OPERAÇÃO SUMIDOURO

MP constata elo entre tráfico e linhas de ônibus alternativo

Promotor investiga uso de empresas para lavar dinheiro de organizações criminosas em Campinas

Da redação
08/07/2023 às 10:10.
Atualizado em 08/07/2023 às 10:10
Policiais do Baep na Cooperativa Altercamp, na Ponte Preta: uma pessoa foi presa por porte ilegal de arma (Rodrigo Zanotto)

Policiais do Baep na Cooperativa Altercamp, na Ponte Preta: uma pessoa foi presa por porte ilegal de arma (Rodrigo Zanotto)

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) constatou que três linhas do transporte público alternativo de Campinas eram utilizadas para a lavagem de dinheiro da associação criminosa que trafica drogas por meio da tubulação de águas pluviais na Vila Formosa, em Campinas. A promotoria afirmou que as linhas de ônibus eram administradas por membros da organização e registradas em nome de "laranjas". Essas informações foram divulgadas durante uma coletiva de imprensa realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, durante a terceira fase da Operação Sumidouro, deflagrada na sexta-feira (7).

De acordo com o promotor de Justiça, Felipe Bertolli, o foco desta fase foi realizar o sequestro de bens dos suspeitos de participação no esquema, incluindo seis ônibus que operavam no sistema de transporte alternativo em Campinas. Segundo ele, uma das vertentes da lavagem de dinheiro verificada na investigação constatou o uso das linhas por traficantes e integrantes de organizações criminosas. Além disso, as linhas eram mantidas em nome de pessoas sem capacidade financeira, o que poderia resultar em problemas na hipótese de acidentes que fossem levados para discussão junto ao Poder Judiciário.

Nesta fase, foram apreendidas uma escopeta e uma espingarda na sede da Cooperativa Altercamp, no bairro Ponte Preta. A ação, mais uma vez, foi realizada em conjunto com o 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep). Uma pessoa foi presa em flagrante por porte ilegal de arma. Também foram apreendidos computadores e celulares que foram encaminhados à sede do MP. As duas armas de grosso calibre foram apreendidas e serão levadas ao 1º Distrito Policial (DP).

No total, foram cumpridos três mandados de prisão e nove de busca e apreensão. Os mandados de prisão, por sua vez, são contra pessoas que já estão em presídios. Um dos mandados de busca foi na sede da cooperativa Altercamp, responsável por uma frota de cerca de 1,1 mil ônibus que transportam, diariamente, cerca de 204 mil usuários. Na cooperativa, foram apreendidas uma escopeta calibre 22 e uma espingarda de calibre 12. Uma pessoa foi presa em flagrante.

Durante o cumprimento de busca e apreensão em um endereço no Jardim Campos Elíseos, os policiais encontraram na área de lazer de uma casa, uma espingarda calibre 38 com a numeração suprimida, nove munições de calibre 12, cinco munições de calibre 22 e duas munições de calibre 38. Já no quarto desta casa foram localizadas duas pistolas calibre 9mm com seis carregadores, sendo que dois carregadores estavam com 12 munições cada. As pistolas estão registradas.

Em nota, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) informou que a Administração não tem contrato com a Cooperativa Altercamp e que os termos de permissão são assinados diretamente com cada um dos permissionários que compõem a Cooperativa e que a Emdec somente repassa 21% para a Cooperativa para cobrir gastos administrativos e operacionais, cujos cálculos são feitos por ela. "A Emdec não tinha conhecimento dessa operação do Gaeco e vai acompanhar o desenrolar das investigações para tomar as providências que venham a ser necessárias, em relação aos permissionários que estejam envolvidos, após a conclusão da investigação", citou.

A advogada da Altercamp, Daniela Giungi Waldhue, disse que a cooperativa apenas presta serviços como oficina, lavagem, de combustível para os permissionários e desconhecia os investigados que listam na apuração do Gaeco. "As armas foram encontradas dentro de um ônibus há muito tempo e na época foi guardada no almoxarifado por quem encontrou para ser entregue as autoridades. Mas acabou no esquecimento. Nós não sabíamos, tanto que mostramos tudo aos policiais. Estamos colaborando com as investigações", disse Daniela.

A terceira fase da investigação contra essa organização criminosa de tráfico de drogas que usa galerias de água para praticar o crime, aconteceu dois dias depois de as instituições terem capturado 13 investigados que tiveram prisão temporária decretada pela Justiça. O grupo faz parte de 26 pessoas investigadas. Na segunda fase, os policiais militares apreenderam em uma empresa da área farmacêutica em Campinas cinco milhões de eppendorfs e na casa da proprietária, em Sumaré, 138,4 mil.

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