Porteira deixou a filha de 5 anos trancada em apartamento para ir beber no bar (Divulgação)
O delegado interino do 8º Distrito Policial (DP), Sandro Jonasson pediu a prisão temporária de uma porteira de 38 anos que foi detida em flagrante por abandono de incapaz anteontem à tarde em Campinas. Ela foi liberada na audiência de custódia na tarde de ontem. "A (prisão) preventiva foi pedida por conta de salvaguarda da ordem pública, em função da comoção social gerada pelo fato. A maternidade é uma dádiva que não deve ser deixada de lado por conta de uma 'saideira'", disse Jonasson.
A mulher deixou a filha de 5 anos trancada no apartamento onde moram, na Vila Renascença, região da Vila Padre Anchieta, no distrito de Aparecidinha, em Campinas, para beber cerveja. A criança ficou entre a noite da quartafeira e começo da tarde de anteontem sozinha, sendo resgatada por policiais militares após denúncia. A criança estava com fome, sede e assustada. Ela foi entregue aos cuidados da avó. A mãe foi achada em um bar com sinais de embriaguez.
Segundo o soldado Leandro Carvalho Santos, que resgatou a menina, a porteira mora no 3º andar de um prédio de um conjunto habitacional popular. As janelas não têm proteção. A criança estava no quarto, encolhida na cama, assistindo à TV. “Inicialmente, ela estava assustada e não queria conversa. Depois que foi gerado um ciclo de confiança, ela contou que acordou cedinho e a mãe não estava em casa. Então, ficou lá e que estava com fome”, relatou Santos.
O condomínio não tem portaria e para entrar no local os policiais tiveram que contar com a ajuda de uma moradora que liberou o acesso à equipe no prédio. Também os agentes tiveram a ajuda de outros moradores para abrir a porta do apartamento da mulher. “Achamos a mãe, por volta das 13h20. Ela disse que havia saído às 4h para tomar uma ‘saideira’, mas vizinhos afirmaram que a mesma tinha saído na noite anterior para assistir ao jogo (final da Copa do Brasil, jogo Flamengo e Corinthians), inclusive, vestia a camiseta da Ponte Preta”, contou o policial.
Mãe, filha, avó e uma testemunha foram levadas para a 2ª Delegacia da Defesa da Mulher (DDM). A mãe alegou que é uma boa mãe, mas que está desempregada e tem problemas com álcool.
O Conselho Tutelar foi acionado pela equipe da PM, desde o primeiro momento do resgate, mas, segundo o sargento Adriano Leite, o conselheiro não quis comparecer ao local e apenas orientou que a ocorrência fosse registrada.
Em nota, o conselheiro responsável pela região onde mora a criança informou que recebeu a ligação telefônica “de uma pessoa que se apresentou como policial militar, solicitando orientações sobre uma ocorrência de abandono de incapaz, sem detalhamento do caso” e questionou o agente sobre o estado dela e se havia algum parente no local que pudesse assumir os cuidados dela. “Foi respondido positivamente a essas duas questões, que a criança estava bem e que a mãe e a avó haviam chegado ao local” e que diante do relato foi orientado para que se seguissem os protocolos normais para ocorrências na delegacia.
Reincidência
Essa não foi a primeira vez que a criança esteve na 2ª DDM com a mãe. No dia 28 do mês passado, a mãe foi detida por maus-tratos ao ser flagrada com o namorado, segurando a filha no colo, debaixo da chuva, sem proteção. O casal estava embriagado e havia consumido drogas. A mãe chegou a cair duas vezes no chão com a menina no colo.