Crime aumentou muito e ocorre frequentemente durante a madrugada, quando não há patrulhamento da PM
À esq. o cooktop elétrico que foi furtado e depois recuperado; à dir. comerciante mostra o que restou da fiação (Kamá Ribeiro)
Moradores do Jd. Proença, em Campinas, convivem com uma onda de furtos, que reiteradamente ocorre no período das 19h às 5h da madrugada. Segundo as vítimas e o presidente da Associação de Moradores, os furtos são praticados por usuários de drogas que vivem nas margens da linha férrea do bairro. Os imóveis da Av. Arlindo Joaquim de Lemos são os principais alvos dos bandidos. Entretanto, outras residências no bairro também foram e são invadidas. Na noite do domingo, um casal foi preso pela Polícia Militar, suspeito de furtar um cooktop elétrico (espécie de fogão portátil de uma boca) de uma residência. As vítimas acreditam que seja o mesmo que invadiu outras casas no bairro.
Ações recorrentes
Segundo o presidente da Associação de Moradores do Jardim Proença e Adjacências, Maurício José de Oliveira, os furtos sempre ocorreram na região, mas nos últimos meses têm aumentado.
As ações geralmente acontecem no período noturno, mas se intensificam durante as madrugadas, quando o patrulhamento da polícia é reduzido. “Há casos em que os criminosos deitam no chão para se esconder da polícia. Eles furtam de tudo, até os numerais das casas e nem ligam para as câmeras de segurança”, contou Oliveira.
Na noite de domingo (21), um casal foi surpreendido por uma equipe da PM na sua porta. Os agentes foram acionados por vizinhos que avistaram um casal de criminosos arrombando o portão de um imóvel na Rua do Professor. A ação foi registrada pelo sistema de monitoramento.
As imagens mostram quando os dois chegam na casa, tiram um objeto e arrombam a fechadura do portão social. A dupla sai e volta em menos de dez minutos. Depois, abre o portão e entra no quintal.
Lá, eles passam por uma porta que liga a garagem aos fundos, sobem por uma escada e ganham o quintal dos fundos. No local, vão até uma edícula, que funciona como escritório dos moradores. “Não ouvimos nenhum barulho. Estávamos acordados e só escutamos a polícia nos chamando, dizendo que o portão estava aberto. Logo depois, os policiais apareceram perguntando se a cooktop era nossa”, contou o advogado Augusto Xavier de Carvalho.
Ele e a companheira moram no bairro há um ano e essa foi a primeira vez que criminosos entraram no imóvel. “Não há roubos, mas sim furtos. Mas é muito furto mesmo! Há policiamento, mas o problema é o pessoal que furta para vender em ferro-velhos e usa o dinheiro na compra de entorpecentes”, comentou Oliveira.
Há menos de um ano, o comerciante Cidionei Márcio Gomes teve a fiação de seu estabelecimento furtada. Na época, ele refez a instalação, mas, pouco tempo depois, foi vítima do crime novamente. “Pelas imagens, dá para ver que os furtadores arrombam o relógio de energia, desligam e depois puxam a fiação. É o cúmulo! Depois da segunda vez, fiz uma gambiarra na fiação para não ser mais lesado. Também coloquei um ‘segurança’ para dormir aqui no mezanino. Nunca mais teve furto, mas todos os outros estabelecimentos aqui da rua são alvos”, contou Gomes.
Recentemente, uma mecânica, que fica na mesma via do comércio de Gomes, foi invadida por um casal, que levou a fiação e outros objetos.
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram que no 1° semestre deste ano, o 10 º Distrito Policial (DP), responsável pela região do Jd. Proença, registrou 361 furtos, 20% a mais do que o registrado em 2021 (300 ocorrências – período pandêmico). Em 2019, antes da pandemia, foram registrados 222 furtos gerais (nessas estatísticas não estão inclusos os números de furtos de veículos).
A reportagem pediu um posicionamento da PM sobre ações e medidas para coibir o crime no bairro, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. Os moradores frisam que há patrulhamento durante o dia e até a noite, mas na madrugada quase não há policiamento e é aí que os furtos aumentam.