Casal oferecia consultas gratuitas e depois vendia óculos e armações com lentes defeituosas
Material apreendido na operação conjunta da Guarda Civil Municipal (GCM) e da Polícia Civil (Willians Morran/Mandiga News Noticias)
Um homem de 41 anos e uma mulher de 23 foram presos em flagrante na quinta-feira (3) em Indaiatuba, acusados de exercício ilegal da medicina e falsificação de produtos terapêuticos e medicinais. As autoridades agiram em resposta a denúncias de várias vítimas que relataram que o casal se fazia passar por oftalmologistas, oferecendo consultas gratuitas, porém vendendo óculos e armações com lentes defeituosas. As prisões ocorreram como resultado de uma operação conjunta da Guarda Civil Municipal (GCM) e da Polícia Civil, após relatos de indivíduos enganados pelo casal.
De acordo com o GCM Álvaro Augusto Barbosa dos Santos Ribeiro, a dupla operava a partir de uma van com placas de Cotia, São Paulo, abordando pessoas nas ruas e oferecendo exames de vista gratuitos no conforto de suas casas. As vítimas concordavam com o atendimento e marcavam consultas domiciliares, momento em que a dupla comparecia com a van devidamente equipada.
Ribeiro, membro da GCM, explicou que os suspeitos haviam praticado essa fraude por um período significativo de tempo em várias cidades, incluindo Salto e Itu, além de Indaiatuba. A estratégia da van como um consultório móvel dava credibilidade ao seu esquema, pois estava equipada com dispositivos de optometria, cadeiras de atendimento e até mesmo formulários de receita.
"Durante a consulta, eles prescreviam receita para o paciente com o 'grau' que eles tinham constatado no exame, mas quando a pessoa recebia o óculos, o grau não atendia sua necessidade", explicou o GCM. Os óculos eram vendidos por valores que variavam de R$ 500 a mais de R$ 1 mil.
Os pacientes precisavam fazer um depósito inicial de aproximadamente R$ 50 a R$ 100 e pagar o restante no momento da entrega. "Achamos na Van uma maquininha de débito/crédito, que era usada para parcelar a compra", disse Ribeiro.
Foi a equipe de Ribeiro quem localizou a Van na Rua José Carlos Wolf esquina com a Rua Lúcio Fernandes Filho, no Jardim Tancredo Neves. O veículo já era monitorado pela "muralha digital" e dentro dele, além dos equipamentos médicos, foram achadas cerca de dez receituários e óculos , supostamente para entrega.
As pessoas indicadas na receitas foram contactadas por policiais civis e algumas foram na delegacia e confirmaram que a mulher e o homem realizavam os exames e passam a receita do grau.
À polícia, o homem alegou que era optometrista, que trabalhava para uma empresa de Itu e que examinava os pacientes com um equipamento refrator, enquanto a moça disse ser vendedora. Os dois foram presos em flagrante e ficaram à disposição da Justiça. Ele estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida e o veículo com documentação atrasada.
"As pessoas devem ficar atentas e desconfiar de serviços gratuitos, oferecidos na rua. Cheque sempre se as informações fornecidas são verdadeiras e, como neste caso, veja se os profissionais têm registro junto ao Conselho de Medicina. Se tratando de saúde, sempre procure um médico cadastrado. Os dois presos não tinham conhecimento técnico nenhum", orientou Ribeiro.
Em nota, a prefeitura informou que a Vigilância Sanitária foi chamada juntamente a um agente de fiscalização, que apreendeu o material. "O departamento de Fiscalização de Taxas e Postura aplicou duas multas de R$ 2.576,00 cada, por falta de alvará e licença de funcionamento. Já a Vigilância Sanitária realizou a autuação pela falta de alvará e licença sanitária. Os infratores têm 10 dias para apresentar defesa no departamento de saúde e a multa pode chegar até R$6,4 mil", frisou.