IMPORTUNAÇÃO E ESTUPRO

Neurocirurgião é acusado de abuso sexual por 4 mulheres

Além de sua clínica particular, médico atuava no Hospital Irmaõs Penteado e no HC da Unicamp

Alenita Ramirez/alenita.ramirez@rac.com.br
06/06/2025 às 17:02.
Atualizado em 06/06/2025 às 17:02

Consultório particular do especialista na região Central de Campinas está vazio e com uma placa de ‘aluga-se’ (Kamá Ribeiro)

Um médico neurocirurgião de 73 anos, é acusado por ao menos quatro mulheres de importunação sexual e estupro. As vítimas são de diferentes cidades e registraram as denúncias entre 2015 e 2023. Elas relataram à polícia terem sido assediadas quando eram atendidas ou acompanhavam familiares. 

As denúncias, que tramitam em sigilo no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) foram registradas na delegacia de Paulínia, 5º Distrito Policial (DP) de Campinas e outras unidades da cidade, mas foram centralizadas na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Todas as vítimas são mulheres com mais de 45 anos. 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a 1ª DDM apura "procedimentos criminais relacionados ao caso", sendo que alguns ainda estão em andamento e outros já foram concluídos e enviados à Justiça. E que um termo circunstanciado (TCO) relacionado a um caso anterior também foi finalizado e encaminhado ao Judiciário.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo e da Paraíba, onde o profissional também atuou, informaram que o especialista teve seu registro suspenso pelo prazo de seis meses. O CRM da Paraíba disse que foi notificado no mês passado. 

PALCO DOS CRIMES 

Os casos aconteceram na clínica do médico, localizada na Rua José Paulino, e no Hospital Irmãos Penteado, em Campinas. O especialista também atende no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, dos quais solicitou férias e pode ser afastado até a conclusão de um processo administrativo ligado a ele, segundo nota divulgada pelo HC. 

A primeira denúncia aconteceu em maio de 2015, mas acabou sendo arquivada por falta de provas. Na época, uma moradora de Americana registrou boletim de ocorrência contra o médico na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santa Bárbara D'Oeste, relatando que acompanhava a sogra em uma consulta no Hospital Irmãos Penteado, em Campinas, quando o médico pediu que ela o acompanhasse até uma sala para ver o resultado dos exames. 

Neste momento, segundo os relatos, ele teria segurado em seus braços e colocado as mãos em seus ombros enquanto dizia "me abraça gostoso". O especialista também teria dito outras palavras de importunação, além de a ter segurado pelo pescoço e tentado beijá-la. Depois, forçou que ela ficasse, mas a vítima conseguiu sair. 

A denúncia deu origem a um inquérito policial, que foi arquivado por falta de provas. 

Seis anos depois, foi a vez de uma moradora de Campinas registrou boletim de ocorrência por importunação sexual na 1ª DDM. Era época de pandemia e ela estava com máscara. A vítima disse que estava na clínica do médico e ele mandou tirar a máscara e disse que ela era "bonita, uma princesa". 

Além disso, ele teria feito perguntas pessoais e, ao final do atendimento, o neurocirurgião a abraçou e a beijou nos dois lados do pescoço e depois na testa. 

Em outra denúncia, uma mulher, então com 59 anos, relatou que vez ou outra acompanhava a mãe idosa às consultas com o médico, do qual era paciente havia cerca de dez anos. Quando ia com a mãe, o especialista rasurava as receitas, obrigando-a a voltar ao consultório. Em uma dessas vezes, o médico tentou agarrá-la e forçou um beijo, que não foi consumado. Em outra consulta, com a mãe, ele disse que ela estava lhe devendo algo, se referindo ao beijo. 

As situações de importunação teriam acontecido em junho de 2022, mas a mulher só fez a denúncia à Polícia Civil em julho de 2023. "Na época, minha mãe não deixou eu denunciar para a polícia porque precisava dele, pois ela tinha passado por cirurgia na coluna e estava fazendo tratamento. Só tomei iniciativa depois que minha irmã mais nova do que eu e minha sobrinha, de 18 anos, também foram vítimas dele", contou a mulher, cujo nome foi preservado. A irmã e a sobrinha não fizeram queixa, por vergonha e medo.

DANOS 

Além dos crimes sexuais, o especialista também responde a um processo por danos morais, movido por uma enfermeira que participou de uma cirurgia com ele, no Hospital Irmãos Penteado. Ele foi condenado em primeira instância a pagar uma indenização de R$ 10 mil à denunciante. 

O médico é natural da Paraíba, onde foi candidato a deputado estadual em 2018. A clínica em que o médico atendia em Campinas está desocupada e o imóvel está à venda. 

Em nota, o Hospital Irmãos Penteado informou que não pode prestar informações sobre o caso, por impedimentos de ordem legal, mas que se o hospital receber denúncia dessa natureza adotará as providências previstas em lei e comunicará a polícia. 

Por meio de nota, a defesa do médico alega que ele nega as acusações que lhe foram imputadas e tem mantido postura transparente e colaborativa perante as autoridades competentes, sempre com respeito à Justiça, à verdade dos fatos e às partes envolvidas. “Como demonstração de compromisso com a lisura da apuração, o médico afastou-se, totalmente das funções profissionais relacionadas aos episódios sob investigação, visando preservar a integridade do processo e assegurar um ambiente isento e sereno para o seu curso”, informa ainda a nota.

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