FÓRUM DE SEGURANÇA

Município registra redução dos roubos e furtos de celulares no início de 2025

Em janeiro e fevereiro foram catalogadas 1.503 ocorrências do tipo em Campinas, 6,5% a menos do que no mesmo período de 2024

Alenita Ramirez/alenita.ramirez@rac.com.br
11/05/2025 às 13:07.
Atualizado em 11/05/2025 às 14:46

Criminosos se aproveitam da distração da população para praticar os furtos e roubos; dados da SSP corroboram a redução de casos, indicando uma queda de 4% nos roubos e furtos de celulares (Kamá Ribeiro)

Nos dois primeiros meses deste ano, Campinas registrou 1.503 ocorrências de roubos e furtos de celulares em relação ao ano passado, queda de 6,5% em relação aos 1.607 do mesmo período de 2024. O percentual foi compilado pelo pesquisador sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Leonardo Carvalho, com base nos boletins de ocorrência registrados nas delegacias da cidade e na delegacia eletrônica.

A redução nos índices criminais nesta modalidade, segundo o analista, está relacionada, principalmente, ao programa Celular Seguro, lançado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) em dezembro de 2023, com o objetivo de combater o roubo e furto de celulares. O delegado Fernando Manoel Bardi, diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 2 (Deinter 2), também credita a redução às operações e campanhas de conscientização da Polícia Civil, realizadas para combater o roubo, furto e receptação de aparelho.

De acordo com o pesquisador Leonardo Carvalho, os números dos dois primeiros meses são os que já foram analisados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública para o anuário que será publicado em 2026. Todo ano, o Fórum levanta dados sobre os crimes registrados em todos os estados. A confecção do estudo é para nortear políticas públicas dos estados e municípios no combate aos crimes. Em julho próximo será publicado o anuário de 2025 com base nos registros de 2024.

No anuário de 2024, que trata dos crimes de 2023, foi verificado que os roubos e furtos de celulares funcionam como porta de entrada do crime organizado para o mundo virtual e impactam de maneira relevante o crescimento da sensação de medo e insegurança da população.

Um recorte estadual enviado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado São Paulo (SSP-SP) ao Correio Popular, referente ao primeiro trimestre deste ano, mostrou que em todo o Estado houve uma queda de 4% nos roubos e furtos de celulares. “As forças de segurança seguem atuando de forma intensa no combate à criminalidade em todas as regiões do Estado, incluindo na cidade de Campinas. A Polícia Militar direciona o policiamento de forma permanente com base na análise dos índices criminais e das denúncias da população, intensificando o patrulhamento nas áreas com maior incidência de delitos. Paralelamente, a Polícia Civil tem reforçado as investigações e o trabalho de inteligência, com prioridade para lojas de venda de aparelhos usados, para prender criminosos, identificar receptadores e recuperar os bens subtraídos”, frisou a Pasta em nota.

OPERAÇÃO

Para combater o crime, a SSP realizou, em março deste ano, a Operação Big Mobile III. A ação policial resultou no fechamento de estabelecimentos que comercializavam aparelhos com indícios de furto ou roubo em Campinas. Além disso, um suspeito foi preso e 23 celulares foram recuperados. “A SSP reforça a importância do registro de boletins de ocorrência, fundamental para a investigação dos crimes e a responsabilização dos envolvidos”, escreveu na nota enviada à reportagem.

De acordo com Bardi, considerando todas as cidades de abrangência do Deinter 2, foram 799 aparelhos apreendidos na Operação Big Mobile, com a devolução de 282 que eram frutos de crimes. Deste total, 98 eram de Campinas. “Trabalhamos com duas frentes de combate. Uma são as operações que visam estabelecimentos que atuam na clandestinidade, comprando aparelhos sem notas fiscais. O outro é verificando junto às operadoras sobre os aparelhos que são habilitados para checar se existem novos cadastros de aparelhos roubados ou furtados”, explicou o delegado-diretor, frisando que as operações seguem para reduzir ainda mais os índices.

Nesta semana, policiais civis da Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), da 1ª Delegacia Seccional da capital, prenderam um dos maiores receptadores de celulares furtados e roubados do Centro de São Paulo. O homem, de 31 anos, foi surpreendido pelos agentes enquanto chegava de carro no apartamento que era utilizado como depósito de aparelhos e outros produtos provenientes do crime, no bairro Santa Ifigênia, no centro da cidade. A ação foi uma continuidade da Operação Big Mobile, que em duas fases recuperou mais de 16 mil aparelhos celulares sem origem comprovada no estado.

