PF faz megaoperação contra tráfico internacional por mar

A Polícia Federal (PF) realizou na manhã de ontem uma megaoperação para desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas que enviava especialmente para o continente europeu e africano. Os traficantes usavam equipamentos de satélite para se comunicarem entre si e cruzar o oceano, com embarcações e veleiros. Entre os alvos da ação constam endereços em Limeira (quatro de apreensão) e em Iracemápolis (um de busca e apreensão e um de prisão temporária), cidades estas que integram a Região Administrativa (RA) de Campinas. No total, 23 pessoas foram empresas. 

Denominada "Narco Vela", a operação foi deflagrada pela Delegacia de Santos e contou com apoio da unidade de Campinas. Ao todo, mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares de São Paulo participaram da força-tarefa. 

No total, a 5ª Vara Federal de Santos expediu quatro mandados de prisão preventiva, 31 de prisão temporária e 62 de busca e apreensão, cumpridos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa Catarina, além de três mandados de prisão preventiva a serem cumpridos nos Estados Unidos, Itália e Paraguai. 

Na ação foram apreendidos carros de luxo, entre os quais uma Ferrari 296GTB e uma Lamborghini Urus roxa, veículos avaliados em torno de R$ 3,5 milhões cada, além de embarcações que foram usadas no tráfico, jóias, relógios de luxo, dinheiro e drogas. A Justiça Federal também determinou o bloqueio e apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhão.

INVESTIGAÇÕES 

De acordo com a PF, a investigação começou a partir de uma comunicação da Agência de Repressão às Drogas dos EUA (Drug Enforcement Administration - DEA) sobre a apreensão de pouco mais três toneladas de cocaína dentro de um veleiro brasileiro em alto-mar, próximo ao continente africano, em fevereiro de 2023. A carga saiu de Caraguatatuba para ser entregue na África. 

A abordagem foi feita pela Marinha Americana, porém os agentes constataram que outros carregamentos foram interceptados em águas internacionais pela Guarda Civil Espanhola e a Marinha Francesa, que somaram mais de quatro toneladas. Essas apreensões aconteceram entre julho de 2022 a maio de 2024. 

Em entrevista a imprensa da Baixada Santista, o delegado Osvaldo Scalezi Júnior disse que a organização criminosa tinha a base no litoral e era responsável por armazenar a droga em região terrestre e acondicioná-la em pequenas lanchas, responsáveis pelo transporte até o alto-mar. 

Para este transporte, os criminosos com mais experiência no tráfico internacional recrutavam pescadores, com a promessa de ganho de valores latos para participarem do esquema de travessia. Já na região de altomar, de acordo com a autoridade policial, os entorpecentes eram transferidos dessas lanchas pequenas para barcos maiores, como pesqueiros e veleiros que faziam as travessias transoceânicas até os países de destino da droga. 

Além do grupo da Baixada Santista, a organização criminosa contava com outros núcleos que se dividiam entre a aquisição do entorpecente, a negociação da aquisição nos países produtores e a negociação de remessa para a Europa. Segundo a PF, os investigados irão responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e integração de organização criminosa. 

No Estado de São Paulo, os mandados foram cumpridos em Bertioga (um de busca e apreensão), Guarujá (17 de busca e apreensão e dez de prisão temporária), Ilhabela (um de busca e apreensão e um de prisão temporária), Praia Grande (três de busca e apreensão e três de prisão temporária), Santos (17 de busca e apreensão e seis de prisão temporária), São Paulo (um de busca e apreensão), São Sebastião (um de busca e apreensão e um de prisão preventiva), Sorocaba (um de busca e apreensão e um de prisão temporária) e Taubaté (um de busca e apreensão e uma de prisão temporária).

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