Atos de violência, como a execução diante de uma Delegacia, expõem a fragilidade do sistema
Policiais cercam a cena do crime em frente à Delegacia de Hortolândia, onde uma pessoa foi executada com 28 tiros em plena luz do dia (Alessandro Torres)
Embora alguns crimes ocorram na presença de testemunhas ou em locais movimentados, a audácia dos criminosos que executaram o empreiteiro Adenir Batista dos Santos Júnior, de 40 anos, na manhã de quinta-feira (16), em Hortolândia, é notável. Imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos nas proximidades do local do crime já circulam nas redes sociais, evidenciando a frieza e a ousadia do criminoso. O ato ocorreu em frente à Delegacia do Município, numa região densamente frequentada por carros e pedestres, além de contar com diversas câmeras de segurança. O atirador, investigado quanto à possibilidade de haver mais de um, desceu do veículo sem qualquer disfarce, disparando 28 tiros contra a vítima. Posteriormente, adentrou um veículo de cor chamativa (vermelho) e fugiu.
"A ousadia reflete a evolução do crime. Diariamente, criminosos se aprimoram, enquanto a legislação e o sistema judiciário não conseguem acompanhar essa velocidade", argumentou Adalberto Santos, especialista em segurança pública. "É de conhecimento geral que a legislação, especialmente o Código Penal, está defasada", acrescentou.
Além da estagnação legal, a reduzida quantidade de efetivos nas polícias Militar e Civil contribui para o aumento do crime e sua impunidade na sociedade. Santos destaca que a escassez de agentes de segurança resulta em uma significativa redução na resolução de crimes, principalmente homicídios, atingindo cerca de 8%. Mesmo entre os casos solucionados, muitos acabam sendo absolvidos ou condenados a penas brandas no sistema judicial.
Santos enfatiza que diante das lacunas legais e da carência de recursos nas polícias, a criminalidade percebe que o crime pode compensar, pois a punição não é proporcional ao delito. "Existe uma desigualdade substancial entre o crime e a punição em nossa legislação. É crucial que o Estado aprimore não apenas o efetivo quantitativo, mas também a tecnologia e os recursos das forças de segurança", ressalta.
O especialista em segurança pública também defende uma reforma abrangente no Código Penal pelo Congresso Nacional, exigindo que a justiça aplique punições mais severas. "O avanço do crime não é exclusividade do Brasil, mas é uma realidade em outros países, como na Europa e América Latina, devido ao desequilíbrio entre crime e punição", destaca Santos.
Além do assassinato do empreiteiro, que foi observado pelo "big brother" das câmeras de segurança, dois outros sinistros foram registrados em bairros distintos em Campinas e ganharam atenção online. Um deles envolve um suposto falso entregador que furtou uma mochila de um carro estacionado na Avenida Professora Ana Maria Silvestre Adade, no Parque das Universidades. A ação, capturada por uma câmera de segurança em frente ao Campus I da PUC-Campinas, resultou no roubo de um notebook, fones de ouvido, documentos e cartão de crédito, entre outros pertences do motorista. Em outro caso, no bairro Taquaral, um homem invadiu uma casa para roubar uma bicicleta, também registrado por câmeras de segurança.