MAIS UMA FAMÍLIA DESTRUÍDA

Mulher é morta pelo ‘ex’ que, na sequência, cometeu suicídio em Campinas

Tragédia ocorreu na casa onde a vítima morava com os filhos, em Aparecidinha

Do Correio Popular
19/07/2022 às 12:21.
Atualizado em 19/07/2022 às 12:21
Palco do feminicídio no Jardim Rosália, região do distrito de Aparecidinha: vítima tinha medida protetiva (Ricardo Lima)

Palco do feminicídio no Jardim Rosália, região do distrito de Aparecidinha: vítima tinha medida protetiva (Ricardo Lima)

Uma dona de casa de 34 anos foi morta a tiros pelo ex-companheiro, um manobrista de 45 anos, domingo (17) à noite, em Campinas. Em seguida, ele se matou com um tiro na cabeça. A tragédia aconteceu na casa da família, no Jardim Rosália, região do distrito de Aparecidinha. O casal tinha dois filhos, um menino de 9 anos e uma menina de 10, e a vítima tinha uma adolescente de 15 anos de outro relacionamento. Segundo as apurações, os filhos não assistiram ao crime. Ela tinha medida protetiva contra o agressor. Até junho deste ano, a cidade registrou cinco casos de feminicídio. 

Sidnei Eloi Lopes não aceitava o fim do relacionamento. O ex-casal vivia junto havia 11 anos e estava separado há quase dois meses. De acordo com os parentes dela, Adriane Tavares Pereira e o manobrista viviam um relacionamento conturbado, devido ao ciúme possessivo dele e, por duas vezes, ela tentou se separar dele. 

Porém, o homem usava os filhos e ameaçava se matar, caso ela o deixasse. “Minha mãe sonhava em fazer faculdade, mudar a vida, mas ele não deixava. Ele a impedia de sair e brigava com ela por qualquer coisa. Se tinha louça na pia, ele brigava. Se ela saia, ele brigava. Minha mãe não aguentava mais”, contou a filha dela e enteada do agressor, identificada apenas por A., de 15 anos. 

A família morava na casa ao lado da irmã de Adriane. Com a separação, Lopes foi morar na residência de uns amigos, duas ruas atrás de onde a vítima vivia com os filhos. 

Os parentes da dona de casa acreditam que o manobrista premeditou o assassinato, uma vez que o carro de Adriane não foi localizado e a arma usada pelo autor estava com a numeração raspada. Desde a separação, ele passou a ameaçar a vítima pelo WhatsApp da enteada. No domingo, ele teria passado o dia fora e, por volta das 16h30, enviou mensagem para a adolescente pedindo que ela dissesse à mãe que aproveitasse bem, pois iria matá-la, e que irmão nenhum poderia ajudála. “Ele era depressivo e já tinha tentado se matar duas vezes. Ele cortou os punhos na primeira tentativa e tentou se enforcar na segunda. Minha mãe não acreditava que ele pudesse matá-la”, afirmou a adolescente. 

Antes de cometer o crime, por volta das 19h, Lopes foi na casa da ex, chamou os filhos e a enteada para irem até a casa dele, onde daria dinheiro a eles. No caminho, deu dinheiro para a adolescente e pediu que ela e os irmãos fossem trocar o dinheiro, explicando que depois se encontrariam na casa dele. 

Desconfiada, a garota seguiu o padrasto e se escondeu atrás de uma lixeira pública, enquanto ele entrava na casa e trancava a porta. “Não sei como ele conseguiu a chave de casa, mas abriu a porta e entrou. Aproximei-me e ouvi um barulho. Corri até a casa da minha tia e pedi socorro. Tentaram arrombar a porta. Foi quando ouvimos cinco tiros”, contou a jovem. 

Na casa vizinha acontecia uma festa, onde estava boa parte da comunidade local. Quando ouviram os gritos da família, a vizinhança foi até o imóvel e conseguiu arrombar a porta. Adriane agonizava no chão. Ela foi atingida por quatro tiros e ele ainda respirava, com um tiro na cabeça. “A gente jamais imaginava que ele fosse fazer o que fez. Muito triste”, disse a prima de Adriane, Bruna Cristina Tavares, de 28 anos. 

Segundo Bruna, após a separação, Adriane começou a fazer academia, queria emagrecer e já planejava voltar aos estudos. A vítima tinha um carro, um Celta, avaliado em cerca de R$ 15 mil, que sumiu. A suspeita é a de que ele tenha trocado o veículo pela arma, que tinha numeração raspada. 

O crime foi registrado na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), onde Adriane havia registrado boletim de ocorrência por agressão no dia 4 deste mês. Na época, ela pediu medida protetiva e ainda aguardava a entrega do botão do pânico. “Minha irmã sofreu muito nas mãos dele. Ele achava que era dono dela. Em momento algum ele pensou nos filhos. Eu dizia que a Justiça é falha e que papel nenhum segura um agressor, mas depois do que senti nessa tragédia, quero que meu testemunho ajude alguma vítima. Denuncie. Denuncie e peça ajuda.”, disse a irmã de Adriane, Veronice Pereira.

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