Desempregado, de 23 anos, foi preso por maus-tratos contra o próprio enteado
Padrasto é conduzido à 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) (Alenita Ramirez)
Um indivíduo desempregado de 23 anos foi preso em flagrante na manhã de terça-feira (5), em Campinas, por maus-tratos que resultaram na morte de seu enteado, um bebê de apenas oito meses de idade. A vítima foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros, que foi acionado pelo próprio suspeito, alegando que o bebê havia se engasgado. No entanto, os agentes que atenderam à ocorrência notaram que o bebê apresentava hematomas pelo corpo e mordidas na barriguinha, além de ter sofrido uma parada cardiorrespiratória. O bebê foi levado ao Hospital Municipal Ouro Verde, onde os médicos também identificaram indícios de violência sexual. Infelizmente, o bebê não resistiu e veio a falecer.
A Polícia Militar (PM) foi chamada ao local e conduziu o casal até a 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Inicialmente, Francis Dias de Andrade negou qualquer envolvimento em crime algum, alegando inocência. Contudo, ao longo do dia, após investigações na residência do casal no Jardim Yeda, depoimentos de testemunhas e a análise de laudos e fotografias do hospital, bem como do laudo necroscópico emitido pelo Instituto Médico Legal (IML), que confirmou que a causa da morte do bebê foi traumatismo cranioencefálico, o desempregado confessou que deixou o bebê cair da cama na tarde de segunda-feira (4) e que omitiu o acidente para evitar que a mãe o culpasse.
Quanto às mordeduras, ele inicialmente alegou que foram brincadeiras, porém, diante dos laudos que apontaram lesões graves, admitiu que mordeu o bebê devido ao choro da criança. Em relação ao suposto estupro, indicado pelo médico do hospital devido a lesões na região anal, o exame necroscópico identificou relaxamento na área, mas a Polícia Civil solicitou novos laudos para confirmar a presença de violência antes de imputar oficialmente o crime ao desempregado.
A mãe do bebê, Michele Cairo da Silva, de 19 anos, que atua como cabeleireira e faz trabalhos freelancer em eventos, foi interrogada e enfrenta a possibilidade de ser indiciada por maus-tratos à criança. Isso ocorreu após um relato de uma testemunha que alegou que Michele estava envolvida nos maus-tratos. No entanto, Michele negou as acusações e explicou que deixava o filho aos cuidados do marido devido à sua situação de desemprego, sendo ela a única fonte de renda na família.
A jovem relatou que começou a suspeitar dos maus-tratos há aproximadamente duas semanas, quando começou a notar hematomas no bebê. Preocupada, questionou o marido sobre as lesões, mas ele insistia que eram causadas pelos brinquedos da criança. Michele chegou a retirar alguns brinquedos e guardá-los, mas os hematomas continuaram a aparecer.
O relacionamento do casal teve início quando Michele ainda estava grávida de um relacionamento anterior. Eles estavam juntos há um ano e seis meses. Durante a semana, Michele trabalha como cabeleireira, e nos finais de semana, ela realiza trabalhos como freelancer em eventos.
Durante pelo menos um mês, o bebê ficou sob os cuidados de Andrade, padrasto da criança. Anteriormente, quando o padrasto estava trabalhando, o bebê era cuidado por uma tia-avó e, em algumas ocasiões, por uma cuidadora.
A jovem relatou que na noite de segunda-feira (4) chegou do trabalho pouco antes da meia-noite e encontrou o filho dormindo tranquilamente. Após fazer um lanche, seu marido pediu que ela não perturbasse o bebê e foi dormir. Por volta das 4h, ela acordou com seu marido a chamando, informando que o bebê estava com uma coloração roxa. "Fui ver e realmente o neném estava sem reação. Falei para chamar os bombeiros, mas ele não quis e falou para nós mesmos reanimarmos o meu filho. Mas falei que precisava de um médico. Então ele chamou, mas não queria a polícia", disse.
Segundo o aspirante oficial da PM, Miguel, o Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 6h30. "Fomos acionados e conversamos com a equipe médica que relatou sinais de violência e indícios de violência sexual. Conversamos com a mãe que nos contou que ela deixava o filho com o padrasto. Ele estava nervoso e tentando deixar o local, então o detivemos", contou o oficial da PM.
Parentes da jovem afirmaram que nunca suspeitaram de agressões contra o bebê, mas reconheceram que o relacionamento do casal era tumultuado e que o marido era violento com a jovem. "As vezes o neném aparecia com machinhas, mas como ele tem alergia a picadas de inseto, não desconfiávamos de nada. Vez ou outra o bebê passava mal, mas era socorrido", explicou a prima da cabeleireira, Camila Cairo, que também trabalha como freelancer em eventos.
A jovem afirmou que nunca testemunhou seu marido agredindo o filho e revelou que, há uma semana, ela mesma sofreu agressões físicas, incluindo chutes nas costas e pernas, após questionar seu marido sobre as lesões na barriga do menino, os hematomas nos braços e nas pernas. "Ele negou as agressões e foi agressivo comigo. Decidi separar dele e nesta semana ia sair de casa", disse a cabeleireira.