O QUE FAZER?

Ousadia de bandidos desafia a lei e as forças de segurança

Atos de violência, como a execução diante de uma Delegacia, expõem a fragilidade do sistema

Alenita Ramirez/ [email protected]
18/11/2023 às 13:03.
Atualizado em 18/11/2023 às 19:40
Policiais cercam a cena do crime em frente à Delegacia de Hortolândia, onde uma pessoa foi executada com 28 tiros em plena luz do dia (Alessandro Torres)

Policiais cercam a cena do crime em frente à Delegacia de Hortolândia, onde uma pessoa foi executada com 28 tiros em plena luz do dia (Alessandro Torres)

Embora alguns crimes ocorram na presença de testemunhas ou em locais movimentados, a audácia dos criminosos que executaram o empreiteiro Adenir Batista dos Santos Júnior, de 40 anos, na manhã de quinta-feira (16), em Hortolândia, é notável. Imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos nas proximidades do local do crime já circulam nas redes sociais, evidenciando a frieza e a ousadia do criminoso. O ato ocorreu em frente à Delegacia do Município, numa região densamente frequentada por carros e pedestres, além de contar com diversas câmeras de segurança. O atirador, investigado quanto à possibilidade de haver mais de um, desceu do veículo sem qualquer disfarce, disparando 28 tiros contra a vítima. Posteriormente, adentrou um veículo de cor chamativa (vermelho) e fugiu.

"A ousadia reflete a evolução do crime. Diariamente, criminosos se aprimoram, enquanto a legislação e o sistema judiciário não conseguem acompanhar essa velocidade", argumentou Adalberto Santos, especialista em segurança pública. "É de conhecimento geral que a legislação, especialmente o Código Penal, está defasada", acrescentou.

Além da estagnação legal, a reduzida quantidade de efetivos nas polícias Militar e Civil contribui para o aumento do crime e sua impunidade na sociedade. Santos destaca que a escassez de agentes de segurança resulta em uma significativa redução na resolução de crimes, principalmente homicídios, atingindo cerca de 8%. Mesmo entre os casos solucionados, muitos acabam sendo absolvidos ou condenados a penas brandas no sistema judicial.

Santos enfatiza que diante das lacunas legais e da carência de recursos nas polícias, a criminalidade percebe que o crime pode compensar, pois a punição não é proporcional ao delito. "Existe uma desigualdade substancial entre o crime e a punição em nossa legislação. É crucial que o Estado aprimore não apenas o efetivo quantitativo, mas também a tecnologia e os recursos das forças de segurança", ressalta.

O especialista em segurança pública também defende uma reforma abrangente no Código Penal pelo Congresso Nacional, exigindo que a justiça aplique punições mais severas. "O avanço do crime não é exclusividade do Brasil, mas é uma realidade em outros países, como na Europa e América Latina, devido ao desequilíbrio entre crime e punição", destaca Santos.

Além do assassinato do empreiteiro, que foi observado pelo "big brother" das câmeras de segurança, dois outros sinistros foram registrados em bairros distintos em Campinas e ganharam atenção online. Um deles envolve um suposto falso entregador que furtou uma mochila de um carro estacionado na Avenida Professora Ana Maria Silvestre Adade, no Parque das Universidades. A ação, capturada por uma câmera de segurança em frente ao Campus I da PUC-Campinas, resultou no roubo de um notebook, fones de ouvido, documentos e cartão de crédito, entre outros pertences do motorista. Em outro caso, no bairro Taquaral, um homem invadiu uma casa para roubar uma bicicleta, também registrado por câmeras de segurança.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por