ANJO DA GUARDA ATENTO

Mecânico auxilia policiais em caso de resgate de refém

Ele testemunhou o sequestro da vítima em um Toyota e seguiu o carro, repassando as informações à PM

Alenita Ramirez/ alenita.ramirez@rac.com.br
24/12/2022 às 10:27.
Atualizado em 24/12/2022 às 10:27

À esquerda, o veículo da vítima, mantida refém pelos bandidos, que caiu na galeria do Córrego do Piçarrão; à direita, caminhão-guincho retira o carro do local: mulher saiu ilesa do acidente (Divulgação e Rodrigo Zanotto)

“Nasceu de novo.” Foi com essas palavras que o capitão da Polícia Militar (PM), Alexandre Antunes Ribeiro, e o empresário Gilmar Souza, de 52 anos, resumiram o fato de uma empresária de 55 anos, vítima de roubo seguido de sequestro-relâmpago e acidente de carro, ter sobrevivido sem ferimentos graves, quinta-feira (22) à noite em Campinas. 

Na fuga, os bandidos perderam a direção do carro da vítima, um Toyota RAV4, e caíram de uma altura de cerca de cinco metros, dentro da galeria de água do Córrego do Piçarrão. Na queda, o veículo ficou com as rodas para cima e a porta traseira do passageiro, onde a vítima estava, abriu e ela ficou com parte do corpo para fora do automóvel,enquanto a outra, presa na porta. 

Milagrosamente, a mulher sofreu apenas um corte no supercílio e dores no corpo. Dois dos criminosos que a renderam foram presos em flagrante. Um mecânico, de 47 anos, foi um dos anjos da guarda da mulher nessa história e ajudou a polícia na ação.

O assalto ocorreu por volta das 18h40, quando a vítima deixava o trabalho. Ela estava dentro do carro, com as portas destravadas, no estacionamento da empresa, que fica na região da Avenida Amoreiras, no bairro São Bernardo. Estava passando mensagens para a filha, quando foi rendida pelos bandidos, um deles com uma arma de fogo.

Ela, então, foi colocada no banco traseiro do veículo, que é blindado, e um dos suspeitos ficou ao seu lado, enquanto os outros dois ocuparam os bancos dianteiros. Os assaltantes exigiram o celular e a bolsa da vítima. 

O suspeito que estava com a mulher, exigiu as senhas dela para realizar o acesso ao celular e bancos, conseguindo efetivar uma transferência PIX de R$ 1.290,00. O que estava no banco do carona, pegou R$ 589 em espécie, que estavam na carteira, e os cartões bancários.

A intenção da quadrilha era a de manter a empresária refém e efetuar saques e transferências bancárias. Durante aqueles momentos tensos, eles chegaram a mencionar que seguiriam para a Rodovia Anhanguera, porque, geralmente, nos crimes envolvendo sequestro com Pix, os bandidos mantêm a vítima dentro do carro e trafegam pelas rodovias que cruzam Campinas. 

No momento da abordagem, um mecânico de 47 anos, que aguardava a mulher dele dentro do carro, viu a ação e começou a seguir o automóvel da vítima, sem que os criminosos percebessem. No trajeto, ele conseguiu ligar para o telefone de emergência da PM, o 190, e passou a informar à corporação a direção dos assaltantes.

Perseguição

Policiais do 1º Batalhão de Ações Especiais da PM (Baep) seguiram o trajeto descrito pelo “anjo”, tão logo receberam as informações da ocorrência. Na altura do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, no Parque Itália, depararam com o automóvel da vítima, que seguia sentido Complexo Viário Túnel Joá Penteado. Ao perceberem as viaturas, os bandidos aceleraram e empreenderam fuga em alta velocidade. 

Durante o percurso, o motorista se atrapalhou em uma curva e acabou caindo no córrego. “Eles passaram o sinal vermelho e quase atropelaram um motociclista. Quando o semáforo fechou, os carros que estavam na frente pararam. Eles, então, jogaram o veículo no canteiro e passaram reto”, contou o capitão Ribeiro. 

No acidente, um dos bandidos fraturou uma das pernas e não conseguiu sair do local. Um segundo assaltante tentou correr, mas foi detido ainda nas proximidades do local do acidente, por uma outra equipe da PM. O terceiro criminoso conseguiu fugir. 

“O local era alto e não sabíamos como descer. O carro estava de ponta cabeça e a mulher, com parte do corpo para dentro do veículo e parte fora. Pendurei-me na parede e tentei descer. Mas não dava. Então, joguei-me na galeria. Ela estava com parte do corpo preso na porta e, quando a tiramos, a vítima apresentava apenas um corte na cabeça. Ela é uma mulher abençoada, porque nasceu de novo. Impressionante!”, comentou o capitão da PM. 

O oficial ainda comentou a participação do mecânico para a obtenção do resultado positivo da ação. “O motorista que seguiu o carro é um herói. Quero agradecê-lo e dizer que, efetivamente, ele foi um herói. Graças a ele, conseguimos chegar a esses criminosos e salvar a vítima. Ele agiu com calma e segurança ao repassar as informações. E, ainda, manteve-se a uma distância segura ao perseguir o veículo onde estava a vítima”, destacou o capitão Ribeiro.

Agradecimento

O agradecimento também foi reforçado pelo empresário, ex-marido da vítima. Segundo ele, esta é a terceira vez que a ex-companheira é rendida por bandidos. Duas delas aconteceram em São Paulo, onde moravam. 

Aliás, foi por causa do aumento da violência na capital que a mulher decidiu vir morar em Campinas e, inclusive, blindou o seu veículo, visando a aumentar a sua segurança. “Foram momentos de muito desespero e angústia para ela, mas, agora, ela está bem. Sente algumas dores no corpo e apresenta hematomas em um dos ombros. Mas é fato que ela ‘nasceu de novo’, declarou o empresário.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros foram acionados para atender a ocorrência. A mulher foi levada ao Hospital Vera Cruz, recebeu atendimento, sendo liberada na sequência. 

O assaltante que sofreu uma fratura na perna foi socorrido ao Hospital Ouro Verde, onde foi examinado e liberado para prestar depoimentos. Depois, ele seguiu para uma unidade prisional que tem ala hospitalar, onde aguardará uma cirurgia.

O trio é morador no Residencial Sírios e os dois bandidos que foram presos têm registro de passagens por tráfico, inclusive, um deles estava foragido da Justiça. Um deles também tem passagem por roubo. “Confesso que senti medo, mas senti que devia acompanhar o veículo. Não sou herói. Os policiais é que são. Eles é que fizeram todo o trabalho”, comentou o mecânico. 

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