APROVADO

Muralha Eletrônica ajuda a desvendar crimes na RMC

Sistema integrado de câmeras inteligentes auxilia a polícia na identificação de criminosos na região

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
03/09/2023 às 18:13.
Atualizado em 03/09/2023 às 18:13

Agentes da Emdec trabalham na sala especial de monitoramento da Central Integrada de Monitoramento de Campinas (CIMCamp) (Rodrigo Zanotto)

Em questão de poucos dias, a Muralha Eletrônica de Campinas desempenhou um papel fundamental na colaboração com as autoridades policiais, permitindo a elucidação de dois casos de latrocínio, nos quais ocorreu o roubo de motocicletas resultando na morte dos proprietários. Além disso, auxiliou na resolução de um furto ocorrido em uma joalheria situada no 17º andar de um condomínio no bairro Cambuí, identificou todos os veículos envolvidos em um evento conhecido como "rolezinho," que culminou na morte de três participantes. Esses são apenas alguns exemplos das situações em que a Muralha Eletrônica de Campinas desempenhou um papel crucial, não só em eventos locais, mas também em casos ocorridos em cidades vizinhas, que tiveram desdobramentos em Campinas.

Essa notável conquista foi possível graças à rede de câmeras inteligentes instaladas em centenas de pontos estratégicos em toda a cidade, sob a supervisão da Central Integrada de Monitoramento de Campinas (CIMCamp). Essas câmeras capturam minuciosamente a movimentação e os detalhes dos veículos que transitam pelas ruas e avenidas, fornecendo informações vitais para investigações policiais.

Dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Segurança Pública revelam que, entre janeiro e junho deste ano, o sistema de alarme "Sentry" instalado na central gerou 230 ocorrências criminais que foram prontamente monitoradas 24 horas por dia, sete dias por semana. Esse "big brother" resultou na detenção de 17 criminosos, na localização e apreensão de 48 veículos relacionados a crimes, bem como na apreensão de uma pistola de calibre .380. Vale destacar que o número de ocorrências relacionadas à identificação de veículos envolvidos em crimes aumentou cerca de 20% em comparação com o mesmo período do ano anterior, que registrou 192 ocorrências.

O Secretário Municipal de Segurança Pública, Christiano Biggi Dias, ressaltou a importância dessa muralha eletrônica para a cidade e a região, enfatizando que ela desempenha um papel crucial na redução das taxas de criminalidade, na identificação de veículos de interesse para investigações conduzidas pela polícia judiciária, polícia civil e polícia federal, bem como na recuperação de veículos furtados ou roubados, além de servir como prova em processos judiciais.

Esta semana, policiais do 2º Distrito Policial (DP), localizado no bairro São Bernardo, concluíram a investigação do "rolezinho" noturno ocorrido em 22 de julho na cidade. Naquela ocasião, mais de 200 motociclistas percorreram várias vias de Campinas, realizando manobras perigosas em alta velocidade, muitas das quais foram registradas pelo sistema. A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) aplicou cerca de 60 multas com base nas imagens capturadas, que também foram cruciais na identificação dos responsáveis por esses atos.

Em julho, os policiais da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) conseguiram desvendar o trágico latrocínio do estudante de administração de empresas, Edson Henrique Pereira, de 24 anos. Ele foi brutalmente atacado por cinco criminosos enquanto retornava para casa acompanhado de uma amiga, em um incidente que ocorreu no Jardim Morumbi, localizado no distrito do Ouro Verde. Os agressores estavam montados em três motocicletas, e o percurso exato que percorreram foi registrado e monitorado pelo sistema de vigilância conhecido como "big brother." Através desse rastreamento, todos os envolvidos foram identificados, e quatro deles foram detidos temporariamente com base em mandados de busca, apreensão e prisão emitidos pela Justiça.

Após a denúncia do crime ao Ministério Público (MP) e com as evidências coletadas pelos investigadores, a Justiça converteu as prisões temporárias em prisões preventivas. O grupo agora aguarda julgamento, cuja data ainda não foi definida.

