Família da criança de 5 anos ficou abalada após a descoberta das evidências do crime repugnante
Agentes da Delegacia de Investigações Gerais conduzem o barbeiro residente no Jardim Amanda 2, em Hortolândia, acusado de pedofilia (Divulgação)
Uma operação de combate à pedofilia, liderada na manhã de ontem pela equipe da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Campinas, desvendou uma história chocante em Hortolândia. Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, os policiais civis se depararam com um caso de abuso infantil que demandou uma difícil revelação à família da vítima, uma menina com menos de cinco anos de idade.
O alvo da operação não apenas compartilhava vídeos de pornografia infantil, mas também os produzia, tendo como vítima a enteada de seu próprio irmão. A descoberta do crime ocorreu durante a realização de interrogatórios na sede da DIG, quando os investigadores confrontaram o suspeito com uma das imagens analisadas.
O pai da criança, que detém a guarda provisória e reside em Valinhos, foi informado do terrível crime pelos agentes da unidade policial, resultando em um estado de choque compreensível.
O suspeito de pedofilia, um barbeiro residente no Jardim Amanda 2, vinha sendo investigado há pelo menos três meses, desde que a DIG recebeu um relatório da Polícia Federal (PF) indicando a presença de uma pessoa na região de Campinas envolvida na distribuição e armazenamento de conteúdo pornográfico envolvendo crianças. Com base nessas informações, os policiais deram início às investigações.
"Estabelecemos uma relação de cooperação e troca de informações com a Polícia Federal, que recebe dados do NCMEC (Centro Nacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas na sigla em inglês), um órgão internacional que monitora atividades de download desse tipo de material na internet. Diante das informações preliminares que indicavam que o IP do usuário responsável pelo download estava na nossa região, o caso foi encaminhado à DIG para prosseguimento das investigações", explicou o delegado Luiz Fernando Dias de Oliveira, responsável pela condução do caso.
Segundo o delegado, numa primeira fase da investigação, os policiais concentraram seus esforços em identificar o usuário associado ao endereço de IP. Três dos vídeos examinados, conforme relatado por Oliveira, suscitaram suspeitas, pois pareciam mostrar o próprio suspeito cometendo os abusos contra uma criança, aparentemente uma menina de 4 ou 5 anos de idade. "Diante disso, solicitamos judicialmente uma ordem de busca e apreensão no domicílio do investigado para verificar a existência desse material pornográfico envolvendo menores, o que foi confirmado", detalhou o delegado.
Os investigadores descobriram que o suspeito é casado e pai de duas crianças, uma delas da mesma idade da vítima, e que sua esposa trabalha com decoração de festas infantis. A família reside no mesmo local que a mãe da criança e seu atual parceiro.
Os pais da menina estão separados, e ela fica com a mãe a cada 15 dias. O pai relatou que, em algumas ocasiões, deixava a filha por até três dias com a mãe para manter o vínculo entre ambas.
A revelação dos abusos chocou a família paterna da criança, que é evangélica e tem um pastor como patriarca. "É uma dor imensa. Cuido muito da minha neta. Ela passa bastante tempo comigo. Meu filho trabalha incansavelmente para dar o melhor para ela, para que nada lhe falte", desabafou a avó paterna da vítima.
A confirmação de que o barbeiro também praticava o crime de estupro de vulnerável surgiu quando os investigadores compararam as imagens de três dos vídeos compartilhados com o piso presente nas fotos das decorações de festas postadas pela esposa do suspeito em suas redes sociais. "No vídeo, é possível ver a mão dele e uma tatuagem. Até então, estávamos convencidos de que ele também produzia os vídeos, mas não sabíamos quem era a vítima. Quando o trouxemos para a DIG, ele acabou confessando", revelou Oliveira.
Segundo o delegado, o suspeito descartou o celular utilizado para compartilhar as imagens, o que foi identificado pela NCMEC. Contudo, a prisão em flagrante se concretizou quando um vídeo de pornografia infantojuvenil foi encontrado em seu dispositivo atual. "Apesar da quantidade reduzida de material, isso possibilitou a autuação em flagrante. A lei não distingue a quantidade, mas sim a conduta de manter esse tipo de conteúdo armazenado em seu telefone, redes sociais ou dispositivos eletrônicos, configurando o crime", explicou Oliveira.
O barbeiro foi preso em flagrante e passará por audiência de custódia hoje. Devido à natureza do crime, envolvendo crianças, espera-se que ele seja encaminhado para um presídio em Sorocaba. A pena máxima para tais crimes pode atingir 27 anos de prisão.
INFECÇÃO URINÁRIA
Após passar o final de semana na casa da mãe em celebração ao Dia das Mães, a menininha enfrentou uma situação dolorosa. Segundo informações do delegado, o padrasto não é suspeito de envolvimento no crime. No entanto, a avó paterna revelou que a mãe da vítima reside com seu atual marido desde o ano passado e que, desde o início deste ano, a menina vinha queixando-se de dores ao urinar. A avó suspeitava de uma possível infecção urinária. "Recentemente, ela reclamou de dores intensas e eu comuniquei meu filho. Ele me pediu para banhá-la, pois evitava qualquer contato íntimo para não gerar atritos com a mãe dela. Assim, eu assumia os cuidados com minha neta. Nunca imaginamos que ela estivesse sendo vítima de uma violência tão horrenda", desabafou a idosa.
O delegado Oliveira afirmou que o crime de estupro será investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Hortolândia.
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