Ladrões de BMW ‘impressionam’ policiais

Policiais do 1º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep) descobriram na tarde de de segunda-feira (28), em Campinas, um esquema criminoso de adulteração de chassi de motos. Dois homens foram presos e três motos, sendo duas delas BMW, foram recuperadas e diversas peças, moldes, etiquetas e ferramentas apreendidas. O crime foi descoberto após denúncias de moradores, durante patrulhamento da equipe no Jardim Nossa Senhora de Lourdes, na região do bairro Nova Mercedes. No esquema, os bandidos furtavam os veículos, modificavam os sinais de identificação para os deixar com aparência de original e vendiam na internet por preços abaixo da tabela - uma BMW avaliada em cerca de R$ 60 mil, vendida por R$ 4 mil.

Pelo método dos criminosos, as motos furtadas eram levadas para um imóvel no bairro e escondidas em uma edícula nos fundos. No local, os bandidos usavam uma lixadeira esmerilhadeira para raspar a numeração original e deixar o espaço liso. Na sequência, os criminosos colocavam um molde de plástico vazado sobre a base lixada, com os novos códigos, e jogavam ácido para fazer a nova identificação e "esquentar" a motocicleta. Paralelo a isso, eles também trocavam as etiquetas que vêm no esquadro do veículo. "Essa forma de adulteração nos chamou muita a atenção, pois nunca vi algo semelhante. As peças das motos são metálicas e não comportam esse tipo de modificação. Os criminosos encontraram uma maneira de remarcar usando ácido e deixar a numeração adulterada no mesmo padrão da original", disse o sargento do Baep, Edil Rodrigo Soares, que participou da ação.

Os bandidos remarcavam as numerações tanto do motor como do chassi. Soares acredita que os criminosos mandam produzir os moldes em gráficas utilizando numeração identificadora de outras motos quentes. Após o esquentamento, os veículos são anunciados na internet, por preços extremamente abaixo do mercado.

As motos de alta cilindrada ou de luxo, avaliadas entre R$ 40 e R$ 60 mil, são comercializadas por cerca de R$ 4 mil, segundo revelaram aos policiais. Já as menores, de baixa cilindrada, vendidas em lojas por cerca de R$ 15 mil, após remarcadas, são vendidas por aproximadamente R$ 2 mil. "Quando não conseguem vender as motos pequenas, observamos no local que eles retiram as peças e as vendem", comentou o sargento, destacando sobre as peças de motos pequenas achadas no local e das ferramentas usadas pelos criminosos.

As três motos recuperadas estavam inteiras, sem adulteração do chassi. Todas elas eram produtos de furtos recentes em Campinas e região. Uma BMW foi furtada no domingo, em Hortolândia. O dono de uma BMW e de uma CG 160 Fan foram localizados e pegaram as motos. Uma delas, teve as peças trocadas, mas o chassi foi mantido.

Segundo Soares, a Polícia Civil vai investigar se a dupla presa está envolvida também no furto das motocicletas. Pelo esquema relatado, os bandidos cometem furtos, ou seja, localizam as motos alvos e mixam os veículos, sem a presença do proprietário e sem o uso de violência para pegá-los. A forma como os bandidos atuam, se em quadrilha ou não, também deverá ser investigada a partir de agora pela Polícia Civil. "Nos patrulhamentos no bairro, moradores anônimos que ajudam em nosso trabalho, nos informaram que havia pessoas em duas motos, uma XT e uma Titan pretas furtando motos por aí. Com as informações passamos a patrulhar na tentativa de achar essas motos. Ontem a tarde (de segunda-feira) passando em uma via vimos asmotos estacionadas na calçada em frente uma casa e dois homensmexendo nelas. As motos eram quentes, deles, mas vimos que ficaram nervosos quando foram abordados, pois olhavam o tempo todo para dentro da casa", contou o sargento.

O material e as motos apreendidas foram apresentadas no plantão da 2ª Delegacia Seccional, onde a dupla ficou à disposição da Justiça. Os dois têm passagem por receptação. Um deles, de 21 anos, foi preso pela mesma equipe do Baep, no final de janeiro deste ano, com um carro roubado no bairro San Martins, na região do São Marcos.