No mesmo mês de julho, agentes da DIG conseguiram prender dois indivíduos envolvidos no furto de uma joalheria localizada no 17º andar de um prestigioso edifício comercial no bairro Cambuí. Essa dupla fazia parte de uma quadrilha especializada em furtos a estabelecimentos desse tipo, com atuações predominantemente em altitudes nas regiões Sul e Sudoeste do Brasil. Os criminosos utilizaram escadas para escalar o edifício e técnicas de rapel para descer. No entanto, sua trama foi desvendada pelas autoridades depois que encontraram uma cadeirinha e cordas de rapel em um terreno baldio, que se revelaram ser originárias do Paraná.

A partir desse ponto, os investigadores solicitaram a colaboração da Guarda Municipal (GM) para acessar o sistema de monitoramento da cidade e identificar os veículos que circularam na região do Cambuí no dia do furto. Foram identificados dois veículos com placas daquele estado, sendo um deles registrado em Colombo.

A Central Integrada de Monitoramento de Campinas (CIMCamp) assumiu a vigilância, e dois dias depois, o veículo suspeito foi avistado circulando novamente na região do Cambuí, com duas pessoas a bordo. A GM e a DIG conseguiram interceptá-lo, desvendando assim o crime.

"O que a muralha detecta? O sistema faz a captura de duas fotos para que a gente possa comparar em milésimos de segundo. Também grava como se fosse um vídeo o momento em que o carro passa, onde a gente pode inclusive identificar o veículo imediatamente de atrás e de frente. Com a leitura da foto é produzido um histórico do veículo em formato de vídeo", explicou Biggi.

Quando a Muralha Digital foi implementada, o sistema requeria o uso de uma placa de identificação veicular para conduzir buscas e identificações. Contudo, hoje, graças à inteligência artificial integrada ao sistema, conforme destacado pelo Secretário, o sistema é capaz de identificar um veículo-alvo em uma fração de segundo, com base em uma única característica, como o modelo, a cor ou até mesmo um amassado.

"Não é necessário informar a placa do veículo, pois o sistema a identifica automaticamente. Se fornecermos outras características, o sistema aprimora a busca e fornece uma resposta mais precisa", ressaltou o Secretário.

As filmagens ocorrem em tempo real. Se, por exemplo, um veículo estiver listado como produto de roubo ou furto, e houver um alerta emitido pelas forças de segurança pública, o sistema processa a imagem em questão de milésimos de segundo e emite um alerta na tela do operador. A informação é imediatamente transmitida por rádio às viaturas, e a mais próxima toma as medidas necessárias para abordar o veículo em questão.

As imagens são armazenadas no banco de dados da CIMCamp por aproximadamente seis meses. Após esse período, a imagem é convertida em um registro baseado na placa, que permanece no banco de dados por anos. "Essas imagens possuem excelente qualidade e, com o uso das ferramentas disponíveis, conseguimos ampliá-las e examiná-las com grande detalhe", enfatizou o Secretário Biggi.

O Projeto Muralha Eletrônica abrange as 20 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), bem como outras na Grande São Paulo e na região de Piracicaba. Além disso, está previsto que o projeto seja expandido para todo o Estado por meio do "Muralha Paulista."

Recentemente, o Major da Polícia Militar, Eduardo Fernandes Gonçalves, que coordena o Grupo de Tecnologia da Informação da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, visitou o centro de monitoramento em Campinas para conhecer a tecnologia em uso. De acordo com o Secretário Biggi, as negociações com a Secretaria de Segurança do Estado para que Campinas seja uma das primeiras cidades a integrar a Muralha Paulista estão em estágio avançado. "Houve diversas discussões para viabilizar isso. O Estado está atualmente em processo de licitação. Portanto, novas tecnologias estão a caminho para ampliar ainda mais o sistema e beneficiar os municípios", informou o Secretário Municipal de Segurança Pública.

O sistema utilizado pelos municípios se integra com o Detecta do Estado, o Cortex da União e o Espia, que é um programa da Polícia Rodoviária Federal. "É uma plataforma abrangente na qual compartilhamos informações com todas as forças de segurança do país. Todos que têm acesso a essas plataformas têm acesso a esses dados. Na região metropolitana, temos uma integração especial, com acesso às imagens, o que facilita bastante a proposta do Estado, que é a de unificar nossos programas de muralha digital eletrônica, permitindo que esse compartilhamento ocorra em tempo real com a Polícia Civil e a Polícia Militar", ressaltou o Secretário Biggi.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por