PF recolhe 33 carros de luxo, dinheiro e 4 motos aquáticas

Um empresário do setor automotivo de Indaiatuba se viu no centro de uma operação realizada pela Polícia Federal (PF) na manhã de terça-feira (12). Jonatas Dias dos Santos, conhecido por sua influência digital com cerca de 1 milhão de seguidores nas redes sociais, está sob investigação por suspeita de envolvimento em crimes relacionados à evasão fiscal e à lavagem de dinheiro. Durante a ação, conduzida na concessionária de veículos de luxo de sua propriedade, localizada no bairro Parque das Nações, foram apreendidos 33 automóveis e quatro motos aquáticas, além de uma quantia em dinheiro de R$ 135 mil em espécie.

A operação, denominada Lactus Actio, foi deflagrada pela Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado de São Paulo (Ficco) da PF em colaboração com a Receita Federal e a Fazenda Municipal. O foco da investigação são pessoas associadas a empresas dos setores de entretenimento e autopeças no estado de São Paulo, que são suspeitas de utilizar tais empresas para a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. O objetivo é combater os crimes fiscais e de lavagem de dinheiro perpetrados por criminosos que se passam por empresários nesses setores.

No total, foram realizados 15 mandados de busca e apreensão em diversas cidades, incluindo São Paulo, Guarujá, Itu e Indaiatuba. Além disso, foram emitidas ordens judiciais para o bloqueio de valores em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas, num montante aproximado de R$ 1 bilhão, e o sequestro de bens imóveis e veículos, avaliados em mais de R$ 60 milhões. Entre os automóveis apreendidos na loja do empresário em Indaiatuba na manhã de terça-feira (12), estava um Porsche avaliado em R$ 769.900,00.

No desenrolar da operação, foram confiscados um total de R$ 642.342,00 em espécie, além de 20 relógios de luxo, dos quais 12 eram Rolex (sendo sete encontrados na residência de Jonatas), e 47 veículos de luxo, juntamente com celulares, computadores e documentos.

Segundo informações da Polícia Federal, a investigação teve início no primeiro semestre de 2022, quando transações financeiras suspeitas foram identificadas, envolvendo contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas. Estas transações estariam sendo utilizadas para movimentar e ocultar recursos de origem ilícita, sem declaração ao Fisco. Na época, os agentes detectaram uma série de movimentações, tanto de crédito quanto de débito, em nome de "laranjas", sem capacidade financeira para tais transações, bem como de empresas fictícias ou meramente de fachada.

Conforme detalha a Polícia Federal, algumas dessas empresas têm vínculos com indivíduos com antecedentes criminais extensos, relacionados a crimes como tráfico de drogas, contra o patrimônio e associação criminosa.

Nesta fase atual das investigações, foram reunidos elementos de prova que corroboram a prática de diversos atos pelos investigados com o intuito de ocultar a origem, destino e natureza dos valores movimentados por meio do Sistema Financeiro Nacional. Esses achados motivaram a decisão cautelar do Juízo pela realização do sequestro e bloqueio de bens e valores dos envolvidos.

"As buscas e apreensões realizadas têm por objetivo robustecer o conjunto probatório dos autos, reunindo novos elementos de prova de crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro e outros delitos conexos", informou a PF em nota.

Segundo a Polícia Federal, em 2023, um dos empresários sob investigação foi autuado pela Receita Federal do Brasil em mais de R$ 43 milhões. Com base nas evidências obtidas durante a investigação policial, a Receita Federal planeja iniciar novas ações fiscais, desta vez visando as pessoas jurídicas. Uma delas é uma beneficiária do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

"A Fazenda Municipal de SP, por sua vez, irá instaurar 21 operações fiscais contra empresas investigadas no inquérito policial, em face dos elementos de prova que apontam também para a sonegação do Imposto sobre Serviços (ISS)", frisou a PF. 

Por meio de sua conta no Instagram, Jonatas se pronunciou em um vídeo, afirmando estar tranquilo e disposto a colaborar com as investigações.

"Obviamente, sem dinheiro, sem conta bancária, sem nada. Temos que correr, dar satisfação para cliente de carro que está na loja. Hoje, de 57 carros, nós estávamos com dez carros consignados. Graças a Deus o número é baixo. Acaba que a gente precisa agora se inteirar no processo, entender tudo o que está acontecendo e, depois, ir tomando as medidas cabíveis judiciais", falou.

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