EM SUMARÉ

Motorista de app mata cliente em corrida bizarra na noite

Passageiro atormentado tomou o volante do prestador de serviço, que o matou com seis disparos

Alenita Ramirez/ [email protected]
14/06/2023 às 09:39.
Atualizado em 14/06/2023 às 09:39
Delegado titular de Sumaré, Marcelo Moreschi Ribeiro: "A questão de saber se a vítima agiu em legítima defesa ou não cabe à Justiça determinar” (Rodrigo Zanotto)

Delegado titular de Sumaré, Marcelo Moreschi Ribeiro: "A questão de saber se a vítima agiu em legítima defesa ou não cabe à Justiça determinar” (Rodrigo Zanotto)

Um passageiro de 34 anos, supostamente sob efeito de drogas ou em surto psicológico, foi morto após dar calote em um motorista por aplicativo e tentar furtar o carro de outro profissional, durante a madrugada de terça-feira (13) em Sumaré. O segundo motorista, que é um colecionador registrado com licença para atirar e caçar (CAC) e estava armado, tentou impedir o furto e disparou oito vezes, resultando em seis tiros que atingiram o homem. O colecionador foi preso em flagrante por homicídio e porte ilegal de arma e passará por audiência de custódia. O caso será investigado pela Polícia Civil.

O crime ocorreu por volta das 3h50 na Avenida Amizade, na região do Parque Vila Flores. Segundo o delegado titular de Sumaré, Marcelo Moreschi Ribeiro, Cláudio José Miranda Filho embarcou em um veículo de aplicativo na mesma avenida com o destino a "uns predinhos" em Hortolândia, onde ele morava. No entanto, ao chegar ao local, ele pediu ao motorista que retornasse a Sumaré, com o objetivo de ir a uma adega na região de Nova Veneza. Desconfiando que o passageiro não pagaria a corrida, o motorista decidiu parar o veículo e encerrar o serviço.

"O passageiro estava mexendo no celular e o motorista achou isso suspeito. Então, ele parou o carro e pediu para o passageiro descer, pois suspeitava que ele não iria pagar. A 'vítima' alegou que estava chamando alguém para fazer o pagamento e pediu ao motorista que esperasse com ele. No entanto, quando o carro chegou, era na verdade outro motorista por aplicativo, e o passageiro pulou para dentro do veículo. O motorista enganado alertou o colega que acabara de chegar de que o homem não pretendia pagar, pois não havia pago pela corrida anterior", relatou Moreschi.

O passageiro estava sentado no banco traseiro e quando o dono do carro saiu para retirá-lo, o homem trancou as portas e se moveu para o banco do motorista. Em seguida, ele ligou o veículo e fugiu. O motorista correu atrás e disparou várias vezes contra o carro. Dois tiros atingiram o pescoço, dois acertaram o ombro e dois atingiram as mãos de Miranda Filho, que morreu dentro do veículo. O veículo continuou desgovernado por cerca de 100 metros e só parou ao invadir um posto de combustível na Avenida Amizade.

Uma equipe da Polícia Militar (PM) que fazia patrulhamento na região ouviu os disparos e se dirigiu ao local. Os policiais encontraram o motorista por aplicativo correndo pela via e o carro colidido na bomba de combustível, além do outro motorista em estado de choque.

O proprietário do veículo foi abordado e relatou o ocorrido. Como ele não possuía porte de arma, foi detido e conduzido à delegacia da cidade. O outro motorista também foi levado à unidade policial e prestou depoimento. No bolso do passageiro foram encontrados R$ 120. "A questão de saber se a vítima agiu em legítima defesa ou não cabe à Justiça determinar. O fato é que ocorreu um crime e o motorista, mesmo possuindo o CAC, não estava autorizado a portar uma arma", explicou o delegado.

Em novembro de 2021, Miranda Filho já havia sido detido por invasão domiciliar. Segundo Moreschi, há relatos de que o suspeito sofria de mania de perseguição. A mãe dele informou posteriormente aos agentes que o filho sofria de problemas psiquiátricos e estava sem tomar a medicação há dois dias.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por