ROTA NORTE-SUL

PF neutraliza traficantes que faziam conexão em Viracopos

Agentes federais prendem 5 pessoas e recolhem dois quilos de skunk, a chamada supermaconha

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
16/06/2023 às 09:38.
Atualizado em 16/06/2023 às 09:38

Agentes federais observam material apreendido durante operação de combate ao tráfico de drogas (Divulgação/ PF)

A Polícia Federal (PF) de Campinas desmantelou um esquema de tráfico de drogas interestadual que utilizava voos partindo do Norte do país com conexão no Aeroporto Internacional de Viracopos, com destino ao Sul. Até as 13h de quinta-feira (15), cinco pessoas foram presas durante a operação Connection, incluindo duas em flagrante, com o objetivo de desarticular a associação criminosa responsável por essa estrutura. A ação foi realizada com base em seis mandados de prisão temporária e nove mandados de busca e apreensão nos estados do Amazonas, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul. Durante a operação, foram apreendidos dois quilos de skunk, conhecida popularmente como supermaconha, além de dispositivos eletrônicos, documentos e um contador de dinheiro.

De acordo com as investigações, a organização criminosa é composta por três células, que se dedicam, especialmente, ao tráfico de skunk dentro do país. Uma dessas células opera em Manaus (AM) e é responsável pela distribuição da droga, assim como pela identificação de pessoas de baixa renda dispostas a transportar valores em torno de R$ 2,5 mil por via aérea até o destino final. A segunda célula é formada por esses transportadores, conhecidos como "mulas", e a terceira célula é responsável pela aquisição e distribuição da droga nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

Segundo o delegado-chefe da PF, Edson Geraldo de Souza, o Aeroporto de Viracopos faz parte da rota do tráfico aéreo devido à sua conexão com outros terminais em diferentes estados do país, especialmente aqueles que não possuem voos diretos para determinados destinos. Somente entre 5 de março e esta semana, 20 passageiros foram presos em flagrante por tráfico de drogas no terminal campineiro, sendo 13 deles mulheres.

As investigações sobre essa associação criminosa tiveram início após a prisão de um açougueiro de 23 anos, realizada pela PF e pela Receita Federal em 24 de março. O indivíduo foi encontrado com 10 kg de skunk em sua bagagem, tendo saído de Manaus com destino a Joinville (SC). O delegado Souza destacou que a quantidade e a forma como a droga estava acomodada na mala chamaram a atenção, levantando a suspeita de que o passageiro estivesse realizando essa viagem pela primeira vez ou que já tivesse feito isso em outras ocasiões.

Além dessa prisão, também foi associada uma segunda detenção realizada pela Polícia Rodoviária Federal em Santa Catarina, envolvendo um homem encontrado com a mesma droga.

Após a análise dos dados obtidos com a prisão em Viracopos, os policiais federais constataram que o passageiro em questão já havia realizado pelo menos cinco viagens anteriores para o Sul do país. Com base nesses dados e em outras ocorrências envolvendo passageiros de Manaus, os agentes conseguiram identificar seis pessoas envolvidas na associação criminosa responsável pelo tráfico de skunk da Amazônia, passando por Campinas e chegando até Santa Catarina.

"Normalmente a maconha tem uma rota diferente para o tráfico, por ser uma droga mais barata, leve e que não compensa financeiramente fazer o transporte aéreo. Mas essa droga em específico, que foi apreendida, se trata de Skank, que é 10 vezes mais potente e tem um alto valor de comercialização", explicou o delegadochefe da PF.

A prisão do açougueiro ocorreu após uma intensificação da fiscalização realizada em conjunto pela PF e Receita Federal no terminal de passageiros e bagagens. Desde março até o momento, foram apreendidos mais de 140 kg de drogas, dos quais quase 40 kg são de cocaína, principalmente com rota internacional, e o restante inclui skunk, haxixe e maconha.

De acordo com o delegado, as "mulas" recrutadas no Norte são geralmente pessoas jovens, entre 20 e 30 anos de idade. Durante as investigações, os policiais descobriram que um dos suspeitos, residente em Manaus e anteriormente preso por tráfico de drogas, abriu uma empresa em 2020 que movimentou quase R$ 1 milhão em três ocasiões. "Foi uma movimentação rápida, estabelecendo conexões relacionadas ao tráfico de drogas, com débitos e créditos em valores idênticos", explicou o delegado Souza. Com base nessa descoberta, a PF abrirá uma investigação adicional sobre lavagem de dinheiro no âmbito dessa associação criminosa.

Dos cinco indivíduos presos, dois deles foram detidos por tráfico em março e estavam cumprindo pena em presídios de Campinas e Santa Catarina. Agora, eles também serão responsabilizados por associação criminosa. Outros dois indivíduos não eram alvos de mandados de prisão, mas foram presos em flagrante após a apreensão de drogas em seus endereços durante as buscas. Um deles foi preso em Joinville e o outro na capital.

As investigações em andamento continuam visando o grupo criminoso em questão. Os indivíduos envolvidos serão acusados pelos crimes de tráfico de drogas interestadual e associação para o tráfico, cujas penas somadas podem chegar a 35 anos de prisão. O nome da operação faz referência à rota estabelecida pela associação criminosa para o transporte da droga em Santa Catarina, um estado que atrai milhares de turistas devido a grandes eventos. 

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