Número de furtos a lojas do Centro quase quadruplica no 1˚ trimestre

O número de furtos a lojas na região central de Campinas no primeiro trimestre deste ano quase quadruplicou em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto de janeiro a março de 2024 foram registrados oito casos, neste ano foram 31 ocorrências. Os crimes, em sua maioria, aconteceram no período entre 23h e 5h da manhã. O acesso às lojas em boa parte deles foi por arrombamento. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) e refletem a sensação de insegurança relatada por comerciantes e lojistas do Centro. Somente nos últimos dez dias, a Guarda Municipal (GM) e a Polícia Militar (PM) detiveram um total de nove pessoas envolvidas em furtos a comércios. Os crimes são investigados pelo 1˚ Distrito Policial (DP).

A área abrangência do 1˚ DP engloba outros bairros localizados no entorno do Centro. Nos três primeiros meses deste ano, o DP registrou 278 ocorrências de furtos diversos, que vão desde cartão de passe a fios de cobre. Desse montante, 31 tiveram como alvo específico as lojas de roupas, calçados e alimentos. A situação do Centro fica ainda mais complexa ao levar em consideração que houve queda de 5,1% nos casos de furtos em geral em toda a área atendida pelo 1˚ DP, baixando de 843 no ano passado para 800 no primeiro trimestre deste ano.

O aumento nos furtos com arrombamento no Centro aconteceu no trecho entre a Estação Cultura e a Avenida Francisco Glicério. Em um dos casos, a central de monitoramento da GM chegou a enviar viaturas para o endereço da ocorrência, mas os criminosos fugiram.

Em outra situação, equipes da PM detiveram quatro pessoas com dezenas de produtos furtados nas proximidades do Terminal Central, nas margens da linha férrea. Em uma terceira ocorrência, no quarto de uma pensão localizada na Rua 20 de Novembro, guardas municipais localizaram várias peças de roupas de uma loja que fica na Rua 13 de Maio, simulacro de arma, facas, dez celulares, dez documentos, máquina de débito e cartões em nomes de diversas pessoas. Na época, o suspeito conseguiu fugir. “Em menos de dois dias a loja foi arrombada duas vezes. Na segunda, levaram diversas roupas e um carrinho de bebê, mas a polícia conseguiu recuperar tudo e prender os ladrões”, contou a supervisora de um brechó de roupas infantis, Vitória Granda. “Ficamos um pouco assustados, pois outras lojas na rua já foram furtadas. O jeito é se precaver e investir em mais segurança”, acrescentou.

O presidente do Conselho de Segurança (Conseg) Centro, Fileto de Albuquerque, disse que recebe diversos relatos de comerciantes e moradores sobre os furtos nos grupos de WhatsApp, inclusive com imagens. Ele afirmou que sentiu essa percepção de que os furtos aumentaram nos últimos meses. “Durante a noite vemos muitas pessoas vulneráveis transitando pelas ruas do Centro. Em meio a elas, também circulam os criminosos. Eles se aproveitam dessas pessoas para cometerem crimes”, disse Albuquerque.

Segundo ele, apesar de haver patrulhamento, tanto a Polícia Militar como a Guarda Municipal não conseguem evitar os arrombamentos dos estabelecimentos. “Os agentes de segurança patrulham também outros bairros e é neste momento que os criminosos agem. O Poder Público não consegue sozinho cuidar da segurança local, então o aconselhável é que os comerciantes também façam a segurança primária, com a instalação de bons alarmes e monitoramento de câmeras”, comentou.

Para discutir as questões voltadas aos crimes registrados na região, o presidente do Conseg disse que em toda última quinta-feira do mês é realizada uma reunião com a participação de um representante da Polícia Civil, em especial do delegado José Roberto Micherino Andrade e do capitão da PM, Caio Serralvo Teizen. “O ideal é que a legislação brasileira mudasse. As forças de segurança prendem, mas a justiça solta por conta das leis que são brandas. Por isso seria muito bom que houve maior participação da população nas reuniões do Conseg”, disse. 

De acordo com a GM, entre janeiro e abril deste ano, a corporação realizou 6.159 atendimentos na região central e prendeu 92 pessoas. Também foram detidos 26 procurados da justiça e apreendidos 44,1 quilos de drogas, duas armas e R$ 4.761,65 em dinheiro. Quatorze veículos foram recuperados. “A Guarda Municipal está dia e noite presente no Centro com o objetivo de coibir e atuar contra a criminalidade por meio do Programa Centro Mais Seguro. Viaturas motorizadas e guardas municipais a pé mantêm patrulhamento diário e constante em toda a região central de forma dinâmica”, frisou a GM em nota.

A corporação ainda lembra que a região central conta com monitoramento por câmeras e que é realizado regularmente operações para reprimir atividades ilícitas, como tráfico de drogas e receptação de materiais furtados, que são feitas ou somente pela GM ou de forma integrada com as polícias Civil e Militar. “A população também pode acionar o telefone 153, disponível 24 horas, para fazer denúncias sobre crimes”, enfatizou.

A PM também informou que o 8º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPMI) efetua ininterruptamente o policiamento preventivo, com “a missão de proteger as pessoas, combater o crime, preservar a ordem pública e aplicar a lei”, utilizando-se de diversos programas de policiamento, com uso de motocicletas, viaturas quatro rodas, bases comunitárias móveis e Força Tática, além do apoio do 1º Batalhão de Ações Especiais de Policiamento (Baep).

De acordo com o batalhão, até a última semana, foram realizadas 11.859 abordagens a pessoas, 3.868 a veículos, prisão de 65 infratores em flagrante e captura de 31 procurados pela Justiça. “Ressaltamos que a unidade acompanha diariamente os indicadores criminais, promovendo reuniões de alinhamento e planejamento estratégico, com o objetivo de ajustar e intensificar as ações de combate à criminalidade nos pontos sensíveis”, ressaltou o batalhão.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o policiamento ostensivo e preventivo em Campinas segue reforçado pela Polícia Militar, com base em estatísticas criminais e denúncias feitas pela população. Paralelamente, a Polícia Civil tem intensificado as investigações e o trabalho de inteligência na busca por criminosos, com atenção especial aos receptadores, responsáveis por alimentar a cadeia ilícita de crimes patrimoniais. “Como resultado desse esforço conjunto, a área da 1ª Delegacia Seccional de Campinas registrou uma redução de 13% nos furtos a estabelecimentos comerciais. Além disso, 970 infratores foram presos ou apreendidos na região e 53 armas de fogo foram retiradas das ruas”, finalizou.

A Pasta ainda reforça a importância de registrar boletim de ocorrência, uma vez que todos as notificações são investigadas pela Polícia Civil com o apoio de tecnologia e ações de inteligência, com o objetivo de esclarecer os crimes e prender os envolvidos. 

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