FIM DA QUADRILHA

PF, Gaeco e PM acabam com farra do roubo de caminhões

Ação policial contra esquema criminoso resultou na identificação de 12 homens que agiam na região

Alenita Ramirez/ [email protected]
04/05/2023 às 13:22.
Atualizado em 04/05/2023 às 13:22
Viaturas da Polícia Militar estacionadas em frente à sede da Polícia Federal em Campinas: ação conjunta (Divulgação/ PF)

Viaturas da Polícia Militar estacionadas em frente à sede da Polícia Federal em Campinas: ação conjunta (Divulgação/ PF)

Uma ação conjunta da Polícia Federal (PF), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ambos de Campinas, e da Polícia Militar (PM) identificou pelo menos 12 homens envolvidos em uma associação criminosa especialista no roubo, furto, receptação e estelionato de caminhões em Campinas, Sumaré e Hortolândia. O grupo furtava, em média, um caminhão por dia, mas teve uma ocasião que levou seis de uma só vez.

Sete suspeitos foram presos na manhã de quarta-feira (3) durante o cumprimento de mandados expedidos pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Hortolândia, nas respectivas cidades. Um é considerado foragido. No total, a Justiça concedeu 12 mandados de prisão temporária de até 30 dias, prorrogáveis por mais 30, e nove mandados de busca e apreensão. Quatro integrantes estão presos desde dezembro do ano passado por receptação, em Minas Gerais, e os mandados foram cumpridos no presídio. Eles também vão responder por furtos. Pelo menos 100 policiais, entre federais e militares (neste caso do 48º Batalhão de Policiamento Militar do Interior, em Sumaré), participaram da operação.

O material apreendido e os presos foram encaminhados para a sede da PF em Campinas e os suspeitos responderão por associação criminosa, roubo, furto, receptação e estelionato, com penas que podem chegar a 30 anos de prisão. O esquema de roubo e furtos de caminhões na região começou a ser investigado no final do ano passado, a partir de informações processadas pelo serviço de Inteligência do grupo especializado em roubo de caminhões e de cargas da Polícia Federal em Campinas.

Segundo o delegado titular da PF em Campinas, Edson Geraldo de Souza, durante a investigação os agentes constataram que o grupo havia praticado diversos roubos e furtos de caminhões, inclusive, com provas de uma receptação na cidade de Extrema (MG), um roubo em Campinas, furtos em Sumaré (8 e uma tentativa), Campinas (2), Nova Odessa (1), Vinhedo (2), Cosmópolis (1) e Hortolândia (3) e um estelionato em Ribeirão Preto. A PF também investiga se os seis caminhões levados de uma empresa ambiental, localizada no Jardim Bandeirantes, em Campinas, no começo do mês passado, foram furtados pela quadrilha.

De acordo com o delegado, o grupo não tinha receptadores específicos porque o objetivo era passar o caminhão inteiro para frente o mais rápido possível. Por isso, os criminosos ofereciam os veículos em grupos de Whatsapp para quem pagasse o maior valor.

"O objetivo principal dessa associação criminosa era a revenda dos caminhões e eles não dedicavam ao desmonte ou venda de peças. Eles vendiam um caminhão inteiro para ser desmontado. Então eles não buscavam cargas específicas e nem caminhões em rodovia", explicou o delegado da PF. "A especialidade deles era simplesmente retirar os caminhões de circulação após o furto e repassá-los imediatamente", acrescentou. 

Modus Operandi

De acordo com Souza, os criminosos visavam caminhões da Wolkswagen que estavam estacionados. Um dos bandidos passava nas ruas em busca de um veículo alvo e quando achava filmava e enviava para o restante da associação. Com a escolha, eles furtavam e levavam para um local para "esfriamento", ou seja, ver se os caminhões tinham rastreador e se seria resgatado pela polícia ou por empresa de monitoramento. Durante a quarentena do veículo, os criminosos trocavam as placas no meio da rua e para tal serviço usavam roupas de assistência mecânica ou de órgãos de placas para disfarçar a troca dessas placas. "Inclusive, a gente teve que retardar um pouco a operação hoje, porque eles (criminosos) estavam 'trabalhando', furtando um caminhão em Sumaré que foi recuperado", contou o delegado da PF.

Para descobrir o esquema e identificar os criminosos, os policiais (Federal e Militar) tiveram que deixar de fazer a interceptação do caminhão, de propósito. "O que foi mais difícil durante a investigação foi a informação que obtivemos logo no começo sobre os integrantes dessa associação, que o mercado de veículos de caminhões furtados na nossa região chegava a superar o do mercado oficial de caminhões. Eles tinham uma facilidade muito grande em passar caminhões para a frente", contou Souza.

Segundo o major da PM, Roney Alexandre de Lima, os furtos e roubos de caminhões na região, especialmente em Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa e Campinas são impactantes e os números em alguns dias da semana chegam a ser superiores a subtrações de motos e veículos. "Esse trabalho integrado com a Polícia Federal é importantíssimo. Volto a dizer: esse fluxo de informações que criamos ao longo desses meses (seis meses), em conjunto, é para que as informações que os nossos patrulheiros, as denúncias anônimas e outros canais de comunicação chegassem aos ouvidos da Polícia Federal, para que de modo brilhante, eles fizessem as investigações necessárias e pudéssemos hoje, deter praticamente quase 100% dessa associação criminosa que para nós vai trazer muita paz, muita tranquilidade na nossa região, aumentando assim a sensação de segurança", frisou o major da PM. 

Os próximos passo da investigação agora é, além de encontrar os responsáveis pela adulteração da placa, identificar outros integrantes do grupo criminoso e os receptadores. A operação recebeu o nome de "Insídia", que significa emboscada e faz referência ao modo de atuação da quadrilha, que agia armada e fazia reféns.

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