Ela não é a única; em 2021, foram registradas mais de 4 milhões de tentativas de fraudes no Brasil
A jornalista com o aparelho que recebeu: “Meu conselho é: desconfie de preços muito abaixo do mercado” (Gustavo Tïlio)
Basta uma simples navegada pelas redes sociais para encontrar anúncios de todo tipo de produto - de caminhões a eletrodomésticos. E, acredite, até mesmo de ilícitos. Em geral, os preços são bem atrativos. E como os consumidores de plantão, que gostam de aliar a comodidade ao preço camarada, recorrem às compras virtuais, a bandidagem encontra um terreno fértil para aplicar os mais diversos golpes.
Dados da Serasa Experian mostram que, em 2021, foram registradas mais de 4 milhões de tentativas de fraudes no Brasil no ambiente virtual, alta de 16,8% em relação a 2020. Isso mostra que, a cada sete segundos, há uma tentativa de fraude no país. De acordo com a companhia de segurança digital Kaspersky, o Brasil está entre as nações que mais sofrem com ataques de mensagens fraudulentas no mundo.
Um deles, que ganhou notoriedade na região nos últimos meses, é o do intermediador. Nele, os golpistas clonam um anúncio e o republicam, substituindo os dados de contato por outros. O primeiro telefone é de uma pessoa que se apresenta como proprietária daquele objeto anunciado. Quando o interessado entra em contato com ela por mensagem, o falso vendedor direciona para um intermediador, que realizará a negociação da transação. E é aí que acontece a “falsa” venda.
Em alguns casos, o produto existe. E tanto o dono do material anunciado quanto o comprador ficam no prejuízo. Em outros, o golpista até entrega um produto, geralmente de baixo valor, que não é igual ao anunciado na web. Após o pagamento, somente via PIX, eles somem das redes sociais.
Na última quinta-feira, a jornalista Luciana Yurie, de Campinas, perdeu R$ 3,6 mil ao comprar um iPhone 12 Pro Max anunciado em um mercado virtual da plataforma do Facebook. A jornalista se interessou pelo aparelho usado ao ver que ele estava com o preço próximo ao comercializado no mercado. Assim, ela fez contato com o anunciante, que a direcionou para um intermediador. Este deu informações do aparelho e combinou um local para a conclusão da venda.
O encontro foi em um posto de combustível, em uma região movimentada. Luciana chegou a levar seu notebook, que é dotado de um programa que faz checagem, para avaliar se o celular tinha sofrido alguma queda ou substituição de peças - situações que não se confirmaram.
“Ele apresentou nota fiscal e o aparelho me pareceu verdadeiro. Realizei o pagamento por PIX para uma conta registrada com um e-mail. Fui para casa e vi que o aparelho estava lento. Decidi resetar para ver se tinha algum problema. Quando estava atualizando os dados, percebi que se tratava de um celular Android e não um iPhone. Na hora não acreditei. Achei que estava com problemas. Entrei em contato com o vendedor, mas ele me bloqueou. Também entrei em contato com o banco virtual, entretanto, orientaram que eu registrasse um boletim de ocorrência. Fiz o registro pela internet, mas o sistema está com problema”, contou a jornalista que luta para reaver o valor pago no aparelho.
de preços muito abaixo do mercado, verifique o IMEI do celular no site do fabricante e não faça negócios apressadamente. Esses golpistas sabem que as pessoas estão na correria do dia a dia e também quais são os itens mais desejados pela maioria”, acrescentou.
Luciana não foi a única que caiu no golpe do intermediador. Entre julho e agosto, diversos consumidores de Americana registraram boletim de ocorrência denunciando o golpe. Em um dos casos, um homem de 50 anos, morador do bairro Vila Santa Catarina, perdeu R$ 20 mil ao comprar uma Ecosport pelo mesmo mercado virtual que Luciana.
A vítima viu o anúncio da venda do carro pelo valor de R$ 21 mil e se interessou, passando a conversar na rede social com uma pessoa que se identificou como o irmão do dono do veículo. A vítima chegou a ver o carro e acreditando que o golpista era quem dizia ser, fechou o negócio. Quando foi retirar o veículo com o verdadeiro dono, descobriu que tinha sido enganado.
O dono do carro realmente anunciou o carro em uma plataforma de vendas pelo preço de R$ 36,5 mil e não no Facebook por R$ 21 mil. “Esse tipo de golpe aumentou muito por conta do uso de equipamentos eletrônicos, computadores, redes sociais e celulares.
Os criminosos aproveitam para ludibriar as pessoas. Não existe mágica. Se vir um preço muito baixo, desconfie. Não faça pagamento por PIX. Antes de negociar, busque saber quem é o anunciante. Controle a ansiedade de compra e pesquise em sites seguros. Se assegura de que as contas fornecidas sejam realmente da pessoa que está vendendo o produto”, orientou o chefe de investigação da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Marcelo Hayashi.