Mulher com 90% do corpo em ‘pele viva’ clama por socorro

Duas mulheres foram vítimas de violência com elevado grau de crueldade, em casos distintos em Campinas e Indaiatuba na madrugada de domingo (12). Uma deles teve o corpo incendiado. A vítima, com idade de cerca de 30 anos, sofreu queimadura de terceiro grau em 90% do corpo e está internada em estado gravíssimo no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, onde aguarda transferência para a ala de queimados do Hospital Irmãos Penteado. Em Indaiatuba, uma mulher foi achada ferida e estuprada em um terreno baldio. A Polícia Civil investiga a autoria dos crimes. Já é o quarto caso na região neste ano de vítimas de violência achadas em locais públicos.

Por volta das 4h da madrugada de domingo, moradores da Rua Antoninho Fenle, no Jardim Santa Rosa, na região do distrito do Campo Grande, em Campinas, foram acordados com pedidos de socorro em frente a uma casa localizada na esquina com a Rua Marina Giovani de Souza. A mulher estava nua e com todo o corpo na "pele viva". O rosto era a parte mais afetada, segundo moradores. "A gente acredita que ela arrancou a roupa em chamas e deixou na rua de trás. Ela gritava muito por socorro", contou uma moradora que pediu para não ser identificada. Um casal ouviu os pedidos e chamou a Polícia Militar (PM), que foi no endereço, com uma unidade de resgate do Corpo de Bombeiros.

De acordo com moradores, a vítima relatou que participava de uma festa, na companhia de uma amiga. "Ela não quis dar detalhes do ocorrido. Só disse que era de São Paulo, mas não falou mais nada. Mas que amiga é essa que deixa a outra sofrer o que sofreu? Foi terrível, muito triste", disse a moradora.

Os vizinhos ao local acreditam que a mulher participava de alguma festa rave em uma área de chácaras no bairro. Segundo eles, todos os finais de semana acontecem festas naquela região. "A gente acha que ela deve ter saído sozinha e aí a pegaram. Ela falou que haviam jogado óleo quente nela, mas é muito estranho", falou um morador.

O crime foi registrado como tentativa de homicídio e é investigado por policiais do 11º Distrito (DP), no Jardim Ipaussurama. Segundo o delegado Sandro Jonasson, responsável pelo inquérito, na manhã de segunda-feira (13) investigadores foram na Unicamp para tentar identificar a vítima. "Temos informações preliminares e superficiais. O prenome dela seria Tatiana, mas também não temos isto confirmado. E não se sabe muita coisa a respeito da dinâmica do acontecimento e do contexto. Estamos tentando identificá-la, mas a prioridade neste momento é salvar a vida dessa mulher", falou o delegado.

Segundo Jonasson, outra equipe teria seguido para a região onde aconteceu o crime para levantar sobre os locais onde ocorrem bailes funks, pancadões e festa em comunidades. "O local onde ela foi encontrada não é o mesmo onde ela sofreu as queimaduras, pois não existem vestígios de fogo. Ela estava caminhando. A investigação segue seu curso. Não temos ainda a confirmação que foi óleo que foi jogado ou qual substância provocou a queimadura", comentou. Ainda conforme o delegado, a amiga da vítima não foi qualificada e nem apareceu para depor. 

Estupro

Em Indaiatuba, também no domingo, uma moça de 24 anos foi ameaçada e estuprada por um homem que usou uma arma de brinquedo. A jovem foi atacada na rua quando passava mal. O crime aconteceu no Distrito Industrial Bartolomai. Ela foi encontrada por volta das 10h, desacordada e ferida em um terreno baldio e foi socorrida por uma ambulância a Unidade de Pronto Atendimento e depois transferida para o Hospital Augusto Oliveira Camargo (Hoac). O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e segue em segredo de justiça, devido ao estupro. 

De acordo com informações apuradas, a moça estava na casa do namorado, onde beberam e depois discutiram. Ela teria saído para a rua para dar uma volta, momento que passou mal e sentou na calçada. 

Um homem em um carro preto passou na via e ofereceu ajuda, mas ela recusou. Pouco tempo depois ele retornou e apontou uma arma para ela, arma esta que ela descobriu ser de brinquedo. O homem a empurrou para o terreno e a estuprou e fugiu a deixando desmaiada. A Guarda Municipal (GM) esteve no local. Ninguém foi preso até o fechamento desta edição.

Limeira

No último dia 6, uma mulher de 31 anos foi encontrada em estado grave, em um terreno baldio nos fundos de um condomínio, no bairro Colina Verde. Bruna Cristina Alves foi identificada pela família no hospital e não resistiu aos ferimentos e morreu poucas horas depois de ser socorrida. A vítima foi estuprada, espancada e levou 27 facadas, inclusive a maior parte nos braços, usados para se defender. O golpe fatal foi no crânio, pois uma faca chegou a ser quebrada na cabeça da vítima.

Ela foi encontrada por uma moradora que voltava do trabalho para casa e ouviu pedidos de socorro. A testemunha pediu ajuda na portaria do condomínio, que chamou a Guarda Municipal. Segundo a polícia, a vítima é usuária de drogas e estava fora de casa havia alguns dias. O caso é investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG). 

Caso semelhante

No final de janeiro, uma mulher aparentando 40 anos foi encontrada em Campinas, em um terreno baldio, no Jardim Conceição, somente de calcinha, com o rosto desfigurado e marcas de agressão no corpo. Na época ela foi socorrida e levada em estado grave por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital de Clínicas (HC) da Universidade de Campinas (Unicamp), em estado grave. Policiais civis da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) conseguiram identificar a vítima e constataram que ela não tinha sofrido violência sexual, mas que o caso envolvia acerto de contas. O crime foi registrado como tentativa de homicídio e é investigado pelo 4º Distrito Policial (DP).

Câmeras de segurança registraram quando um carro entrou no terreno e desovou o corpo. Pelas imagens foi verificado que um homem desceu do veículo, tirou o corpo do carro, jogou no chão e depois pegou pedras e deu vários golpes no rosto da vítima, que ficou desacordada.