Advogada Janinne foi às redes sociais para denunciar o comportamento violento do seu ex-marido
O professor e perito em fonética forense, Ricardo Molina, vai ser investigado por suspeita de cometer violência doméstica contra a ex-mulher, a advogada Janinne Jasem, de 28 anos. As agressões físicas e psicológicas, segundo a vítima, ocorrem há, pelo menos, cinco anos. A última aconteceu no dia 11 de março deste ano quando o casal tentava reconciliação em um restaurante no bairro Cambuí. Cansada das agressões, ela publicou um vídeo de quase 15 minutos no Instagram falando sobre o relacionamento e ameaças que sofreu.
O vídeo foi publicado no dia 10 de abril. Nele, além de falar sobre a relação, Janinne expõe vídeos e áudios do ex-marido. Em uma das imagens, o perito aparece urinando e pisoteando na bíblia da advogada, que é evangélica. Em outro vídeo publicado ele diz: "Eu vou estrangular o Lui na frente dela. Foda-se, eu vou pra cadeia. Lui, onde está você?", gritou o perito, enquanto tentava pegar o cachorro.
Janinne contou que conheceu Molina em 2016 durante uma palestra na faculdade onde cursava direito, em sua cidade natal, Anápolis (GO). O casal se casou no final de 2017 no regime de separação total de bens. "Quando o conheci, ele não demonstrava sinais de ser uma pessoa agressiva. Era de temperamento forte, não gostava de ser contrariado. Ele nunca foi carinhoso, afetuoso, de elogiar, de lembrar de datas, de dar flores. Mas eu não via anormalidade nisso, pois minha criação foi diferente", contou a advogada.
De acordo com Janinne, o perito a acusava de traição, mas ela garante que nunca o traiu. Ao contrário, sempre descobria alguma traição dele, uma delas quando o casal passava uma temporada no Chile. "Ele nunca esboçou ciúmes por mim.
O controle era de presença. Me via como sua propriedade. Me humilhava por ser de Goiás. Me chamava de burra. Foi uma série de violência, inclusive violência financeira e cheguei a tentar suicídio. Em outubro do ano passado nos separamos. Fui morar em um apartamento dele, que me cedeu através de contrato de comodato, pois estava sem trabalho e sozinha aqui em Campinas", contou.
Janinne disse que não era autorizada a trabalhar fora. Segundo ela, Molina dizia que ela trabalhava com ele e o que eles faziam era por eles. "Eu sempre trabalhei com ele em tudo. As minhas contas sempre foi ele quem pagou, já que mesmo trabalhando eu não tinha um salário", contou frisando que vem de uma família humilde, na qual a mãe era cozinheira e ela era atendente do restaurante onde a mãe trabalhava. Em um dos vídeos divulgados, ela mostrou a casa e disse que várias coisas foram destruídas por ele após uma briga. Janinne disse que tem uma medida protetiva contra ele e a conseguiu em março, quando o denunciou por agressão.
Na época, segundo Janinne, o perito a agrediu diante de vários clientes de um restaurante. A briga teria iniciado porque Molina exigiu que ela deixasse a igreja, como condição de reatar o relacionamento. Ela teria se recusado e então ele pegou a bolsa e o celular dela e depois a segurou forte no braço. "Os garçons me ajudaram. Pedi para ele me levar para casa. No caminho, ele me agrediu e cheguei a morder o braço dele para me defender. Pulei do carro em movimento para escapar dele. Quando fui buscar meu cachorro e meu carro na casa dele, ele não me deixou entrar e começou a jogar minhas coisas para fora", contou.
No dia, ela registrou boletim de ocorrência no plantão da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). "Apesar de ter levado provas, ter falado da agressão, não foi aberto inquérito. Ninguém me deu voz. Busquei ajuda de duas advogadas para representar. Vejo que a DDM não está preparada para atender e direcionar um caso de violência como o meu. Não é porque ele é uma pessoa conhecida que tem que ser abafado. Decidi publicar na rede social para que meus seguidores pudessem compartilhar e minha denúncia chegasse a alguém que possa me ajudar", disse.
As advogadas de Janinne, Jaqueline Gachet e Luanna Lance acompanharam a ex-mulher do perito na 1ª DDM na última quinta-feira para ela novamente prestar depoimentos e pedir a instauração de inquérito. "Eu não sou a primeira a apanhar. Ele tem dinheiro e influência, mas acredito na Justiça de Deus e também na da terra. Eu não quero vingança, só justiça", disse.
Outro lado
Em nota, a advogada de Molina, Patrícia Garutti, informou que o perito vai se manifestar nos autos apresentando provas que derrubarão "todas as acusações infundadas e descontextualizadas". Apesar de ele fazer um desabafo, cita que Janinne, sofre de transtorno Borderline e que ela teria tentado suicídio outras vezes. "É uma narrativa falsa da Janinne pretender passar a ideia de que nossa vida em comum foi um 'inferno'. Não foi. Foi uma relação, na maior parte do tempo, de amor. Houve discussões? Sim, como em qualquer relacionamento. Veja que em quase cinco anos ela nunca apresentou um BO de agressão. Ela é adulta e advogada. Se não o fez é porque não houve. Provavelmente está embarcando na onda de 'vitimização', orientada por advogadas que consideram qualquer homem um 'agressor/abusador'", escreveu o perito em nota enviada pela defesa.
Quem é Molina
Ricardo Molina é professor na Unicamp e ficou conhecido por seu trabalho no caso PC Farias, contestando o laudo oficial da morte do empresário em 1996. PC Farias foi chefe da campanha de Fernando Collor de Mello, em 1989. Molina também atuou em casos como Chacina de Eldorado dos Carajás, acidente que matou Mamonas Assassinas, entre outros.