CAPACITAÇÃO É IMPRESCINDÍVEL

PM faz treinamento inédito em área de shopping em Campinas

Simulado envolveu 50 policiais, com encenação de diversas vítimas feridas e mortas, além de uma refém

Alenita Ramirez/ [email protected]
01/07/2022 às 09:03.
Atualizado em 01/07/2022 às 09:03
Segundo a PM, o treinamento foi definido pelo 47º BPMI há mais de 15 dias e acertado junto à administração do shopping no começo da semana passada: groselha simulava sangue das vítimas, enquanto uma caixa de som emitia gritos, ajudando a dramatização a se aproximar de um caso real (Kamá Ribeiro)

Segundo a PM, o treinamento foi definido pelo 47º BPMI há mais de 15 dias e acertado junto à administração do shopping no começo da semana passada: groselha simulava sangue das vítimas, enquanto uma caixa de som emitia gritos, ajudando a dramatização a se aproximar de um caso real (Kamá Ribeiro)

Menos de uma semana depois de Campinas registrar momentos de pânico no Parque D. Pedro Shopping, durante um assalto a duas joalherias, um outro shopping center do município foi o cenário de um treinamento inédito da Polícia Militar (PM), com foco em como os policiais devem agir em casos envolvendo agressores ativos, em locais com grande concentração e circulação de pessoas. 

Apesar de ser uma situação diferente e inédita da Polícia Militar em Campinas, o simulado é o tema da quarta reportagem sobre como os shoppings podem se proteger e aos seus clientes contra os ataques da criminalidade. 

O evento foi realizado no Campinas Shopping, das 7h às 9h, antes da abertura oficial. As operações do Poupatempo, clínica médica e academia, com funcionamento a partir das 6h, não foram afetadas com o treinamento. O exercício foi realizado pelo 47º Batalhão da Polícia Militar do Interior (47ºBPMI), com a autorização do centro de compras. 

No recente assalto no Parque D. Pedro Shopping, houve tiroteio, muito pânico e correria. Um suspeito morreu e dois vigilantes foram feridos. Segundo o capitão Guilherme Boldrini, o treinamento não tem relação com o recente caso. 

Embora tenha sido realizado na quinta-feira (30), o capitão Guilherme Boldrini, destacou que o treinamento já havia sido definido pelo batalhão há mais de 15 dias e acertado com a administração do Campinas Shopping no começo da semana passada. 

“O Batalhão recorrentemente faz treinamentos, seja em escolas, universidades, empresas... E o objetivo deles é o de treinar os policiais recém-chegados na região e também os nossos policiais. Este evento coincidiu com o que houve no shopping no último sábado”, explicou. 

O tema central do treinamento visou os agressores ativos, a exemplo da invasão de dois ex-alunos a uma escola estadual em Suzano, em 2019, resultando em um terrível massacre, com cinco vítimas fatais - três estudantes e duas funcionárias. Outra tragédia recente foi o massacre na Catedral de Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Campinas, no dia 11 de dezembro de 2018, quando Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, invadiu a igreja, com duas armas, uma pistola 9 mm e um revólver calibre 38, e abriu fogo contra os fiéis que participavam do final da missa, iniciada às 12h15. 

O homem matou cinco pessoas, deixou outras três feridas, cometendo suicídio em um dos altares da nave, após ser atingido por um tiro disparado por um policial militar. A base da PM fica em frente a porta principal da Catedral e houve pânico, uma vez que a igreja fica no Calçadão da 13 de Maio, que concentra grande movimento. 

“O exercício não é só treinar os agentes, mas também estreitar os laços, tanto com a administração dos shoppings quanto com as equipes de seguranças e também difundir que a nossa polícia está cada vez mais preparada para enfrentar qualquer tipo de situação”, destacou o capitão.

Segundo Boldrini, o treinamento utilizou parte da doutrina usada pela polícia norte-americana, adaptada à realidade da polícia local, e aplicação de outras técnicas de intervenção que são correntes dentro da Polícia Militar. Isso porque alguns PMs do Batalhão participaram de um curso voltado a situações envolvendo agressores ativos nos Estados Unidos. 

Ao menos 50 policiais militares participaram do treinamento, que contou com apoio de equipes do 5º Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPAmb), 6º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep) e da Guarda Municipal (GM) de Paulínia. 

Na encenação, havia diversas vítimas, feridas, mortas e uma refém. Os policiais foram separados em trios. Groselha foi usada para simular sangue e uma caixa de som emitia gritos. A dramatização foi bem próxima à realidade. 

Tudo começou com um policial que simulava ser um vigilante que correu até a porta de entrada do shopping gritando pela ajuda da polícia. Homens armados entraram no centro comercial, ajudando vítimas, orientando e acalmando funcionários e clientes.

Ao longo da ação, havia policiais atores simulando estarem mortos e feridos. A encenação percorreu alguns corredores do shopping até chegar ao atirador, que trocou tiros com a polícia e morreu. “Em um caso, como o que ocorreu no Parque D. Pedro Shopping, o conselho para as pessoas que algum dia se vejam em uma situação semelhante é: mantenha a calma. Em estresse elevado, a pessoa deixa de respirar. Então, primeiramente fique calmo. Tome consciência de sua localização e observe as equipes de segurança e escute as orientações que elas vão passar. Repasse mentalmente as possíveis rotas de saída e, em seguida, saia do local com a ajuda de policiais, guardas ou seguranças”, orienta o capitão Boldrini.

De acordo com o policial, os brasileiros ou latino-americano não têm a cultura da prevenção e sim a do imediatismo. Logo, ao se depararem com uma situação de alto estresse, correm e gritam, “Nosso propósito é o de atuar de forma preventiva. Primeiro, volto a frisar, mantenha a calma. Não grite, não corra, entenda o local, abrigue-se. Não corra a esmo, pois isso deixa outras pessoas nervosas, gerando um estresse coletivo. Respira. Liga no 190 e espere receber orientação, porque estas pessoas são treinadas para lidar com esse tipo de situação. A situação ocorrida no shopping foi atípica, diferentemente da de hoje”, esclareceu o capitão.

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