CRUELDADE CONTRA ANIMAIS

Mulher vira ré pelo exercício ilegal de medicina veterinária

Acusada mantinha criadouro de 134 cães, maioria da raça Spitz Alemão, em condições insalubres

Da Redação
08/11/2023 às 08:44.
Atualizado em 08/11/2023 às 08:44
Cães da raça Lulu da Pomerânia (Spitz Alemão) foram encontrados em condições insalubres dentro de um condomínio fechado em Limeira (DIG Limeira)

Cães da raça Lulu da Pomerânia (Spitz Alemão) foram encontrados em condições insalubres dentro de um condomínio fechado em Limeira (DIG Limeira)

A Justiça de Limeira aceitou a denúncia apresentada pela promotora Raissa Domingos contra uma mulher que atuou indevidamente como médica veterinária. A acusada enfrentará as imputações de falsidade ideológica e exercício irregular de profissão, conforme disposto na Lei das Contravenções Penais. Tanto ela quanto seu esposo já haviam sido condenados por maus-tratos, conforme alegado pelo Ministério Público ao formular a denúncia.

De acordo com o MP, a acusada mantinha um criadouro de cães, predominantemente da raça Spitz Alemão. Em abril do ano passado, foi detida em flagrante por crueldade contra os animais. Na ocasião, o Correio Popular cobriu o caso, e as autoridades constataram a existência de 134 cães em condições de extrema insalubridade. Além disso, foram encontradas vacinas vencidas e de origem desconhecida, juntamente com cartões de vacinação de cães assinados pela ré.

A promotora Raissa ressaltou que, mesmo sem formação na área, a mulher assinou os cartões de vacinação, ocupando o espaço destinado à identificação do profissional responsável. Conforme as diretrizes do Conselho Regional de Medicina Veterinária, apenas profissionais qualificados podem atestar a vacinação de animais. Em outra ação penal, na qual são acusados de maus-tratos contra animais, a mulher e seu marido foram condenados a cumprir nove anos de prisão em regime fechado.

O CASO

Em abril, o Correio Popular noticiou o resgate de 134 cães da raça Lulu da Pomerânia (Spitz Alemão) em uma residência situada dentro de um condomínio fechado em Limeira, em uma chocante situação de maus-tratos. Os animais estavam privados de alimentação, amontoados em diferentes compartimentos, e caminhavam sobre suas próprias fezes e urina. Organizações Não Governamentais (ONGs) de quatro cidades, incluindo Campinas, tomaram a iniciativa de abrigar esses animais. O casal proprietário do imóvel foi detido, e vale destacar que essa não foi a primeira vez que enfrentaram acusações similares, já que haviam sido autuados em 2015 pelo mesmo crime.

O resgate foi resultado de uma operação conjunta entre a Guarda Civil Municipal (GCM) de Limeira e a Polícia Civil, desencadeada após múltiplas denúncias recebidas pela Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura. O secretário de Segurança Pública, Wagner Marchi, foi prontamente notificado e, em colaboração com o delegado Leonardo Burger Monteiro Luiz, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), coordenou a operação.

As equipes da Polícia Civil e do Pelotão Ambiental e Canil da GCM dirigiram-se ao local mencionado nas denúncias. Constataram que o morador utilizava a residência para a criação clandestina dos animais. Ao adentrarem a casa, os agentes constataram a presença de vários cachorros em estado de abandono, desprovidos de alimentação. Muitos encontravam-se sujos de fezes e aglomerados em diversos cômodos da residência. Adicionalmente, relataram os agentes, diversos cães estavam confinados em cercados de apenas dois metros quadrados na área externa da casa, incluindo filhotes e recémnascidos.

Durante as diligências, a Vigilância Sanitária (Visa) de Limeira efetuou a apreensão de várias vacinas destinadas a uso veterinário. Os imunizantes, sendo a metade deles com a data vencida, estavam armazenados de maneira inadequada em uma geladeira, compartilhando espaço com alimentos em estado de decomposição. A Visa tomará medidas punitivas contra os proprietários por diversas irregularidades relacionadas às vacinas.

No decurso da operação, os policiais confiscaram a quantia de R$ 30 mil na residência. O responsável pelo local e sua esposa foram detidos ao retornarem ao condomínio e posteriormente conduzidos à Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Ambos foram autuados em flagrante, enquadrados por crimes ambientais, especificamente por maus-tratos a animais.

Os animais, sob a guarda de cinco Organizações Não Governamentais (ONGs), duas delas de Limeira e três da região, incluindo Campinas, passarão por avaliação e procedimentos de higienização, além de serem submetidos à microchipagem.

A Associação Limeirense de Proteção a Animais (Alpa) esteve presente durante as diligências e observou que o casal detido é o mesmo autuado em 2015, quando 30 animais eram utilizados como matrizes reprodutoras. No mercado, um Lulu da Pomerânia pode variar de R$ 3 mil a R$ 15 mil, dependendo da cidade, do canil, do porte e da presença de pedigree no animal.

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