EM HORTOLÂNDIA

Mais seis mulheres acusam pai de santo de abuso sexual

Com um total de 20 denúncias formalizadas até ontem, situação do líder espiritual se complica Dois motoristas de caminhões

Alenita Ramirez/ [email protected]
23/03/2023 às 09:49.
Atualizado em 23/03/2023 às 09:49
O pai de santo Eduardo Santana, o pai Du, acusado de abuso sexual contra pelo menos 20 mulheres (Divulgação)

O pai de santo Eduardo Santana, o pai Du, acusado de abuso sexual contra pelo menos 20 mulheres (Divulgação)

Denunciado por aproveitar-se da sua condição de sacerdote para cometer abusos sexuais contra mulheres que buscavam ajuda espiritual em seu terreiro no Jardim Terras de Santo Antônio, em Hortolândia, o pai de santo Eduardo Santana, o pai Du, de 36 anos, viu a sua situação, que já era bastante complicada, se agravar ainda mais perante a Justiça. Isso porque mais seis mulheres registraram a mesma queixa contra ele. Até a manhã de quarta-feira (22), eram 20 o número de pessoas que atribuem ao babalorixá a prática de crimes sexuais contra elas. Uma delas, inclusive, o acusou de estupro e outra, um homoxessual, reclamou de homofobia e injúria racial. Do montante, 16 já prestaram depoimentos na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Esse é o terceiro caso envolvendo líder espiritual nessa modalidade de crime na região de Campinas em menos de um ano.

O delegado José Regino Melo Lages Filho informou que encaminhará as novas declarações à Justiça após a conclusão do inquérito, para melhor atender às vítimas e também para compor o inquérito e investigações com todo o detalhamento necessário ao completo esclarecimento dos delitos.

A série de abusos foi descoberta pela Polícia Civil depois que duas mulheres registraram boletim de ocorrência eletrônico relatando o que havia acontecido com elas. Essas vítimas foram convencidas por familiares e frequentadoras de outros centros de umbandas de que o método usado pelo pai de santo era abusivo e não religioso. Os atos teriam acontecido no ano passado. 

Os crimes teriam acontecido em uma sala no centro de Umbanda "A Luz do São Miguel Arcanjo", no Jardim Terras de Santo Antônio, em Hortolândia, e também em uma cachoeira, em Americana. 

De acordo com Lages Filho, o líder espiritual tinha como modus operandi seduzir as vítimas com elogios e palavras de amor - dizia que estava apaixonado e que queria casar com a vítima - e se aproveitava dos rituais para tocar no corpo delas. Durante os rituais, ele convencia a vítima a tirar a roupa. 

Em um dos casos, a vítima relatou que buscou ajuda no templo para reconquistar o ex-namorado e foi aconselhada pelo líder espiritual a fazer uma limpeza espiritual. Durante o ritual, ele acabou tendo relação sexual com a mulher. O homem cobrava altos valores, um deles de R$ 3 mil. Além de seduzir pessoalmente as mulheres, o pai de santo também enviava mensagens sedutoras para as vítimas via WhatsApp.

Santana foi preso no sábado no templo quando se preparava para um ritual. Ele teve prisão preventiva decretada pela justiça. O líder espiritual ainda responde processo por assédio contra uma jovem, hoje com 20 anos, que relatou ter sido abusada aos 16 anos durante aula de música.O delegado Lages Filho pediu para que se houver outras vítimas ou testemunhas entrar em contato pelo WhatsApp da DDM, cujo número é (19) 3887-1701.

Outros casos

No primeiro semestre do ano passado, dois sacerdotes de Campinas foram acusados de usar a condição privilegiada de orientador espiritual para abusar de mulheres. Um deles, Domingos Forchezatto, 68 anos, foi encontrado morto no Rio Atibaia após ser acusado de abusar de uma frequentadora do templo. Ele tinha um terreiro no distrito de Barão Geraldo.

Outro criminoso, André Correa Lanzoni, que trabalhava em Sousas, foi condenado a 52 anos e seis meses de reclusão, além de indenização a algumas das vítimas. O Ministério Público (MP) acusou-o de praticar agressões sexuais contra sete vítimas "mediante fraude na forma qualificada, por ter o agente autoridade sobre a vítima, em continuidade delitiva"

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