NO BUSÃO

Jovens acusam PMs de agressão e injúria racial em Campinas

Grupo alega que não teve nada a ver com briga em escola

Do Correio Popular
13/05/2023 às 15:14.
Atualizado em 13/05/2023 às 15:14
Jovens acusam PMs de agressão e injúria racial (Reprodução)

Jovens acusam PMs de agressão e injúria racial (Reprodução)

Ao menos 14 adolescentes menores de 17 anos, acusam seis policiais militares, sendo duas policiais femininas, de agressão, preconceito e injúria racial. O grupo alega que as agressões aconteceram na noite da última quarta-feira, um dia após um adolescente de 15 anos, que havia furtado um boné de um colega de sala, ser agredido por um grupo de ao menos 40 jovens, na frente da Escola Estadual Elvira de Pardo Meo Muraro, no Jardim Florence, em Campinas. Segundos os menores, os policiais os acusaram de serem os agressores. Os adolescentes não registraram boletim de ocorrência com medo de represálias, mas pedem justiça. A agressão por parte dos militares foi gravada e enviada de forma anônima para o Correio Popular.

O espancamento teria acontecido após o fim das aulas, quando o grupo voltava para casa de ônibus. Segundo as vítimas, os policiais fizeram o motorista parar o coletivo, da linha 1.23 (Campo Grande/Terminal Ouro Verde), e obrigaram os adolescentes a descerem. Os socos, chutes e cacetetes teriam começado dentro do coletivo e se estendido de forma mais intensa fora do ônibus. "Havia vários passageiros, mas os policiais escolheram os que eram mais branquinhos para ficarem no ônibus, e nós, com pele mais escura, descer", contou um menor.

Ainda conforme os estudantes, os policiais chegaram a dizer palavras preconceituosas e racistas como "preto" e "favelados" e que "animais merecem ser melhores tratados". "Eu gostaria que isso (denúncia) chegue a outras pessoas que possam mudar essa forma de tratamento com a gente. Espero que outros alunos não sofram também nas mãos desses caras (PM´s)", disse um dos menores. Segundo eles, o espacamento só terminou depois que algumas garotas, colegas da escola começaram a chorar.

Primeira agressão

Segundo o grupo, o adolescente de 15 anos teria apanhado depois de ter tomado o boné de um colega na sala de aula. A vítima teria pedido o acessório de volta, mas o menor se recusou e ainda fez ameaças. Então o dono do boné chamou alguns colegas "valentões" para passar um corretivo no adolescente. "A gente estava do outro lado da rua, assistindo a briga. Os mesmo policiais que nos agrediram estavam no dia da briga e não fizeram nada. Eles viram a gente sabem que não estávamos envolvidos", disse outro menor.

Outro lado

Em nota, a Polícia Militar informou que os policiais abordaram um" indivuo" no interior de um ônibus, no bairro Jardim Florence e precisou usar de força policial para fazer a abordagem. "O 47º Batalhão de Polícia Militar do Interior (PM) apurará os fatos por meio de Inquérito Policial Militar e adotará todas as medidas legais decorrentes que o caso requeira".

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) disse que "veementemente é contra qualquer tipo de violência, dentro ou fora da escola e que as brigas ocorreram fora da unidade escolar, após o horário da saída e que a direção conversará com os estudantes identificados para compreender os fatos e mediar a situação, junto aos responsáveis".

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