Vítima mostra as marcas das mordidas do pit bull no seu par de tênis (Alessandro Torres)
Um autônomo de 63 anos foi brutalmente atacado por um cachorro da raça pit bull no bairro São Marcos, em Campinas, no final da manhã de domingo (11). Durante o terrível ataque do cão, ele teve parte da orelha arrancada e sofreu diversas mordidas nas pernas. Um vizinho prontamente prestou socorro à vítima, que foi medicada e liberada, mas ainda enfrenta restrições de locomoção devido às graves lesões sofridas. O cachorro estava na companhia de seu tutor, e a família da vítima registrará o caso na Polícia Civil. Este é o terceiro ataque envolvendo pit bulls na Região Metropolitana de Campinas (RMC) e o segundo ocorrido em um intervalo de apenas 13 dias. O último ataque ocorreu em Jaguariúna, entre a noite do dia 31 de maio e a madrugada do dia 1º de junho, deixando oito pessoas feridas após serem atacadas por um casal de cães da mesma raça. Os animais foram recolhidos pela Zoonoses e agora estão sob responsabilidade da Justiça.
Segundo relato da irmã da vítima, Míriam Levi, de 57 anos, o ataque aconteceu junto ao portão da casa do dono do cachorro, por volta do meio-dia. Levi Cardoso de Andrade, de 63 anos, estava passeando pela rua e parou no portão da residência para conversar com o avô do tutor do animal, um idoso com mais de 70 anos.
Enquanto conversavam, o idoso decidiu abrir o portão para sair à rua, mas o cachorro conseguiu escapar e correu em direção à rua. O homem não foi capaz de conter o animal, que imediatamente partiu para o ataque contra Andrade. As mordidas começaram nas pernas da vítima, que foi derrubada no chão e continuou sendo atacada pelo cachorro, que tem aproximadamente dois anos de idade.
O cão chegou a puxar a bermuda da vítima, que não conseguiu afastá-lo. Durante o ataque na calçada, um homem passou próximo com uma criança em um carrinho de bebê, mas não parou para ajudar o idoso. "O cachorro é muito forte. O avó do dono do cachorro não tem forças para segurar o animal. Ele a mulher dele ainda tentaram tirar o cachorro de cima do meu irmão, mas não conseguiram", relatou Míriam. "Foi horrível. Quando vi meu irmão todo machucado fiquei assustada e revoltada", acrescentou.
Segundo Míriam, a irmã da vítima e dona de casa, Andrade já tinha conhecimento da existência do cachorro na casa, mas não esperava que o animal ficasse solto no quintal, uma vez que o casal de idosos vive na residência e o neto deles, tutor do cachorro, tem um filho de cinco anos. "Ele falou que o cachorro é mansinho, mas mansinho assim? Se fosse não teria atacado meu irmão. Agora meu irmão está sem parte de uma orelha e não tem como trabalhar, pois ele não é aposentado e nem trabalha de carteira registrada, vive de bicos", desabafou.
O autônomo recebeu socorro de um vizinho, que o levou ao Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, onde recebeu atendimento médico e foi liberado. "Espero que a família do animal arque com todas as despesas e tome cuidado com esse cachorro. O certo seria o dono tirar ele do local ou, pelo menos, deixá-lo preso durante o dia para não escapar e atacar mais pessoas", acrescentou Míriam. Vizinhos relataram que o cachorro já havia atacado outras pessoas na rua.
ARRASTÃO CANINO
Em um caso semelhante ocorrido entre a noite de 31 de maio e a madrugada de 1º de junho, dois pit bulls com cerca de dois anos de idade escaparam da residência de seu tutor no bairro João Aldo Nassif, em Jaguariúna, e atacaram oito pessoas, sendo cinco homens e três mulheres. Duas das vítimas ficaram gravemente feridas. Segundo a Guarda Municipal, os animais percorreram cinco bairros em um período de sete horas. Todas as vítimas sofreram mordidas nos braços e pernas. Na época, o tutor dos cães foi preso em flagrante, mas obteve liberdade provisória durante a audiência de custódia.
Os animais foram apreendidos e levados para o Centro de Zoonoses, onde estão sob custódia judicial. O delegado responsável pelo caso, Erivan Vera Cruz, informou que os cachorros permanecem à disposição da Justiça no canil da Zoonoses, que possui uma parceria com a Faculdade de Jaguariúna. Os animais estão passando por avaliação na instituição. "Foi aberto um inquérito para investigar o caso, e o tutor está respondendo em liberdade provisória. Ainda há vítimas a serem ouvidas. Os cachorros são considerados objetos materiais no processo", afirmou o delegado.