EM SUMARÉ E SANTA BÁRBARA D’OESTE

Mais dois feminicídios na região ampliam estatística da violência

Ambas as vítimas eram mães, uma delas, de um bebê; um dos agressores está preso e o outro, foragido

Alenita Ramirez/ [email protected]
24/01/2023 às 09:33.
Atualizado em 24/01/2023 às 09:33
Luana de Souza Bezerra de Lima, de 29 anos, tinha uma filha de 5 anos, de outro relacionamento, e vivia com o acusado há quase um ano e meio (Reprodução/Rede social)

Luana de Souza Bezerra de Lima, de 29 anos, tinha uma filha de 5 anos, de outro relacionamento, e vivia com o acusado há quase um ano e meio (Reprodução/Rede social)

Duas mulheres, uma de 25 anos e outra de 29, foram assassinadas pelos seus companheiros neste final de semana em Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré, respectivamente. As duas eram mães, inclusive, uma delas de um bebê de dez meses. Em um dos casos, o suspeito se entregou, enquanto no outro caso, está foragido. 

No primeiro caso, o casal vivia um relacionamento descrito como conturbado devido a ciúmes. A vítima foi atingida com ao menos sete facadas e chegou a ser socorrida ao Pronto Atendimento Edson Mano, porém, não resistiu aos ferimentos e morreu. No segundo caso, o corpo da vítima foi encontrado por um tio. O casal estava separado há 15 dias, em razão de brigas por causa do uso excessivo de bebidas e entorpecentes por ele.

Primeiro caso

O primeiro feminicídio aconteceu na noite do sábado, no Jardim Bela Vista, em Sumaré. Entretanto, o corpo da vítima somente foi encontrado pela família na manhã de domingo (22). Luana de Souza Bezerra de Lima, de 29 anos, tinha uma filha de cinco anos, de outro relacionamento, e vivia com o suspeito há quase um ano. Segundo a mãe de Luana, a licenciada Maria de Fátima de Souza, de 49 anos, há dois meses que o casal estava separado a pedido da filha, embora o agressor insistisse em retomar a convivência marital. “Ele havia prometido mudar e deixar de beber, mas ficou apenas uma semana sóbrio e voltou tudo de novo. Ele ficava agressivo e a gente evitava ir à casa dela para evitar confusão”, contou Maria. 

A família acredita que o crime tenha ocorrido durante o dia, no sábado. A jovem foi asfixiada e o corpo estava na cama do ex-casal, na casa onde o casal vivia, pelo tio de Luana, na manhã de domingo, após a família tentar contato com a jovem várias vezes sem sucesso. 

“A última vez que a vi foi no sábado de manhã. Conversamos pelo portão. Cheguei a pegar na casa de um vizinho o cabo do celular dela e ela contou-me que o ex estava na casa dela, alegando que havia ido buscar a carteira esquecida lá. Falei ‘Fica com Deus, filha’ e sai. Pedi para que me ligasse, mas não ligou”, relatou a mãe.

Na casa da vítima, estavam uma carteira, com documentos, cartões bancários, cartão do SUS e comprovantes de registro ponto de uma empresa sediada na Chácara Monte Alegre. E ainda três carteiras de vacinação do ex-companheiro. Segundo Maria, revoltados, amigos e parentes publicaram a foto dele nas redes sociais e, no final da tarde de domingo, ele se entregou à polícia. “Não tenho palavras para expressar minha dor. Nunca imaginei que ele fosse matá-la, mas meu irmão sentia e me disse várias vezes isso”, disse Maria.

O ex-marido dela, pai da filha, tinha alugado um imóvel para a vítima, que se preparava para mudar. Em depoimento à polícia, o agressor alegou que Luana havia pego uma faca e o ameaçado e que, por isso, deu uma “gravata” nela e seguiu sufocando-a. Ele permanece preso.

Segundo caso

Em Santa Bárbara d’Oeste, Rafaela Cristina Barbosa da Silva, de 25 anos, foi morta com sete golpes de faca – tórax, cabeça e braço -, durante uma discussão com o companheiro, João Vitor Alcântara, de 22 anos. O feminicídio aconteceu na noite de domingo, na casa do casal, no bairro São Francisco. O suspeito fugiu com o carro da jovem, um Ford Ka, que foi localizado algum tempo depois no mesmo bairro, colidido contra uma árvore. 

O casal tinha uma filha de dez meses e morava junto há um ano e meio. Um irmão de Rafaela relatou para a polícia que ele tinha ciúmes e que o relacionamento era conturbado, marcado por brigas e agressões, inclusive ela havia pedido uma medida protetiva. 

Em agosto do ano passado, ele foi preso por lesão corporal, mas a jovem tinha dado uma nova chance ao agressor. Ela morreu quando era atendida no hospital. Neste ano, já são quatro o número de feminicídios na região. Em Campinas, foram registrados dois casos neste mês.

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