Policias civis de Campinas já tinham localizado em março um receptador de aparelhos na capital. Os agentes também tinham verificado que os celulares eram enviados principalmente para a Nigéria. O investigado preso nesta semana estava sendo monitorado há algum tempo. Ele é estrangeiro e havia alugado um apartamento para fazer as transações ilícitas. Dentro do imóvel, foram encontradas cerca de 500 capas de celulares e 45 aparelhos de alto valor no mercado, cinco relógios, documentos de vítimas e dois notebooks, provavelmente usados para retesar os celulares. Não havia móveis no local, que tinha como única função armazenar os produtos ilícitos.

CELULARES CADASTRADOS

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em março deste ano Campinas tinha 3.310.155 assinaturas da telefonia móvel – celular. A cidade tem 1,139 milhão de habitantes, ou seja, é uma média 2,9 celulares para cada pessoa. Em todo o Estado de São Paulo, são 78.946.018 assinaturas. Ou seja, Campinas é responsável por 4,19% dos assinantes que estavam cadastrados nas operadoras até março deste ano.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) não tem recorte dos telefones cadastrados por municípios brasileiros, pois a plataforma fornece apenas os dados nacionais ou por estados. De acordo com o levantamento do MJSP, em 2023, no mês de lançamento do Programa Celular Seguro, São Paulo cadastrou 294.478 aparelhos e emitiu 36.519 alertas de roubo ou furto.

Em todo o ano passado, foram cadastrados 349.650 aparelhos, o equivalente a 29.137 por mês, e 28.108 alertas de bloqueios, média mensal de 2.342. Nos quatro meses deste ano já foram 112.256 cadastros (28.064 por mês) e 10.018 alertas (2.504/mês).

ALERTA

Em abril deste ano, o governo federal implementou no programa Celular Seguro o sinal de alerta, que notifica o usuário sobre um celular bloqueado por roubo, furto ou perda. A novidade proporciona o envio de alertas por SMS ou WhatsApp para celulares com restrições e busca auxiliar na recuperação de aparelhos roubados, além de alertar o novo usuário sobre a situação do dispositivo. Em um mês de implantação, o MJSP enviou 1.914 notificações em todo o território nacional para celulares com alerta de bloqueio emitido. O Ministério da Justiça informou que as informações sobre recuperação de celulares são de responsabilidade das Secretarias de Segurança Pública locais.

SISTEMA DE ALERTA 

Sempre que um chip novo for inserido em um celular cadastrado como roubado, furtado ou perdido no sistema, o aparelho recebe mensagem de alerta via WhatsApp dos números verificados do MJSP: (61) 2025-3000 ou (61) 2025-3003.

A pessoa que estiver com o celular será orientada a acessar o site: www.gov.br/celularseguro e também a comparecer a uma delegacia de polícia, com a nota fiscal ou documento que comprove que é o proprietário legal do aparelho. Caso não consiga comprovar a origem, deverá devolver o aparelho. “Quem pretende comprar um celular de segunda mão deve, obrigatoriamente, consultar a situação do aparelho. A verificação pode ser feita no site https://celularseguro.mj.gov.br ou no app Celular Seguro, pela opção ‘Celulares com Restrição’, além do site da Anatel: https://www.gov.br/anatel/pt-br/assuntos/celular-legal/consulte-sua-situacao”, orientou o MJSP.

Apesar da grandiosidade de Campinas e da sensação de insegurança, o município não aparece no ranking das 50 cidades brasileiras com maiores taxas de roubo e furto de celular no Brasil no anuário de 2024. A lista apresenta municípios, de 22 estados, com população igual ou superior a 100 mil habitantes.

Das 50 cidades, 15 são do Estado de São Paulo, segundo o analista do Fórum Brasileiro. A capital paulista apareceu na 3ª posição, com uma taxa de 1.781 registros a cada 100 mil habitantes. Ainda constam Itapecerica da Serra na 13ª posição, com 1.231 registros; Diadema, em 14ª lugar, com 1.208 registros; e Poá, em 18ª e 1.102 registros a cada 100 mil habitantes.

O Amazonas lidera o ranking nacional de roubos e furtos de celulares proporcionalmente à população, com 1.075 ocorrências por 100 mil habitantes em 2023, ano em que o estado registrou 42.408 furtos e roubos de aparelhos. A capital, Manaus, registrou a maior taxa entre os municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes: 2.096,3 ocorrências por 100 mil. Em seguida, aparecem Teresina-PI (1.866), São Paulo (1.781), Salvador-BA (1.716) e Lauro de Freitas-BA (1.695).

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