Vítima de 27 anos reagiu ao ataque no Centro graças a uma lata de inseticida que levava na bolsa
Rua Duque de Caxias na confluência com a Rua José Paulino no Centro: abordagem aconteceu próximo a este local por volta das 20 horas (Rodrigo Zanotto)
Uma vendedora de 27 anos usou um inseticida para atacar um ladrão que anunciou um assalto armado de faca. O veneno atingiu o olho do criminoso que fugiu sem levar nada. Porém, a vítima passou a descrição do suspeito para uma equipe da Polícia Militar (PM) que patrulhava a região e os agentes o localizaram nas proximidades do local do crime, minutos depois. A tentativa de roubo aconteceu na terça-feira (7) à noite, na região central de Campinas. Segundo a polícia, ele tem passagem criminal por estupro e foi reconhecido pela amiga da jovem, que foi assaltada no mesmo local, no último dia 17 e, inclusive, ela sofreu abuso sexual.
De acordo com uma das vítimas, o suspeito, de 44 anos, age com a ajuda de um comparsa. Para se aproximar da vítima, um deles pede informação ou cigarro. Depois, a dupla segue a vítima e a ataca quando o alvo está distraído. A vendedora de 27 anos seguia para a casa da amiga, localizada na Rua Duque de Caxias, e que também é vendedora e tem 25 anos. Ela estava a pé. A abordagem foi por volta das 20h, na esquina da via com a José Paulino.
A jovem caminhava a pé quando foi abordada pelo suspeito que estava sozinho. Ele pediu cigarro e como ela disse que não tinha, ele a deixou se distanciar, mas a seguiu do outro lado da calçada. Em determinado momento, ele atravessou a rua e anunciou o roubo, apontando a faca. "Pouco antes, minha amiga me ligou avisando que ia em casa e como eu precisava de inseticida, pedi para que ela passasse no mercado e comprasse um. Na hora que ele anunciou o assalto, ela reagiu repentinamente e pegou o veneno na bolsa e espirrou contra o rosto dele. Ela disse que só pensou: 'taco na cabeça dele ou espirro na cara' e espirrou", contou. "Quando ela me contou dei gargalhadas e falei: 'nossa, sei que veneno mata praga, mas ladrão não' e então rimos", emendou a jovem. As amigas moram na mesma rua, a uma distância de quatro quadras.
O assalto aconteceu a duas quadras da casa da jovem de 25 anos. Após a reação da vendedora, o bandido fugiu e a moça gritou por socorro. A abordagem foi em frente à portaria de um prédio. Ao ouvir os gritos da moça, o porteiro foi ao encontro dela e também gritou por socorro. Uma viatura da Polícia Militar fazia patrulhamento preventivo e avistou o porteiro agitado na rua e o abordou. Ele apontou para a moça que já caminhava em direção da casa da amiga e a abordou. A jovem relatou o que tinha acontecido e passou a descrição do suspeito. Com as informações, os policiais conseguiram localizar o suspeito em um ponto de ônibus no cruzamento entre a Rua José Paulino com Avenida Dr. Moraes Salles.
No momento da abordagem, os policiais perceberam que o criminoso tentou descartar uma faca, que foi localizada e apreendida. "Ainda no mesmo dia, antes de atacar minha amiga, ele abordou uma mulher no ponto de ônibus que fica na Avenida Francisco Glicério e pegou o celular dela. O pessoal que estava no local correu atrás dele e conseguiu recuperar o aparelho da mulher. Está muito perigoso esta região. Trabalho em uma loja na Avenida Francisco Glicério e vejo muitos assaltos, sempre a mulheres", contou a vendedora de 25 anos.
Os nomes das vítimas foram preservados pelo Correio Popular. Durante a prisão, os policiais descobriram que o homem era o mesmo que havia assaltado a vendedora de 25 anos. Ele usava a mesma roupa. As amigas foram juntas depor no 1º Distrito Policial (DP). "Minha amiga não ia registrar boletim de ocorrência da tentativa de assalto. Mas ele foi preso. Eu não tinha registrado porque precisava do MEI do celular, que ele levou. Então registramos juntas. Mas aconselho as pessoas que foram atacadas nessa região a registrar e denunciar esse homem, pois ele abusou de mim. É perigoso e descobri que ele tem seis passagens por estupro, em Monte Mor", orientou a vendedora.
Segundo relatos dela, no dia do roubo com ela, o suspeito estava na companhia de outro bandido. Os dois estavam atrás dela e o comparsa do preso passou adiante e mandou que ela olhasse para trás. Ao olhar, o homem preso anunciou o assalto apontando a faca. Ele pegou os pertences e depois apalpou os seios dela. "Há sempre moradores de rua por onde passo e falo boa noite quando passo. Com eles foi o mesmo, mas um deles falou: 'não quero boa noite! Olhe para trás'. Peço para que as pessoas andem por locais movimentados e denunciem", pediu.
Em nota, a GM disse que realiza patrulhamento constantemente, dia e noite, mas reforçaria a ronda no local. "Pedimos para que as pessoas liguem no 153 para denunciar", destacou