NAS REGIÕES DE CAMPINAS E PIRACICABA

Justiça aceita denúncia contra bando que rouba caminhonetes

Quadrilha, com 38 suspeitos, tinha como principais alvos os modelos Hilux e SW4 da marca Toyota

Alenita Ramirez/ [email protected]
19/01/2023 às 08:56.
Atualizado em 19/01/2023 às 08:56
Em um galpão, várias peças de caminhonetes de luxo foram descobertas: quadrilha causou prejuízo de R$ 157milhões (Divulgação)

Em um galpão, várias peças de caminhonetes de luxo foram descobertas: quadrilha causou prejuízo de R$ 157milhões (Divulgação)

O Tribunal de Justiça (TJ) acatou nesta semana a denúncia do Ministério Público (MP) contra 38 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha especializada em roubos e furtos de caminhonetes nas regiões de Piracicaba e Campinas. Desse total, apenas uma delas é uma mulher, que respondia pela contabilidade da organização e 25 deles estão presos. A denúncia, segundo o órgão, é resultado da “Operação Alto Luxo”, deflagrada pela Polícia Civil em novembro do ano passado, e acompanhada pela Promotoria de Justiça de Cordeirópolis, a 71 quilômetros de Campinas, contra o esquema de roubos e furtos desse tipo de veículo, em diferentes municípios. A quadrilha causou prejuízo de R$ 157,5 milhões. Com a decisão judicial, o grupo passa a ser réu no inquérito. 

A denúncia foi fundamentada pela promotora Aline Moraes e pelo analista jurídico Edmar Silva, apontando os vários crimes cometidos pelo grupo nas cidades de Piracicaba, Limeira, Cordeirópolis, Campinas, Indaiatuba, Rio Claro, Araras e São Carlos. 

De acordo com as investigações, os principais alvos da quadrilha eram as caminhonetes de luxo, nos modelos Hilux e SW4 da marca Toyota. Uma delas foi avaliada pela Promotoria em R$ 340 mil.

Também durante as apurações, ficou constatado que no primeiro semestre de 2022, na macrorregião de Campinas, foram registrados 416 furtos e 109 roubos de caminhonetes de luxo da marca Toyota, principalmente dos modelos de SUVs Hilux e SW4.

Em outubro do ano passado, o Correio Popular publicou reportagem, na qual o consultor em Segurança Ricardo Lopes mencionou uma média diária de cinco furtos ou roubos de caminhonetes Toyota Hilux em Campinas e região. Apenas em um dia, na média daquele período, três veículos desse modelo eram furtados. Na época, Lopes informou que 90% dos crimes contra esse tipo de caminhonete eram de furtos. 

Os ataques criminosos contra esses modelos de veículos aumentaram consideravelmente a partir do segundo semestre do ano passado. Tanto a polícia quanto o consultor em segurança informaram que essa constatação tem relação com o mercado paralelo que comercializa peças e a uma inovação da bandidagem, que descobriu uma brecha no módulo de partida para desbloquear o sistema de segurança e ligar a caminhonete sem o uso de chave. Com essa inovação, os ladrões levam de um a cinco minutos para levar o veículo. 

De acordo com a promotora de Justiça Aline Moraes, os denunciados formaram e integraram uma organização criminosa caracterizada pela divisão de tarefas, com objetivo de subtrair, seja mediante roubo ou furto, as caminhonetes, para abastecer desmanches e realizar a revenda delas, inserindo-as novamente no mercado consumidor como se fossem produtos lícitos ou novos.

As investigações constataram que a quadrilha alugava barracões, inclusive em Campinas, para sediar as atividades ilegais, sob o pretexto de que, no local, seriam realizados consertos de elevadores. Os criminosos ainda usavam documentos falsos nos contratos de locação e ficavam por cerca de um mês, para não levantar suspeitas da polícia. Além disso, deixavam os imóveis sem pagar o aluguel. Isso ocorreu nas cidades de Limeira, Araras, Campinas, Piracicaba, São Carlos e Indaiatuba, entre outras. 

O bando tinha nove núcleos em sua estrutura, divididos em diretoria, escolta, subtração, entrega, mecânica, fraude, transporte logístico, receptação e venda e destruição dos vestígios.

O MP ofereceu a denúncia contra o grupo diferentes crimes. Todos eles responderão por formação de quadrilha. Quatro ainda responderão por receptação, um por adulteração ou remarcação de sinal identificador de veículo automotor e outro ainda por exercer papel de comando no bando e uso de documento falso.

Alto Luxo 

Em novembro de 2022, as prisões da “Operação Alto Luxo” foram realizadas pela Promotoria de Cordeirópolis e equipes das delegacias de Cordeirópolis e de Investigações Gerais (DIG) de Limeira. Na época foram cumpridos nove mandados de prisão de suspeitos que já estavam presos e 14 de pessoas que estavam em liberdade, totalizando 23 presos temporários.

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