estado do Paraná e fingindo ser uma cliente em busca de joias.
A invasão ao prédio ocorreu durante a madrugada da última quinta-feira. O imóvel está localizado próximo à Avenida José de Souza Campos, conhecida como Norte-Sul.
A mulher e um cúmplice, responsável pela compra dos equipamentos, permaneceram na cobertura para monitorar a presença da polícia.
Os dois homens que foram presos eram os invasores e furtadores. Utilizando a escada, eles escalaram o prédio pela parte dos fundos e, em seguida, quebraram o vidro de uma janela para ter acesso ao interior da loja.
Enquanto estavam na primeira loja, o alarme do prédio disparou e uma equipe da Polícia Militar (PM) compareceu ao local para verificar o imóvel, porém, como a entrada e os andares pareciam estar em ordem, sem sinais de arrombamento, os agentes se retiraram. Com a chegada da PM ao prédio, os criminosos decidiram abortar a segunda invasão. Após a saída dos agentes de segurança da área, os cúmplices que estavam na loja desceram utilizando a técnica de rapel. As manobras de escalada e descida foram capturadas por câmeras de segurança, cujos vídeos foram apreendidos pelas autoridades policiais.
A ação durou aproximadamente 40 minutos, conforme mostrado pelas imagens, que registraram a chegada dos criminosos ao prédio às 4h19 e sua saída por volta das 5h.
"Foi uma ação cinematográfica e inicialmente vimos uma dificuldade nas investigações. Os criminosos foram muito cuidadosos e usaram técnicas para dificultar a identificação deles, inclusive balaclava para não mostrar o rosto. Mas o tirocínio e o empenho da equipe levaram ao sucesso da investigação e um dia depois já tínhamos identificado os integrantes", explicou Costa.
Após o registro do boletim de ocorrência pelos representantes da loja, os policiais civis, peritos e papiloscopistas foram até o prédio para coletar materiais genéticos e objetos que pudessem levar à identificação dos criminosos.
Os agentes também realizaram buscas nas proximidades e encontraram, em um terreno baldio, um dos equipamentos usados para o rapel, abandonado no mato. Foi por meio da cadeirinha presa à corda encontrada que os policiais conseguiram descobrir quem adquiriu o equipamento e sua origem.
A partir desse momento, os policiais civis solicitaram a ajuda da Guarda Municipal (GM) para buscar no sistema de monitoramento da cidade os veículos que circularam na região do Cambuí no dia do furto. "Foram identificados dois carros que eram do Paraná, um deles era de Colombo. Passamos a monitorar e na madrugada de ontem (segunda-feira dia 3) o carro foi visto circulando na região do Cambuí, com duas pessoas em seu interior. Conseguimos abordálo", contou o delegado.
No veículo, foram detidos dois homens, um de 27 anos e outro de 32 anos, que confessaram o crime. Um deles já possuía passagem por um delito semelhante cometido no Sul. Na casa em que estavam hospedados, foram encontradas parte das joias roubadas e o outro equipamento utilizado no rapel. A escada foi deixada no prédio e apreendida. A dupla foi presa por formação de quadrilha, enquanto os cúmplices conseguiram fugir.
"Embora essa modalidade de crime não seja nova, os criminosos foram ousados, pois além da altura do próprio prédio, que é de aproximadamente 55 metros, havia a elevação do local, uma vez que o edifício está situado em uma área elevada da cidade. Nossa região raramente presencia ações desse tipo", comentou o delegado titular da DIG, Antônio Dota Júnior. "Essa é uma prática destemida devido ao risco que os membros se expõem para alcançar seus objetivos", acrescentou.
Os policiais descobriram que os criminosos costumam gravar parte de suas ações, incluindo fotos do treinamento de rapel realizado em um prédio abandonado na região de Campinas dias antes do furto.