Delegado decide adiar o depoimento do acusado de latrocínio até que ele retome a sobriedade
O delegado responsável pelo caso, Luiz Fernando Oliveira e o delegado titular da DIG, Antônio Dota Júnior (Rodrigo Zanotto)
A Polícia Civil de Campinas obteve na Justiça a prisão temporária de Fabian Aparecido Cação Ribeiro, de 47 anos, suspeito de assassinar a facadas o passageiro Felipe Leandro, de 27 anos, na noite do último domingo, durante uma viagem da linha 637, que liga Campinas ao Jardim Picerno, em Sumaré. Até o final da manhã de sexta-feira (5), ele ainda não havia prestado depoimento por não estar sóbrio. A medida foi determinada pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) devido ao fato de o suspeito estar sob efeito de drogas no momento da prisão, impossibilitando a comunicação, além de não possuir residência fixa. Além disso, uma testemunha e os dois motoristas que foram vítimas de Ribeiro no dia confirmaram sua identidade como o autor do crime, sustentando assim o pedido de prisão temporária.
Ribeiro foi detido pela Guarda Municipal (GM) na manhã de quinta-feira (4), encontrado perambulando por uma rua do Jardim Eulina, mesma região onde ocorreram os ataques aos dois ônibus da mesma empresa, sendo que um deles resultou na morte do jovem. A ação ocorreu durante um patrulhamento de rotina no bairro, com o objetivo de localizar o suspeito. "Assim que recebemos as imagens do ônibus, reproduzimos fotos e as enviamos às forças de segurança da cidade. Tanto a Polícia Militar quanto a Guarda Municipal iniciaram buscas. Essa colaboração foi fundamental para a rápida resolução deste crime", afirmou o delegado responsável pelo caso, Luiz Fernando Dias de Oliveira.
De acordo com o delegado titular da DIG, Antônio Dota Júnior, as tatuagens em grande escala no antebraço direito do suspeito auxiliaram na identificação. Durante os ataques, Ribeiro levantou o braço direito em direção à câmera do ônibus, expondo escritos que ainda não foram decifrados, porém eram legíveis. Essas características, confrontadas pessoalmente, confirmaram sua identidade.
Ao ser detido, o suspeito já não exibia o bigode, porém seu cabelo permanecia inalterado desde o dia do crime. "Não há dúvidas de que seja ele", afirmou Dota.
Conforme relatado por Oliveira, no dia do ocorrido, o suspeito encontrava-se sóbrio e plenamente consciente de suas ações. Imagens fornecidas pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) da Estação Anhanguera, onde o suspeito embarcou, revelaram que entre as abordagens aos ônibus, ele colocou uma blusa sobre outra. No primeiro ônibus onde causou tumulto, foi flagrado vestindo uma camisa social, fato confirmado por filmagens da EMTU que o mostram circulando pela estação e adicionando camadas de roupa. "A câmera do ônibus captura tanto a imagem quanto o áudio. Quando ele se dirigiu aos motoristas, percebe-se uma rouquidão em sua voz", observou Oliveira.
O confronto em relação à fala ainda não foi realizado devido aos efeitos da droga. Segundo os delegados, o suspeito é usuário de crack. "Ele ainda não está em condições de prestar depoimento. Ao que tudo indica, no momento de sua detenção, ele havia acabado de consumir crack. Portanto, realizar um interrogatório formal ou um depoimento naquele momento poderia prejudicar as investigações. Contudo, a obtenção das imagens do circuito interno de ambos os ônibus pertencentes à mesma empresa foi extremamente relevante para o início das investigações", enfatizou Oliveira.
Os pais de Felipe Leandro compareceram à delegacia especializada e se comprometeram a acompanhar de perto o desenrolar do caso, buscando assegurar que a justiça seja feita e que o suspeito permaneça preso.
Ribeiro possui antecedentes criminais por diversos delitos, incluindo furtos, roubos, porte de drogas, e estava cumprindo pena em regime aberto por crime patrimonial desde junho de 2023.
As imagens divulgadas à imprensa mostram Felipe Leandro nos fundos do ônibus da linha 637 (Campinas x Picerno) quando flagrou o suspeito roubando dinheiro da caixa do coletivo, empunhando uma faca contra o motorista. O jovem se levanta, corre para a frente do veículo, salta a catraca e tenta dialogar com o agressor, que se vira e o ameaça. Inicia-se então uma luta corporal, culminando com Ribeiro desferindo um golpe fatal contra o jovem, que é socorrido por outros passageiros, incluindo uma enfermeira presente no coletivo.
As imagens são perturbadoras, mostrando a vítima ensanguentada e desfalecendo. O motorista prossegue sem parar em nenhum momento, acelerando o veículo na tentativa de conduzi-lo à unidade médica o mais rápido possível. Oliveira acredita que na próxima semana seja possível interrogar o agressor. Enquanto isso, o delegado aguarda a chegada de mais testemunhas à unidade, localizada no Jardim Amazonas, em Campinas, para fornecer mais detalhes sobre o crime e colaborar com as investigações.
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