VIOLÊNCIA POLICIAL

PMs acusados de agressão contra mulher são afastados

Corporação instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar desvios de conduta dos agentes

Alenita Ramirez/[email protected]
11/12/2024 às 15:39.
Atualizado em 11/12/2024 às 15:39
Hoje, a advogada Thais Cremasco acompanhará a vítima à 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para prestar seu depoimento (Rodrigo Zanotto)

Hoje, a advogada Thais Cremasco acompanhará a vítima à 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para prestar seu depoimento (Rodrigo Zanotto)

Os três policiais militares envolvidos na denúncia de agressão contra uma mulher de 48 anos, que possuía medida protetiva contra seu ex-companheiro, ocorrida em outubro do ano passado, foram identificados e afastados de suas funções, conforme informado pelo comando da corporação. Em comunicado oficial, a Polícia Militar enfatizou sua postura de não tolerância a desvios de conduta por parte de seus membros, assegurando que o caso está sendo rigorosamente investigado por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). A instituição reiterou seu compromisso com a legalidade e a ética, afirmando que qualquer excesso cometido por seus agentes será devidamente penalizado em estrita conformidade com a legislação vigente.

Hoje, a advogada Thais Cremasco, cofundadora do movimento Mulheres pela Justiça, acompanhará a vítima à 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para prestar seu depoimento sobre o incidente ocorrido em 21 de outubro. Na ocasião, a mulher foi impedida de relatar o ocorrido, tornando este depoimento crucial para o andamento do caso. 

O episódio teve início quando a dona de casa acionou a Polícia Militar (PM) para remover seu ex-marido de sua residência, amparada por uma medida protetiva vigente. Contudo, a situação se complicou devido à intervenção da filha do ex-casal, de 21 anos, que se opôs à prisão do pai, desencadeando uma discussão. 

Percebendo uma mudança na postura dos policiais, a vítima tentou conduzi-los para fora da casa, buscando testemunhas entre os vizinhos. Na calçada, um terceiro policial, que se identificou como motorista da equipe, juntou-se ao grupo. Em um ato de violência, este agente utilizou suas algemas para agredir a vítima com um soco no rosto, derrubando-a. Agravando a situação, os outros dois policiais teriam imobilizado a mulher, permitindo que seu ex-companheiro a agredisse. 

O boletim de ocorrência revela que nenhuma parte da interação foi registrada por câmeras corporais, pois os agentes não estavam equipados com elas. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o 47º e o 35º Batalhões de Policiamento Militar do Interior (BPM/I), em Campinas, são os únicos que ainda não dispõem de body cams. Estudos estão em andamento para equipar esses batalhões, porém sem prazo definido. 

No domingo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, determinou o uso obrigatório de câmeras corporais pelos policiais militares de São Paulo durante operações. Esta decisão, que atendeu a um pedido da Defensoria Pública do estado, surge em resposta aos recentes casos de violência policial registrados.

Além da obrigatoriedade do uso, Barroso ordenou que a gravação seja ininterrupta durante as operações até que se comprove a eficácia do sistema de acionamento remoto. O ministro também exigiu informações sobre processos disciplinares relacionados ao descumprimento do uso de câmeras, relatórios mensais sobre as medidas implementadas e a recomposição do número total de câmeras, garantindo que pelo menos 10.125 equipamentos estejam em operação.

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