INQUÉRITO CONCLUÍDO

Polícia aponta 4 culpados por mortes no ‘rolezinho noturno'

Dois deles serão indiciados por homicídio culposo e outros dois por colocar a vida alheia em risco

Alenita Ramirez/ [email protected]
29/08/2023 às 09:15.
Atualizado em 30/08/2023 às 08:48
O delegado Luiz Fernando Marucci observou que, se surgirem novas informações, um novo processo investigativo poderá ser iniciado (Rodrigo Zanotto)

O delegado Luiz Fernando Marucci observou que, se surgirem novas informações, um novo processo investigativo poderá ser iniciado (Rodrigo Zanotto)

A Polícia Civil de Campinas responsabilizou quatro dos seis indivíduos que estavam sendo investigados no âmbito do inquérito relacionado ao evento conhecido como "rolezinho noturno". Esse inquérito foi finalizado com o objetivo de identificar os possíveis culpados no trágico encontro de motociclistas, o qual resultou na triste perda de três vidas e causou ferimentos a pelo menos outras trinta pessoas. O evento lamentável aconteceu na madrugada de 22 de julho, na Rodovia Santos Dumont. Os quatro indivíduos indiciados agora enfrentarão acusações formais que serão apresentadas ao Ministério Público (MP). Luiz Fernando Marucci, o delegado encarregado do inquérito, observou que, se surgirem novas informações, um novo processo investigativo poderá ser iniciado para abordar esses detalhes adicionais.

A investigação foi conduzida no 2º Distrito Policial (DP), onde foram ouvidas dez pessoas. Os policiais, ao final das apurações, conseguiram identificar os responsáveis pelas mortes e pelos feridos: dois condutores que transportavam as vítimas na garupa. Esses indivíduos serão acusados de homicídio culposo, um crime que não envolve a intenção de matar. Além disso, dois organizadores do evento, que promoveram a atividade por meio da internet, também enfrentarão acusações por colocar em perigo a vida e integridade de outras pessoas. As vítimas do trágico encontro de motoqueiros foram Bruna Maldonado Martins, Diogo Henrique Pereira e Leonardo Souza Gomes.

O delegado explicou que, embora os dois organizadores não estivessem presentes no local no momento da tragédia e não respondessem diretamente pelo homicídio, eles foram considerados responsáveis pelo perfil que atingiu mais de 50 mil pessoas. No dia do evento, cerca de 200 motoqueiros participaram do "rolezinho". "Embora ausentes fisicamente, a Polícia Civil entende que esses indivíduos foram, no mínimo, imprudentes naquela ocasião, ao promoverem um evento para um grupo tão numeroso quanto 50 mil pessoas. Eles persistiram com os planos mesmo diante do aumento do policiamento. Isso denota que já tinham ciência do risco de expor a vida e integridade de outros ao perigo", esclareceu o delegado.

Os condutores, conforme destacado por Marucci, possuem uma ligação direta ao caso, pois estavam dirigindo os veículos nos quais uma das vítimas, Bruna Maldonado Martins, de 33 anos, estava presente. "Além disso, J. L. apresenta uma característica de importância que pudemos apurar. Ele estava utilizando uma motocicleta cuja placa havia sido adulterada com fitas isolantes. Dessa forma, ele enfrentará acusações com base no artigo 302 do Código de Trânsito, que trata do homicídio culposo, bem como no artigo 311, que versa sobre a adulteração de identificação veicular", explicou Marucci.

Embora o inquérito tenha sido concluído, o delegado também ressaltou que novas investigações podem ser iniciadas devido ao número considerável de pessoas feridas e à identificação de outras placas adulteradas. Além disso, permanecem informações pendentes sobre a moto que desencadeou o incidente em cascata.

O encontro de motociclistas teve início por volta da meianoite de sábado em diferentes pontos da cidade, contando com a participação de motociclistas provenientes de diversas localidades da região. O acidente ocorreu cerca das 2 horas, próximo ao quilômetro 72 da Rodovia Santos Dumont, quando um grupo se deslocava pelo trecho de Campinas em direção a Indaiatuba.

O registro do acidente foi feito por um dos motociclistas que também ficou ferido. As imagens foram amplamente divulgadas nas plataformas de mídia social. Na época, um dos ativistas afirmou à imprensa que o "rolezinho" tinha natureza de protesto, organizado por entusiastas e praticantes de manobras radicais e empinadas de motos. O grupo reivindicava a destinação de uma área específica para tais práticas e até mesmo a legalização das manobras radicais nesse espaço designado.

No mesmo contexto, o grupo de motociclistas transitou por diversas vias de Campinas, inclusive realizando manobras perigosas. O motociclista responsável pelo registro das imagens para a mídia local na ocasião afirmou que o engavetamento teria ocorrido durante uma perseguição envolvendo a Polícia Militar.

PLACA ESCURA

Após o ocorrido, a Guarda Municipal (GM) deflagrou uma série de ações com o propósito de reprimir essa atividade criminosa, trabalhando em conjunto com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). Batizada como "Operação Placa Escura", essa iniciativa teve como objetivo principal abordar motociclistas que tentavam encobrir a placa de suas motos ao passarem por dispositivos de fiscalização eletrônica, como radares e semáforos.

No dia 1º de agosto, foram conduzidas 76 abordagens a motocicletas, resultando em 32 autuações. Essas ações ocorreram no sentido Centro da Avenida John Boyd Dunlop, próximo à rua Achiles Bertoldi, no bairro Cidade Satélite Íris, localizado na região do distrito do Campo Grande. Durante essa operação, um total de cinco motocicletas foi removido ao Pátio Municipal devido a pneus em condições precárias, ou seja, sem condições adequadas para circulação. Além disso, a Guarda Municipal efetuou a abordagem de 77 indivíduos, sendo cinco mulheres e 72 homens.

Na primeira fase da Operação "Placa Escura", ocorrida em 28 de julho, foram abordadas 65 motocicletas, resultando em 42 autuações (38 emitidas pela Emdec e quatro pela GM), além da remoção de três veículos ao Pátio Municipal.

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